sexta-feira, 31 de julho de 2015

GRÉCIA: UMA CRÍTICA AO GOVERNO DO SIRIZA, POR PERRY ANDERSON

Do Opera Mundi

O desastre grego


Sobre a crise na Grécia e a falha do Syriza em resistir à zona do euror
A crise grega provocou uma mistura previsível de indignação e autossatisfação na Europa, alternativamente lamentando a dureza do acordo imposto sobre Atenas ou celebrando a retenção de último minuto da Grécia dentro da família europeia, ou as duas coisas ao mesmo tempo. Cada uma é mais fútil que a outra. Uma análise realista não dá espaço para nada disso.
Que a Alemanha é uma vez mais o poder hegemônico no continente não é novidade em 2015: isso está claro por pelo menos vinte anos. Nem a transformação da França em sua serva, em um relacionamento diferente daquele da Inglaterra e os Estados Unidos, uma novidade política: desde de [general Charles] De Gaulle [que governou a França entre 1959-1969], os reflexos da classe política francesa reverteram para aqueles no começo dos quarenta anos de idade, não apenas em acomodação, mas em admiração ao poder supremo do dia, primeiro Washington e depois Berlim.
Menos ainda é surpresa o resultado atual da união monetária. Desde o começo, os benefícios econômicos da integração europeia – dados como certos pela opinião bien-pensant ao redor do mundo – eram muito modestos.
Em 2008, a estimativa mais cuidadosa, de dois economistas favoráveis à integração, Barry Eichengreen e Andrea Boltho, concluiu que poderia aumentar o PIB do mercado comum em 3-4 % do final dos anos 50 até a metade dos anos 70; que o impacto do Sistema Monetário Europeu era inútil; que o Ato Único Europeu poderia acrescentar 1%; e que a união monetária tinha quase nenhum efeito discernível tanto na taxa de crescimento quanto no nível de produção.
Isso foi antes de a crise financeira global atingir a Europa. Desde então, notoriamente, a camisa de força da moeda única foi tão desastrosa para o sul do Mediterrâneo da União Europeia (UE) quanto foi vantajosa para a Alemanha, onde a repressão salarial – que mascara um crescimento muito baixo de produtividade – deu à indústria alemã a faca e o queijo na mão dentro da UE. Em relação a taxas de crescimento, uma olhada sobre a performance econômica da Inglaterra ou da Suécia desde o [Tratado de] Maastricht é suficiente para mostrar o quão vazio é o argumento de que o euro foi particularmente abençoado para qualquer país fora seu principal arquiteto.
Essa é a realidade da “família Europeia” conforme construída pela união monetária e o Pacto de Estabilidade. Sua ideologia não foi afetada. No discurso oficial e intelectual, a UE assegura a paz e a prosperidade do continente, banindo o espectro de conflito entre as nações, defendendo os valores de democracia e direitos humanos e confirmando os princípios de um mercado livre temperado, no qual qualquer outra liberdade, em última análise, é baseada. Suas regras, embora firmes, são flexíveis; seus motivos conciliam solidariedade com eficiência.
Por causa da sensibilidade formada por essa ideologia – compartilhada pela instituição política europeia, e a imensa maioria dos comentaristas e jornalistas – os sofrimentos da Grécia foram dolorosos de observar. Mas no final, o bom senso prevaleceu, um acordo foi firmado e todos devem dividir a esperança de que nenhum dano irreparável tenha sido feito à UE.
Depois da vitória eleitoral do Syriza em janeiro, o curso tomado pela crise na Grécia também foi previsível, talvez com uma última virada que não poderia ser prevista. As origens da crise residem na combinação da fraude perpetrada pelo Pasok [Movimento Socialista Pan-Helênico] sob Kostantinos Simitis para ser qualificada a entrar na zona do euro, e o impacto da crise global de 2008 na fraca – endividada e não competitiva – economia grega.
Desde 2014, pacotes sucessivos de austeridade – que foram antes chamados de “planos de estabilização” – foram infringidos sobre a Grécia, ditados pela Alemanha e pela França, cujos bancos estavam mais ao risco de um calote grego, mas implementados pela Troika da Comissão Europeia, o Banco Central Europeu, e o Fundo Monetário Internacional, supervisionando-os no local.
Cinco anos de desemprego massivo e cortes de benefícios depois, a dívida grega tinha apenas subido mais. O Syriza ganhou a eleição porque prometeu, com muita retórica inflamada, colocar fim à submissão da Grécia ao comando da Troika. Iria “renegociar” os termos da tutela do país na Europa. Como pretendia fazer isso? Simplesmente pedindo por um tratamento melhor, e xingando quando não dava certo – pedidos e xingamentos igualmente atrativos para os elevados valores da Europa, aos quais o Conselho Europeu certamente não permaneceria surdo.
Incompatível com esses desabafos, que misturavam súplicas e pragas, estava, doloroso desde o início, qualquer pensamento de desistir do euro. Havia duas razões para isso. De perspectiva provinciana, a liderança do Syriza encontrou dificuldade em fazer qualquer distinção mental entre ser parte da UE e da zona do euro, tratando a saída de uma como se significasse a expulsão virtual da outra: o maior pesadelo para qualquer bom europeu, como eles se acreditavam.

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Eles também estavam conscientes de que os padrões de vida dos gregos – lubrificados com taxas baixas de juros trazidas pela convergência dos spreads em toda Europa; acimada com Fundos Estruturais – tinha verdadeiramente aumentado durante os anos Potemkin de Simitis, deixando memórias populares calorosas em relação ao euro, que não conectavam as subsequentes misérias a ele. O Syriza não tentou explicar a conexão. [O primeiro-ministro grego Alexis] Tspiras e seus colegas garantiram a todos que podiam ouvir que, pelo contrário, não se levantaria a questão de abandonar o euro.
Com isso, eles abandonaram qualquer esperança séria de barganhar com a Europa real – não a sua terra de sonhos. Em 2015, o perigo de uma saída de Grécia era economicamente muito menor do que teria sido em 2010, porque agora os bancos alemães e franceses já foram pagos com o resgate nominalmente enviado à Grécia. Apesar da conversa alarmista residual aqui e ali, o ministro das Finanças alemão, há algum tempo, e com boas razões, negou qualquer consequência material dramática de um calote grego.
Mas para a ideologia europeia, à qual os governos da zona do euro subscrevem, o golpe simbólico à moeda única – de fato, na linguagem corriqueira típica, ao próprio “projeto europeu” – seria doloroso, um revés que era necessário evitar. Se o Syriza tivesse colocado na jogada, desde que foi eleito, planos de contingência para um calote programado – preparando os controles de capital, a questão de uma moeda alternativa e outras medidas de transição que precisariam ser impostas da noite para o dia, para não acontecer uma desordem – e ameaçado a UE com uma, teria tido uma arma de barganha em suas mãos.
Se tivesse ainda deixado claro que no caso de um calote, poderia tirar a Grécia da OTAN, até Berlim teria pensado duas vezes sobre um terceiro pacote de austeridade, encarando o pavor norte-americano de tal prospecto. Mas para os Cândidos do Syriza, isso era naturalmente ainda mais tabu que o pensamento de uma saída da Grécia. Então, confrontados com um peticionário alternando entre suplicar e abusar deles, sem uma carta na manga, por que os poderes europeus deveriam fazer alguma concessão, sabendo de antemão que qualquer decisão que tomassem seria aceita?  De seu lugar, eles se comportaram bastante racionalmente.
Agência Efe

Armado com um retumbante “não”, Tsipras voltou de Bruxelas tendo proferido um envergonhado “sim”
A única virada em uma crônica que era tão patentemente predita veio quando o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, desesperado, pediu um referendo sobre o terceiro memorando apresentado para o país, e a grande maioria do eleitorado grego o rejeitou. Armando com esse retumbante “não”, Tsipras voltou de Bruxelas tendo proferido um envergonhado “sim” para um quarto e ainda pior memorando, dizendo que ele não teve alternativa porque os gregos estavam presos ao euro.
Nesse caso, por que não perguntar no referendo – você aceitaria qualquer coisa, desde que o euro fosse mantido? Ao pedir “não” resoluto acontecesse, e dentro de uma semana demandar um “sim” submisso, o Syriza virou a casaca com uma velocidade nunca vista desde que os créditos da guerra eram financiados pela socialdemocracia europeia, em 1914, mesmo que dessa vez uma minoria do partido tenha salvado sua honra.
No curto prazo, Tsipras vai certamente florescer das ruínas de suas promessas, como – a mais óbvia comparação estrangeira – o líder do Partido dos Trabalhadores Ramsay Macdonald fez uma vez na Grã-Bretanha – levando o governo nacional composto de conservadores e impondo a austeridade durante a Depressão, antes de ser enterrado no desprezo de seus contemporâneos e da posteridade. A Grécia teve sua cota de figuras como essa. Pouco esqueceram de Stefanos Stefanopoulos da Apostasia de 1965. O país, certamente, vai ter que viver com mais um desses.
E qual a lógica maior da crise? Como todas as pesquisas de opinião mostram, a ligação à UE tem diminuído acentuadamente na última década, em todo lugar e por bons motivos. É agora largamente vista pelo que se tornou: uma estrutura oligárquica, crivada de corrupção, construída sobre a negação de qualquer tipo de soberania popular, reforçando um amargo regime econômico de privilégios para poucos e aperto para muitos.
Mas isso não significa que está enfrentando um perigo mortal vindo de baixo. A raiva está crescendo na população. Mas o medo ainda a ultrapassa muito. Em condições de insegurança crescente, mas perto de uma catástrofe, o primeiro instinto será sempre se segurar ao que existe, por mais repelente que seja, em vez de arriscar o que poderia ser radicalmente diferente. Isso vai mudar somente se, e quando, a raiva for maior que o medo. Nesse momento, aqueles que vivem com medo – a classe política na qual Tsipras e seus colegas agora entraram – estão seguros.
(*) Perry Anderson faz parte do corpo editorial do New Left Review.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

QUOUSQUE TANDEM, BANQUEIROS E FINANCISTAS ASSOCIADOS?

Até quando vão nos roubar no atacado, enquanto açulam a patuleia contra os ladrões menores para desviar a atenção? Artigo publicado na Carta Maior


Dívidas, dúvidas e mais dívidas

O Brasil alocou ao longo de 12 anos e meio o equivalente a R$ 2,5 trilhões de juros apenas para o pagamento de juros da nossa dívida pública federal


Antonio Cruz/ Agência BrasilPaulo Kliass*

“hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar, tanto mais vivo de vida mais vivida,dívidas e dúvidaspra lá e pra cá”
(adaptação livre de Back in Bahia, de Gilberto Gil)

Dentre os muitos documentos divulgados periodicamente pelo Ministério da Fazenda (MF), nos últimos tempos começa a ganhar maior atenção e relevância o “Relatório Mensal da Dívida Pública Federal”. A elaboração do material é de responsabilidade da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e traz informações relevantes a respeito do comportamento e da evolução relativos ao processo de endividamento público em nossas terras.

O número mais recente encerra as estatísticas de junho, apresentando um estoque total da dívida pública federal no montante de R$ 2,58 trilhões. Esse valor significa uma elevação de 3,5% sobre o nível apurado no mês imediatamente anterior. Apesar de representar um crescimento mensal expressivo, não se recomenda fazer avaliações muito conclusivas levando em conta apenas essas oscilações de curtíssimo prazo. Há variações causadas por movimentos de compra e venda de títulos antigos ou por colocação de novos papéis em operações junto ao mercado, de maneira que o mais indicado é utilizarmos os dados numa perspectiva de longo prazo.

De maneira geral, a observação do comportamento da dívida pública é importante para a análise da natureza de sua evolução e também da capacidade de o Estado brasileiro cumprir com tais obrigações. Além disso, no período recente a questão passou a ser mais comentada em razão da obstinação dos responsáveis pela política econômica para com a geração de excedente fiscal em níveis extorsivos. Como sabemos, a malandragem embutida no conceito de superávit primário envolve um esforço a ser realizado sobre as contas públicas, de forma a assegurar um saldo positivo entre as receitas e as despesas ditas “reais”, com o intuito de que tais recursos “sobrantes” sejam direcionados para o pagamento de despesas financeiras. Afinal, para bem atender às necessidades do financismo, esses gastos são intocáveis. Recomenda-se o corte em saúde, educação, previdência sócia, novos investimentos e outros. Mas os recursos do orçamento da União alocados para o pagamento de juros e serviços da dívida - aí também é pedir demais, não? Esses não podem ser mexidos!

Superávit primário para reduzir a dívida?

Um dos argumentos mais utilizados pelos defensores dessa medida concentradora de renda é que o esforço para conseguir o superávit primário se revela importante para que o Brasil não venha a sofrer um processo de crescimento descontrolado de sua dívida pública. Interessante, não? O raciocínio pode até fazer sentido para quem não acompanha os detalhes operacionais das nossas finanças públicas. Os exemplos sempre lançados de forma simplória a respeito da economia do indivíduo, da família ou da empresa demonstram que, caso os juros da dívida não forem pagos, o valor do principal da mesma tende a subir. Ocorre que Estados soberanos têm outra lógica de funcionamento e podem lançar mão de outros artifícios no campo da economia. Por exemplo, conseguem emitir títulos, podem imprimir moeda, conseguem operar com reservas internacionais, entre outros. Mas há situações em que seus governantes cumprem religiosamente tudo aquilo que lhe foi ordenado pelo establishment do sistema financeiro e, mesmo assim, não conseguem resolver a questão.

O caso mais gritante dessa contradição atualmente é o da Grécia. Mas como já alertei emartigo anterior, temos algumas características semelhantes àquele país. E o Brasil não fica muito atrás nesse quesito de obedecer cegamente ao ditame do financismo e não lograr os resultados que a terapia severa vem prometendo há muito tempo. Senão, vejamos.

Os dados relativos à evolução de nossa dívida pública demonstram que ela vem crescendo de forma sistemática ao longo dos últimos anos. O boletim consolida as estatísticas das parcelas interna e externa da dívida. Como as informações são apresentadas em reais, o mais correto é atualizar os números por meio do índice de preços que a própria STN sugere. Assim, percebemos que os valores em dezembro de 2002 correspondem a R$ 1,31 trilhão a preços atuais. Cinco anos mais tarde, em dezembro de 2007, o valor total da dívida havia subido para o montante de R$ 2,09 trilhões também a preços de hoje. Passado mais um quinquênio, a dívida total estava na marca de R$ 2,39 trilhões. E finalmente hoje ela registra um recorde de R$ 2,58 trilhões.


    * Em R$ bilhões de jun/2015

Ora, se o raciocínio exposto mais acima fosse correto, uma das razões para o crescimento da dívida teria sido o não pagamento de juros ou um grande crescimento de dívida nova, em razão de investimentos ou coisa do gênero. Afinal, como explicar que o endividamento tenha praticamente dobrado (em termos reais, com valores atualizados monetariamente) do final de dois mandatos de Lula, o primeiro de Dilma e mais esse início de seu segundo mandato?

As dúvidas sobre as dívidas tornam-se ainda mais complexas quando se introduz a evolução do superávit primário ao longo de todo esse período. È bastante conhecida a opção pela famosa Carta aos Brasileiros, quando o candidato Lula em 2002 assegurava às chamadas “forças do mercado” que não mexeria na essência da política econômica que vinha sendo desenvolvida pelos tucanos, desde o Plano Real em 1994. E uma das pedras de toque do arcabouço do neoliberalismo era a garantia do pagamento de juros e serviços da dívida.

Pagamento de juros: R$ 2,5 trilhões desde 2003.

Pois bem, o recém-nomeado Ministro da Fazenda, Antonio Pallocci, anunciava, em fevereiro de 2003, que não apenas manteria o espírito da política do período de Pedro Malan, como ainda aumentaria o superávit primário de 3,75% para 4,25% do PIB. Uma loucura! Uma demonstração de bom-mocismo para afagar a alma do financismo. E de lá prá cá, o compromisso de gerar esse excedente fiscal anualmente, para honrar os compromissos financeiros da dívida pública, foi mantido de forma rigorosa. Os índices e os valores variaram a cada ano, mas o fato é que a sociedade brasileira continuou sendo submetida a um regime de extorsão de suas riquezas, que são direcionadas para uma atividade completamente parasita e amplificadora do modelo concentrador de renda e marcado pela desigualdade.

E o grande paradoxo de todo esse esquema é que o Brasil alocou ao longo desse período todo (12 anos e meio) o equivalente a R$ 2,5 trilhões de juros apenas para o pagamento de juros da nossa dívida pública federal. Não, você não leu errado, não! O número é esse mesmo: R$ 2,5 trilhões transferidos à esfera do financeiro! As informações estão disponíveis no documento “Resultado do Tesouro Nacional”. Ou seja, por aqui também se confirma o drama perverso da armadilha da dívida. A política econômica implementada pelos sucessivos governos foi concebida para cumprir os compromissos assumidos junto ao sistema das finanças. Um volume mastodôntico de recursos públicos deixou de ser investido em áreas estratégicas do setor público, condição essencial para viabilizar qualquer projeto sério de desenvolvimento nacional. E ainda assim, o País vai atravessando esse ciclo todo com o montante de dívida sendo multiplicado por 2.

É urgente a mudança de modelo, para que a sociedade não continue refém de um regime que exige a extração de recursos vultosos para poucos e oferece quase nada em termos de políticas públicas voltadas para a grande maioria.

* Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.

ACHO QUE JÁ COLOQUEI ESTE TEXTO...

de Paulo Villaça, mas acho que é bom repetir. Do Diário do Centro do Mundo.


Texto que ironiza a forma como a mídia trata a crise viraliza nas redes sociais

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Viralizou nas redes sociais um post no facebook em que o crítico de cinema Pablo Villaça ironiza a forma como a mídia noticia a crise econômica. Você pode ler abaixo.
APESAR DA CRISE
———————
Eu fico realmente impressionado ao perceber como os colunistas políticos da grande mídia sentem prazer em pintar o país em cores sombrias: tudo está sempre “terrível”, “desesperador”, “desalentador”. Nunca estivemos “tão mal” ou numa crise “tão grande”.
Em primeiro lugar, é preciso perguntar: estes colunistas não viveram os anos 90?! Mas, mesmo que não tenham vivido e realmente acreditem que “crise” é o que o Brasil enfrenta hoje, outra indagação se faz necessária: não lêem as informações que seus próprios jornais publicam, mesmo que escondidas em pequenas notas no meio dos cadernos?
Vejamos: a safra agrícola é recordista, o setor automobilístico tem imensas filas de espera por produtos, os supermercados seguem aumentando lucros, a estimativa de ganhos da Ambev para 2015 é 14,5% maior do que o de 2014, os aeroportos estão lotados e as cidades turísticas têm atraído número colossal de visitantes. Passem diante dos melhores bares e restaurantes de sua cidade no fim de semana e perceberá que seguem lotados.
Aliás, isto é sintomático: quando um país se encontra realmente em crise econômica, as primeiras indústrias que sofrem são as de entretenimento. Sempre. Famílias com o bolso vazio não gastam com supérfluos – e o entretenimento não consegue competir com a necessidade de economizar para gastos em supermercado, escola, saúde, água, luz, etc.
Portanto, é revelador notar, por exemplo, como os cinemas brasileiros estão tendo seu melhor ano desde 2011. Público recorde. “Apesar da crise”. A venda de livros aumentou 7% no primeiro semestre. “Apesar da crise”.
Uma “crise” que, no entanto, não dissuadiu a China de anunciar investimentos de mais de 60 bilhões no mercado brasileiro – porque, claro, os chineses são conhecidos por investir em maus negócios, certo? Foi isto que os tornou uma potência econômica, afinal de contas. Não?
Se banissem a expressão “apesar da crise” do jornalismo brasileiro, a mídia não teria mais o que publicar. Faça uma rápida pesquisa no Google pela expressão “apesar da crise”: quase 400 mil resultados.
“Apesar da crise, cenário de investimentos no Brasil é promissor para 2015.”
“Cinemas do país têm maior crescimento em 4 anos apesar da crise”
“Apesar da crise, organização da Flip soube driblar os contratempos: mesas estiveram sempre lotadas”
“Apesar da crise, produção de batatas atrai investimentos em Minas”
“Apesar da crise, vendas da Toyota crescem 3% no primeiro semestre”
“Apesar da crise, Riachuelo vai inaugurar mais 40 lojas em 2015″
“Apesar da crise, fabricantes de máquinas agrícolas estão otimistas para 2015″
“Apesar da crise, Rock in Rio conseguiu licenciar 643 produtos – o recorde histórico do festival.”
“Honda tem fila de espera por carros e paga hora extra para produzir mais apesar da crise,”
“16º Exposerra: Apesar da crise, hotéis estão lotados;”
“Apesar da crise, brasileiros pretendem fazer mais viagens internacionais”
“Apesar da crise, Piauí registra crescimento na abertura de empresas”
Apesar da crise. Apesar da crise. Apesar da crise.
A crise que nós vivemos no país é a de falta de caráter do jornalismo brasileiro.
Uma coisa é dizer que o país está em situação maravilhosa, pois não está; outra é inventar um caos que não corresponde à realidade. A verdade, como de hábito, reside no meio do caminho: o país enfrenta problemas sérios, mas está longe de viver “em crise”. E certamente teria mais facilidade para evitá-la caso a mídia em peso não insistisse em semear o pânico na mente da população – o que, aí, sim, tem potencial de provocar uma crise real.
Que é, afinal, o que eles querem. Porque nos momentos de verdadeira crise econômica, os mais abastados permanecem confortáveis – no máximo cortam uma viagem extra à Europa. Já da classe média para baixo, as consequências são devastadoras, criando um quadro no qual, em desespero, a população poderá tender a acreditar que a solução será devolver ao poder aqueles mesmos que encabeçaram a verdadeira crise dos anos 90. Uma “crise” neoliberal que sufocou os miseráveis, mas enriqueceu ainda mais os poderosos.
E quando nos damos conta disso, percebemos por que os colunistas políticos insistem tanto em pintar um retrato tão sombrio do país. Porque estão escrevendo as palavras desejadas pelas corporações que os empregam.
Como eu disse, a crise é de caráter. E, infelizmente, este não é vendido nas prateleiras dos supermercados.

terça-feira, 28 de julho de 2015

ESTE POLÍTICO DO PT É DE BRIGA

Precisa mais gente assim. Do site Rede Brasil Atual

Haddad: ‘Quem não tem projeto usa a irracionalidade para interditar o debate’

Para prefeito de São Paulo, artificialismo do noticiário interessa ao conservadorismo. E manter a irracionalidade na discussão sobre políticas públicas serve para desviar atenção do projeto de cidade
por Paulo Donizetti de Souza, da RBA publicado 27/07/2015 12:59, última modificação 27/07/2015 15:53
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RAONI MADALENA/RBA (8/2104)
Fernando Haddad

"Eles não poderiam perder uma eleição com o poder econômico e político e midiático que têm. Perdem porque são ruins. Aécio é visto como figura patética"
São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, não tem ilusões de que o ambiente das eleições municipais, no próximo ano, privilegie o debate de ideias sobre projetos de ampliação do exercício da cidadania. “O que vai acontecer em São Paulo no ano que vem, e de uma maneira geral, nas grandes cidades, tem a ver com a questão nacional”, acredita. Em conversa com jornalistas na semana passada, o prefeito disse acreditar que o campo conservador não tem qualidade para vencer o debate e tentará colher, nas próximas eleições, os frutos de ter desviado o debate para o que chama de “subterrâneos” da política.
“O que vivemos hoje começou a germinar há pelo menos dez anos. Desde a reeleição do Lula se cultiva um sentimento no subterrâneo da sociedade, contraditório com os índices de aprovação das próprias pesquisas. A popularidade do Lula não parava de subir, chegando a mais de 80%, o ruim e péssimo do Lula chegaram a 4%. Nem assim se dava de barato que a Dilma seria eleita. Como é que com 83% de aprovação ainda se podia ter dúvidas sobre a vitória?”, questiona, observando que o conservadorismo, na ocasião “sem chance campo socioeconômico”, impôs-se no campo do moralismo, do comportamento, da cultura. O prefeito admite que a situação econômica hoje já não é tão favorável, pelo fato de o governo ter cometido erros de diagnóstico – “temos que calibrar (o ajuste) para antecipar a retomada do crescimento”.
Mas ainda vê muito espaço para o debate de ideias e projetos, algo que falta no espectro oposicionista. “Os adversários estão errando a mão, com faziam há dez anos. Batiam todo santo dia no Bolsa Família. Você não ia conseguir nunca para o Bolsa Família, nem com R$ 1 bilhão de publicidade, o que conseguiu com o Jornal Nacional, por vias tortas”, ironizou. Para Haddad, não resta à esquerda opção que não seja conduzir o debate para o campo do projeto: “Eles não poderiam perder uma eleição nunca com o poder econômico e político e midiático concentrado do jeito que é. Perdem porque são ruins. Observe o que estão fazendo no Plano Nacional, o Aécio é visto hoje por muita gente boa como patético”.
Leia a seguir alguns dos trechos das intervenções do prefeito.

‘Em 2012 não fugimos da discussão 
ética. E não vamos fugir em 2016’

“Ainda existe espaço de autonomia no debate de questões locais. Em 2012, fizeram coincidir o julgamento do mensalão durante os 45 dias do programa eleitoral gratuito na TV. Às vésperas do primeiro turno, o Jornal Nacional levou um especial que durou uns 18 minutos para praticamente proferir a sentença de um julgamento que não havia ocorrido ainda. Mesmo com tudo isso, conseguimos travar um debate na cidade, que passou também pela ética. Não fugimos disso, como não vamos fugir ano que vem. E o fato é que tivemos êxito.
“As pessoas costumam dizer que São Paulo é uma cidade conservadora e eu sempre respondo: é uma cidade onde atuam forças conservadoras. Nunca dou de barato que a cidade é conservadora, mesmo porque a gente ganha, às vezes. Isso significa que tem espaço para o jogo aqui. O que nós estamos vivendo hoje, na verdade começou a germinar há pelo menos dez anos. Desde a reeleição do Lula se cultiva um sentimento no subterrâneo da sociedade, inclusive contraditório com os índices de aprovação das próprias pesquisas. A popularidade do Lula não parava de subir, chegando a mais de 80%, o ruim e péssimo do Lula chegaram a 4%. Nem assim se dava de barato que a Dilma seria eleita, por exemplo. As chances eram boas, mas como é com 83% de aprovação ainda se podia ter dúvidas sobre a vitória?
“A gente sabia que no subterrâneo da sociedade se travava outro tipo de disputa. Como naquela ocasião o debate socioeconômico estava vencido, a vitória estava dada no campo progressista, começaram a impor uma posição no campo do comportamento, da cultura, e não é por outra razão que eles fizeram várias tentativas de criar uma animosidade sobre temas caros à esquerda. Perderam – mas tentaram.
“Por exemplo, a questão da transferência de renda, a primeira tentativa foi tentar dizer que os pobres iam acabar se acomodando, que era um paternalismo, clientelismo. Quando na verdade era um programa anticlientelista, por ser universal, de superação da extrema pobreza no país, hoje vitrine no mundo inteiro. Mas houve uma tentativa da direita de desconstituir o Bolsa Família, tentando fazer com que a maioria da população não beneficiada se voltasse contra os beneficiários.”

‘O Serra se aliou às trevas e ao submundo’

“Outra tentativa deles foi dizer que a meritocracia estava sendo colocada de lado... Aqui em São Paulo, a primeira atitude minha foi cravar cotas raciais – não é nem social, era racial, para negros no serviço público. Não tinha um procurador negro. No último concurso, de 70, 14 entraram. E estamos melhor do que estávamos. Em 2010, a discussão do aborto, que queira ou não queira é debate sobre gênero – também tentaram entrar nessa. Em 2012, veio a questão LGBT. Usaram o fato de eu ter sido ministro da Educação para vir com aquela história de kit gay, coisa absurda, o que foi derrotado depois, quando se mostrou que os materiais eram muito semelhantes aos já distribuídos pelo governo do estado. Eles foram pra cima, e se nós tivéssemos recuado, como a Marina fez em 2014, eu não sei o que teria acontecido.
“Se eu tivesse piscado, quando o Malafaia veio a convite do Serra para São Paulo, e ele disse que ia “me destruir”, se eu tivesse reagido ali com um “olha, vamos conversar?, vou sentar com o Malafaia para me explicar...” Eu falei simplesmente que o Serra estava se aliando às trevas, e que o submundo da política não vai ditar as normas aqui em São Paulo. Saiu em todo lugar que eu chamei o Serra de submundo, de trevas. Dentro do PT teve quem disse ‘pô, você está louco, falando mal de pastor?’
“Então, não teve tema em que esses caras não tentaram colocar as camadas da sociedade umas contra as outras. Eles não tiveram êxito eleitoral, mas houve impacto. Essa ação de dez anos cultivando a intolerância tem efeito sobre a sociedade. Como disse o Umberto Eco, a internet é dar um microfone na mão de todo mundo, inclusive na dos idiotas também. O que acaba acontecendo com isso é que se você conversar hoje com uma parte da juventude, ela está contaminada com o discurso de intolerância. E mesmo nas camadas ascendentes que deveriam ser protagonistas de um avanço maior no ponto de vista civilizatória, muitos estão reféns deste discurso de intolerância.

‘Problema não é fiscal, é monetário. 
Juro de 14% ao ano é insustentável’

“Meu pai dizia ‘não se mata uma vaca que não deu leite em um ano’, e aqui em um ano eles vêm e passam a faca. Não estou dizendo que o governo não errou. Houve problemas de diagnóstico, e algumas medidas que foram tomadas agravaram – na boa intenção de mitigar. Houve uma série de políticas anticíclicas que não surtiram efeito. O problema da política atual nem é a política fiscal. Na verdade, criamos um buraco fiscal que momentaneamente precisa ser observado. Mas a política monetária atual, esta sim, pode comprometer não só o crescimento como o próprio ajuste fiscal, do qual dependemos para retomar o crescimento. É completamente insustentável taxa de juros em 14% ao ano, nas condições dadas de retração do PIB, do desemprego em 8%, inflação perto de 10%.
“Então, estamos vivendo um momento em que houve um trabalho no campo do comportamento, da cultura, durante dez anos, que já está tendo algum êxito. Você tem uma parte de população que já nem vota. E um governo tinha 85% de aprovação em 2010 e ganhamos de 55% a 45%. Não tem moleza. Daí hoje vem a crise econômica e junto toda uma operação jurídico midiática em torno da questão da Petrobras, você tem todos os ingredientes de uma crise institucional. Essa que é a verdade. O governo tem de ter um pé de apoio.
“Neste contexto, o que podemos fazer? Executar nossa visão de cidade. Educação, moradia, mobilidade, tudo. Não estou querendo aqui condescendência, mas não é fácil ser prefeito convivendo com zero porcento de crescimento. Em todo o meu mandato, a economia do país terá crescido zero, e a paulistana terá decrescido. Eu não conheço um governante que tenha vivido esta situação: zero de crescimento durante quatro anos, R$ 2,3 bi de perda de arrecadação de tarifa, R$ 1 bi de IPTU e R$ 1,5 bi de pagamento de precatórios a mais do que se pagava – isso em três anos, com precatórios ainda não sei o que vai ser da minha vida ano que vem. Depende de decisão do Supremo e do Congresso."

Em dois anos recebemos R$ 400 milhões 
do PAC; o Rio, em um ano, teve o dobro’

“O milagroso dessa história toda é que no ano passado nós batemos o recorde de investimentos. E o que nós fizemos foi atuar sobre o custeio como nunca se atuou. Cada contrato dessa prefeitura foi revisto, começando pelos maiores. Teve contrato que nós tiramos 25% do valor sem mexer na quantidade, só mexendo no preço. Então foi se criando um espaço de atuação junto à dívida ativa, uma série de procedimentos, que nos deu sustentabilidade, apesar dessa conjuntura. Não estou recebendo apoio federal, desde que tomei posse. Em dois anos de gestão entregaram R$ 400 milhões do PAC – e só ano passado o Rio de Janeiro levou R$ 800 milhões. A renda da situação da dívida foi deixada para o ultimo ano. Fiquei três anos pagando. Conseguimos (rever toda a dívida), mas para as próximas administrações; para o meu atual governo, se tiver, vai ser para o ano que vem. Muito em cima da eleição.
“E mesmo assim por que eu acho que ainda somos competitivos, dentro deste contexto? Porque em São Paulo está se discutindo política pública. Ninguém está discutindo se sou honesto ou não. Está se discutindo a mais avançada política pública possível em uma cidade. Tem feito muito sucesso na periferia você levar universidade pública para os CEUs, Para um sujeito que mora na periferia a USP não existe, é um sonho irrealizável. Mas se você fala que no CEU ali e tem uma vaga pública, começa a aproximar o jovem de periferia.
“Na questão da mobilidade estamos no terceiro ano de mudanças. Primeiro ano, foi pau nas faixas de ônibus. Só parou com ciclovia. Esqueceram a faixa de ônibus, e pau na ciclovia. Largaram a ciclovia agora, e pau na questão da redução da velocidade. Então, as duas primeiras já vencemos, consolidou. E essa ultima ainda vamos vencer, porque o resultado é muito importante. Li numa reportagem do Le Monde que a redução da velocidade em Paris, de 80 (km/h) para 70, aumentou em 18% a velocidade média dos carros. Os prefeitos de Londres e de Paris estão sabendo o que está acontecendo aqui em São Paulo. Quando eu falei que a OAB ia entrar com uma ação contra a redução, me perguntaram: ‘Como assim? A Ordem dos Advogados vai entrar com uma ação contra a prefeitura?’ Os dois me disseram: ‘Olha, no caso do ônibus e ciclovias, o retorno é muito de médio e longo prazo, mas na redução em dois, três meses vai ter o que apresentar. Segura firme que vai passar’.
“Na campanha dará tempo de mostrar que isso vai salvar vidas e melhorar a fluidez no trânsito, porque hoje ninguém quer saber. Você tem Bandeirantes, Jovem Pan, Estadão batendo... Não querem nem saber. O jornal que elogiou o Kassab quando reduziu a velocidade na Avenida 23 de Maio é o mesmo que critica a redução nas marginais. Na 23 de Maio já melhorou a situação. Mas ninguém quer saber. A irracionalidade que hoje tem uma dose forte de artificialismo interessa à política conservadora. Manter o quadro de irracionalidade. De interdição do debate sobre políticas públicas. Tudo isso desvia a atenção do que está em jogo.”

No combate à corrupção, não tem 
governo que tenha feito mais’

“Numericamente, estamos entrando em todas as áreas da prefeitura, subprefeituras, secretarias, passando pente fino em tudo. Contrato por contrato, servidor por servidor, toda a evolução patrimonial, inclusive dos gestores políticos, tudo é conferido e acompanhado. Não tem um debate que não podemos ganhar. Mas vai ser a eleição mais difícil do mundo. É mais fácil estar melhores condições em 2018 do que e 2016.
“Os adversários estão errando na mão pois estão criticando coisas que são parecidas com o que faziam há dez anos. (E causando um efeito inverso.) Batiam todo santo dia no Bolsa Família. Você não ia conseguir essas publicidade nunca para o Bolsa Família como a imprensa acabou fazendo. Se tornou uma coisa só, Lula e Bolsa Família. Nem com R$ 1 bilhão de publicidade você ia conseguir o que conseguiu com o Jornal Nacional, por vias tortas. Não criticavam exatamente, mas ficavam problematizando, aquilo foi colando e se agigantou.
“Eles não poderiam perder uma eleição nunca com o poder econômico e político e midiático concentrado do jeito que é. Perdem porque são ruins. Observe o que estão fazendo no plano nacional, estão se desconstruindo. O Aécio é visto hoje por muita gente boa como uma pessoa patética.
“Mas vai ser um ano daqueles. Vão centrar muita força. Em 2012, o que eles fizeram quando perderam em São Paulo foi vergonhoso. Eles vão redobrar as energias para tentar nos fazer perder em 2016 e selar o destino das próximas eleições presidenciais. Agora, temos de ver o que acontece até o final do ano. Vai ser um semestre complicado, teste de fogo para o governo federal. E vai depender muito do desfecho desta crise internacional o que que vai ser da esquerda a partir do ano que vem. Então, é um semestre delicado, até porque também estamos errando do nosso lado. Temos que calibrar (o ajuste) para antecipar a retomada do crescimento.”

segunda-feira, 27 de julho de 2015

VEJA COMO O PODER FINANCEIRO VITIMA O MUNDO

E não só a Grécia, mas todos os países que se submetem a eles, inclusive a nossa pobre pátria mãe tão distraída... Artigo muito bem escrito de Joseph Stiglitz, Nobel de Economia, no New York Times. Se você tiver dificuldade com o inglês, use um tradutor, do Word ou do Google.

Greece, the Sacrificial Lamb
By JOSEPH E. STIGLITZ
JULY 25, 2015
ATHENS — AS the Greek crisis proceeds to its next stage, Germany, Greeceand the triumvirate of the International Monetary Fund, the European Central Bank and the European Commission (now better known as the troika) have all faced serious criticism. While there is plenty of blame to share, we shouldn’t lose sight of what is really going on. I’ve been watching this Greek tragedy closely for five years, engaged with those on all sides. Having spent the last week in Athens talking to ordinary citizens, young and old, as well as current and past officials, I’ve come to the view that this is about far more than just Greece and the euro.
Some of the basic laws demanded by the troika deal with taxes and expenditures and the balance between the two, and some deal with the rules and regulations affecting specific markets. What is striking about the new program (called “the third memorandum”) is that on both scores it makes no sense either for Greece or for its creditors.

As I read the details, I had a sense of déjà vu. As chief economist of the World Bank in the late 1990s, I saw firsthand in East Asia the devastating effects of the programs imposed on the countries that had turned to the I.M.F. for help. This resulted not just from austerity but also from so-called structural reforms, where too often the I.M.F. was duped into imposing demands that favored one special interest relative to others. There were hundreds of conditions, some little, some big, many irrelevant, some good, some outright wrong, and most missing the big changes that were really required.
 Back in 1998 in Indonesia, I saw how the I.M.F. ruined that country’s banking system. I recall the picture of Michel Camdessus, the managing director of the I.M.F. at the time, standing over President Suharto as Indonesia surrendered its economic sovereignty. At a meeting in Kuala Lumpur in December 1997, I warned that there would be bloodshed in the streets within six months; the riots broke out five months later in Jakarta and elsewhere in Indonesia. Both before and after the crisis in East Asia, and those in Africa and in Latin America (most recently, in Argentina), these programs failed, turning downturns into recessions, recessions into depressions. I had thought that the lesson from these failures had been well learned, so it came as a surprise that Europe, beginning a half-decade ago, would impose this same stiff and ineffective program on one of its own.
Whether or not the program is well implemented, it will lead to unsustainable levels of debt, just as a similar approach did in Argentina: The macro-policies demanded by the troika will lead to a deeper Greek depression. That’s why the I.M.F.’s current managing director, Christine Lagarde, said that there needs to be what is euphemistically called “debt restructuring” — that is, in one way or another, a write-off of a significant portion of the debt. The troika program is thus incoherent: The Germans say there is to be no debt write-off and that the I.M.F. must be part of the program. But the I.M.F. cannot participate in a program in which debt levels are unsustainable, and Greece’s debts are unsustainable.
Austerity is largely to blame for Greece’s current depression — a decline of gross domestic product of 25 percent since 2008, an unemployment rate of 25 percent and a youth unemployment rate twice that. But this new program ratchets the pressure up still further: a target of 3.5 percent primary budget surplus by 2018 (up from around 1 percent this year). Now, if the targets are not met, as they almost surely won’t be because of the design of the program itself, additional doses of austerity become automatic. It’s a built-in destabilizer. The high unemployment rate will drive down wages, but the troika does not seem satisfied by the pace of the lowering of Greeks’ standard of living. The third memorandum also demands the “modernization” of collective bargaining, which means weakening unions by replacing industry-level bargaining.
None of this makes sense even from the perspective of the creditors. It’s like a 19th-century debtors’ prison. Just as imprisoned debtors could not make the income to repay, the deepening depression in Greece will make it less and less able to repay.
Structural reforms are needed, just as they were in Indonesia, but too many that are being demanded have little to do with attacking the real problems Greece faces. The rationale behind many of the key structural reforms has not been explained well, either to the Greek public or to economists trying to understand them. In the absence of such an explanation, there is a widespread belief here in Greece that special interests, in and out of the country, are using the troika to get what they could not have obtained by more democratic processes.
Consider the case of milk. Greeks enjoy their fresh milk, produced locally and delivered quickly. But Dutch and other European milk producers would like to increase sales by having their milk, transported over long distances and far less fresh, appear to be just as fresh as the local product. In 2014 the troika forced Greece to drop the label “fresh” on its truly fresh milk and extend allowable shelf life. Now it is demanding the removal of the five-day shelf-life rule for pasteurized milk altogether. Under these conditions, large-scale producers believe they can trounce Greece’s small-scale producers.
In theory, Greek consumers would benefit from the lower prices, even if they suffered from lower quality. In practice, the new retail market is far from competitive, and early indications are that the lower prices were largely not passed on to consumers. My own research has long focused on the importance of information and how firms often try to take advantage of the lack of information. This is just another instance.
One underlying problem in Greece, in both its economy and its politics, is the role of a group of wealthy people who control key sectors, including banks and the media, collectively referred to as the Greek oligarchs. They are the ones who resisted the changes that George Papandreou, the former prime minister, tried to introduce to increase transparency and to force greater compliance with a more progressive tax structure. The important reforms that would curb the Greek oligarchs are largely left off the agenda — not a surprise since the troika has at times in the past seemed to have been on their side.

As it became clear early on in the crisis that the Greek banks would have to be recapitalized, it made sense to demand voting shares for the Greek government. This was necessary to ensure that politically influenced lending, including to the oligarchic media, be stopped. When such connected lending resumed — even to media companies that on strictly commercial terms should not have gotten loans — the troika turned a blind eye. It has also been quiescent as proposals were put forward to roll back the important initiatives of the Papandreou government on transparency and e-government, which dramatically lowered drug prices and put a damper on nepotism.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

O FIM DE CUNHA É UMA GRANDE MELHORIA?

Nem tanto. Veja este post de O Cafezinho:


O mato sem cachorro no Congresso


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Diante das perspectivas no Congresso Nacional, só nos resta ecoar as palavras que Dante pendurou na porta do Inferno:
"Ó vós que entrais, deixai qualquer esperança!"
Minha oposição à Cunha não é por delação em Lava Jato, a qual precisa ser provada, pois apesar de Cunha ser o que é, não podemos deixar que a política brasileira fique em mãos da ditadura midiático-judicial.
Minha oposição é por conta de suas ideias, seu golpismo, seu mau caratismo político.
Leiam o texto abaixo.
***
Por Ismael de Freitas, em seu Facebook.
(Dica do @jornalismowando e @leoboechat)
Mato sem cachorro. Sem nenhum cachorro. Nenhum mesmo.
Caso o eduardo cunha seja afastado da presidência da câmara, coisa que pra mim é inevitável e inexorável, quem assume é Waldir Maranhão.
Esse fofo lindo é investigado na lava jato acusado de receber mensalmente entre 30 mil e 50 mil reais. delatado pelo youssef. Em 2010 declarou que não tinha dinheiro em conta pra campanha e mesmo assim doou 500 mil reais pra sua própria campanha. Diz aí, não é um mimo esse cara?
Bem, vamos dizer que esse também caia fora, quem assume é o nosso querido adorado sortudo e iluminado por deus, Giacobo, aqui do Paraná.
Essa gracinha ganhou 12 vezes na loteria em um espaço de 14 dias. Também teve prescritas ações no STF por falsidade ideológica, formação de quadrilha e sonegação de impostos através de formação de empresas fantasmas. Quando prescreveram, ainda tirou sarro do STF dizendo algo como: a justiça foi feita, ficaram sentados em cima das ações por mais de dez anos.
Caso esse três sejam impedidos, entra em ação Beto Mansur. O primeiro nome já diz tudo né, mas vamos falar um pouco sobre esse bebezinho xuxuzinho. Foi autuado por trabalho escravo e condenado por usar recursos públicos para promoção pessoal. Responde a pelo menos 35 processos por irregularidades em licitações em Santos, onde foi prefeito. Detalhe hilário, essa informação consegui no site da Veja. não é xuxu demais???
Em quinto na linha de sucessão, está Felipe Bornier, o menos sujo, mas não menos cuti-cuti membro da mesa diretora da câmara. É acusado de fraude em sua campanha eleitoral com excesso de anúncios nos jornais O Dia e ABC Diário. Praticamente a madre tereza perto de seus amiguinhos.
Logo depois vem Mara Gabrilli, que até merece respeito por não ter seu nome envolvido em algum escândalo de corrupção. No entanto, veja só que dodoizinho essa moça, ela acusa o PT de ter matado seu pai com um aneurisma cerebral. Uma fofa, enfim.
Por fim, vem nosso chegado conterrâneo Alex Canziani. Respondeu e foi inocentado de processos em Londrina e no Congresso, acusado de receber verba do mensalão do PT através daquele outro lindo que cumpre pena por seu réu confesso, o Bob Jef.
Na primeira suplência, vem Mandetta, do DEM, o thuthuco que é o maior inimigo do programa Mais Médicos. Claro, ele é médico, esse bebezinho butitinho.
Ai vem Gilberto Nascimento, envolvido em denúncias sobre o escâncalo das ambulâncias (operação sangue-suga) foi inocentado posteriormente. Questionado sobre a indicação do nome do filho para cargos comissionados, disse que acha isso super normal e lindo e maravilhoso e joia e bacana e legal e fofucho.
aí meus amigos, depois dessa vasta lista, aparece, na terceira suplência, a deputada Luiza Erundina, que até agora ainda não entendi como permitiu incluir seu nome nessa chapa. Enfim, que caia cunha e que suba Erundina. dalhe braziu ziu ziu