quarta-feira, 21 de novembro de 2012

DELENDA EST LULA ET PT


Os adversários de sempre do PT e da esquerda, e alguns novos inclusive situados na esquerda, que eventualmente apoiaram ou participaram de algum modo em governos do PT, estão empenhados em demonizar esse partido, passando a atribuir a Lula e seus companheiros a maior parte da corrupção e favorecimentos a grupos privados ou ao capitalismo em geral nos últimos anos.

No processo essas pessoas, armadas de uma indignação seletiva, parece quererem matar, extinguir o PT. Como Catão pregava para o Senado Romano a necessidade de destruir Cartago, Delenda est Cartago O motivo para Catão era a necessidade de enfrentar um rival poderoso da Roma, com o Império ainda expansão. Roma enfrentou, e no fim das três guerras Cartago foi não somente destruída, mas totalmente arrasada, à maneira de um bom bombardeio moderno.

Lembra um pouco (um pouco só) o que ingenuamente acreditávamos todos os que lutávamos de algum modo contra a longa ditadura civil e militar de 1964 a 1985. Com liberdade, e depois derrotando nas urnas os partidos conservadores e reacionários, estaria aberto o caminho para um Brasil mais livre, soberano, mais rico e mais justo, livre dos políticos da ditadura. Ou seja, destrua-se a ditadura, tudo florescerá. Apesar de você...

Não aconteceu assim, nem era para acontecer assim, porque as sociedades humanas são feitas de pessoas munidas de insuficiências e de caráter corrompível, este de várias formas, inclusive a corrupção dos que enriquecem e dos que se desviam do bem público para cultivar o próprio prestígio e poder.  A correlação das forças políticas nunca permitiu, e continua impedindo, que o uso da máquina do Estado e da riqueza pública seja submetido exclusivamente ou mesmo apenas majoritariamente a critérios republicanos. Os privilegiados permanecem enquistados em todas as instâncias de poder.

Se o PT acabasse, o que passaria a ocupar seu espaço? Porque movimentos como o MST, e sindicatos de professores, muito críticos, com razão, do governo federal, não se juntaram à oposição política e se recusam a aderir ao coro orquestrado de desconstrução do PT e do lulismo?

Não basta derrotar os maus para que os bons assumam. É preciso que haja bondade em quantidade razoável, tanto entre os nossos como entre os vossos. É preciso que os que atuam na política – políticos, jornalistas, empresários, sindicalistas, a embaixada, concordem em não usar jogo sujo. E vigiar para que quem tenha oportunidade, não a use para roubar ou usurpar poder das pessoas comuns.  Todo poder gera abuso, e nenhum cargo santifica ninguém, quem abusa deve ser combatido, mas o principal inimigo é a tirania. Tirania do poder concentrado, tirania do pensamento único, tirania dos fundamentalismos. Tirania do racismo, da reação contra a difusão da cultura, da reação contra a ascensão dos grupos sociais até hoje marginalizados.

O PT deixou de ser o instrumento da emancipação que muitos de seus componentes iniciais esperavam. Talvez a característica de conciliação entre interesses, encarnada por Lula, tenha definido desde o início que não o seria. Tornou-se parte da elite conservadora que dirige o Estado. Isso significa que se tornou inimigo da emancipação?  Que criminaliza os movimentos populares e os sindicatos?  Perdeu um bocado de relevância ao renunciar a enfrentar os interesses do capitalismo financeiro, que defendem juros altos, a gestão desregulamentada por grupos privados dos serviços públicos, a entrega das rendas provenientes da extração de recursos naturais valiosos à exploração para outros grupos privados. De qualquer maneira, o PT podia enfrentar a todos?

Como disse Raimundo Rodrigues Pereira (veja o vídeo),no caso do “mensalão” o PT está sendo atacado não pelos seus erros, mas por uma iniciativa jurídica que não se sustenta, em que o Supremo Tribunal Federal mais uma vez atuou não de acordo com as práticas jurídicas mas seguindo outros poderes, ou seja, a mídia comercial e seus partidos políticos. Outras vezes em que o STF abriu mão de ser independente foram o caso em que negou habeas corpus a Olga Benário que estava sendo deportada grávida para ser morta na Alemanha Nazista, e a declaração falsa de presidência vaga por João Goulart  no golpe de 1964, como lembrou Fernando Morais.

Os “erros” do PT incluem a traição aos objetivos de pessoas e grupos que ajudaram a fundar e fazer crescer, e já não cabem neste post.  Talvez no próximo.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Sobre o mensalão

O STF funcionou mais ou menos como os congressos de Honduras e do Paraguai que fizeram os impeachment dos presidentes desses países. Ao seguir a pauta da grande mídia, ao aceitar uma teoria construída sem provas sobre um crime eleitoral (que já havia sido cometido nas mesmas condições pelo PSDB, que saiu ileso), ao adotar sob medida uma doutrina nova no Brasil, a do domínio de fato, ao acertar o calendário  do julgamento para influir nas  eleições. Parece que os golpes militares estão meio em desuso nos últimos tempos e vão sendo substituídos por outros tipos de ações. Não tenho qualquer afinidade política com o José Dirceu, sou adversário da política conciliatória do PT, mas este julgamento foi,  sim de exceção, foi, sim, parcial contra o PT. Para um arrazoado mais ordeiro contra esse circo da mídia e esse julgamento, veja http://cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=1135. Veja também as matérias de Ladislau Dowbor sobre dinheiro e corrupção na Agência Carta Maior.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A série de postagens do professor Ladislau Dowbor conceitua e explica o que é corrupção de verdade. Está no site Agência Carta Maior. Aqui

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Pois,

Este link ajuda a entender um pouco mais porque sempre fomos contra a privatização, praticada no Brasil pela elite dirigente em proveito do poder financeiro, e obedecendo os ditames dos Estados Unidos via FMI. Os piores crimes da privataria tucana não foram as propinas, as fortunas amealhadas, as contas em paraísos fiscais, mas os prejuízos aos consumidores brasileiros, e a entrega de decisões de interesse público para empresas que usam seu poder de monopólio exclusivamente para fazer dinheiro para si - e defender suas posições na grande imprensa e na grande mídia. No Brasil, chegamos à piada de mau gosto de entregar a empresa de transmissão de energia do Estado de São Paulo a uma estatal colombiana.