sexta-feira, 29 de maio de 2020

O Plano São Paulo e o fim gradual do isolamento, por Luis Nassif






Mesmo assim, não aposte em volta rápida ao trabalho. Os últimos indicadores da pandemia, divulgados na noite de ontem, mostram a doença em evolução.
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28/05/2020


O governo de São Paulo anunciou um programa de saída gradativa do isolamento. É um programa polêmico, avalizado por um conselho de 18 especialistas de renome, mas com ressalvas dos médicos do conselho. O estado seguiu a lógica recomendada por Armínio Fraga: é hora de começar a planejar, não de iniciar a saída.

De fato, há um conjunto objetivo de 6 indicadores a serem seguidos para classificação das diversas regiões do Estado para fim gradativo do isolamento.
Três indicadores são do lado da saúde:  dados da disseminação da doença, capacidade do sistema de saúde e testagem e monitoramento da transmissão; Outros três indicadores são do lado econômico: protocolos e vulnerabilidade econômica, considerando a vulnerabilidade de cada setor; adesão da população às restrições sociais e definição por região e cidade das medidas de retomada.
Para cada um desses itens foram definidos indicadores objetivos.

A partir da soma dos indicadores, as regiões serão divididas em 6 fases:

Fase 1 – alerta máximo
Fase 2 – Controle
Fase 3 – Flexibilização
Fase 4 – Abertura parcial
Fase 5 – Normal controlado.

Mesmo assim, há vários indícios de que houve uma pressa indevida. Um dos indícios foi a falta de negociação com as demais cidades, especialmente na Grande São Paulo. A doença não respeita fronteiras municipais. Flexibilização do isolamento em São Paulo desvia compras de Guarulhos, por exemplo. A ida de moradores de Guarulhos a São Paulo traz riscos de contaminação a São Paulo, e vice-versa. Mesmo assim, as medidas foram anunciadas sem consulta às demais cidades e regiões.

Ou seja, sem analisar impactos de medidas sobre fluxo de pessoas, sobre substituição de comércio, nãos e terá eficácia. Abre-se São Paulo pela redução da contaminação – que ainda não ocorreu. E expõe-se a população à vinda, para a cidade, de pessoas contaminadas de outros locais.
Os últimos indicadores da pandemia, divulgados na noite de ontem, mostram a doença em evolução.

Em relação aos casos acumulados, tomando-se por base a média dos últimos 7 dias em relação ao mesmo período de dez dias atrás, percebe-se a pandemia em plena evolução, tanto em relação ao número de óbitos, quanto ao número de casos.




Quando se analisa São Paulo, há uma estabilização no crescimento – o que não permite grandes comemorações, porque prossegue o crescimento. Os casos diários continuam crescendo a uma taxa superior a 3% ao dia. E o número de casos em relação ao Brasil permanece acima de 40%. Em 30 dias, o acumulado de casos em São Paulo bateu em 312% de crescimento.


A média de óbitos nos últimos 7 dias, em comparação com 10 dias atrás continua elevada. Embora a curva de crescimento de São Paulo esteja menor que a média nacional, ainda assim o aumento foi de 40 no número de óbitos e de 44% no número de casos.

Por todos esses dados, o isolamento ainda demorará, com impactos objetivos na atividade econômica e no emprego.


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