segunda-feira, 23 de julho de 2018

BRICS: A SIGLA AINDA É RELEVANTE?

Desprezado pelo governo golpista de Temer e do PMDB, PSDB, DEM e PP, o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul vem sofrendo consequências de evoluções geopolíticas recentes.

Das maiores economias, Índia e Brasil estão um tanto afastados, enquanto Rússia e China têm estreitado relações políticas e econômicas, dentro de uma parceria estratégica já bastante explícita.  A Índia tem problemas antigos com a China, e tem se aproximado dos EU, dentro da política nacionalista-hinduísta de seu atual líder, Narendra Modi. Além disso, tem se curvado a pressões do império, como pode ser visto neste trecho de notícia do Russia Today:

“(India) has asked refiners to be prepared for any eventuality, since the situation is still evolving. There could be drastic reduction or there could be no imports at all,” Reuters wrote quoting its sources.
While India doesn’t recognize unilateral US sanctions against Iran, the country is exposed to the US financial system and could get caught in the crossfire. Washington could target Indian companies and banks that do business with Iran.

O Brasil no momento vive um hiato de total submissão aos mesmos EU. Esperamos que esse hiato seja breve. No entanto, o relativo declínio da hegemonia estadunidense não deixa de se manifestar, aqui.

O avanço do capitalismo chinês entre nós tem se revestido de aspectos novos, bastante interessantes.A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil.  Segundo o site OEC, ligado ao MIT, em 2016:

Os principais destinos de exportação do Brasil são a China ($36,6 Bilhões), os Estados Unidos ($23,4 Bilhões), a Argentina ($13,6 Bilhões), a Holanda ($8,29 Bilhões) e a Alemanha ($6,04 Bilhões). As origens de importação de topo (sic) são o Estados Unidos ($24,3 Bilhões), a China ($23,3 Bilhões), a Alemanha ($9,1 Bilhões), a Argentina ($9,1 Bilhões) e a Coreia do Sul ($5,41 Bilhões).

Agora vem um testemunho de um antigo colega da CESP, Jorge Oura, sobre a CTG - China Three Gorges do Brasil, que comprou as usinas hidrelétricas do Paraná:

Tive contato recente com o pessoal de engenharia da CTG e fiquei embasbacado!  Os chineses estão investindo alto nas usinas que adquiriram.  Só para ter uma ideia eles estão substituindo os 20 transformadores de 170 MVA por novos e não são chineses. São da WEG, indústria multinacional brasileira.  Vão reformar todos os geradores e vão automatizar toda a usina.  O que não foi feito pela CESP em 30 anos, eles estão fazendo usando mão de obra brasileira e produtos brasileiros.  Desde que o governo do Estado de São Paulo decidiu que privatizar a CESP, ela vinha sendo sucateada e todo o serviço de engenharia de manutenção entrou numa letargia.  A CESP estava moribundo, agonizando, esperando a extrema unção. A melhor coisa que pode ocorrer é privatizar logo de uma vez e voltar a investir na manutenção e dar um futuro para todos os empregados remanescentes.

Não concordo com a tese geral desse antigo colega. Não deveríamos estar vendendo o controle de usinas hidrelétricas brasileiras, e sim exportando engenharia e investindo aqui com recursos próprios. Mas os chineses parecem bem menos predadores que o pessoal do império. Claramente, estão mostrando certo respeito pelos interesses brasileiros, coisa que os outros absolutamente não têm, acostumados a nos tratar como seu quintal. 

A conferir o que vem, enquanto não retomamos para os brasileiros o grau mínimo de controle democrático sobre nossa vida econômica que necessitamos. Para isso é necessário combater os lacaios, conscientes ou não, do império. Em todas as instâncias a que conseguirmos ter acesso. E ter um respeito aos interesses brasileiros pelo menos não inferior ao que aparentemente os chineses da CTG vem mostrando.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

MÁRCIO POCHMAN FALA SOBRE A ECONOMIA SOB O REGIME GOLPISTA

Do Brasil de Fato. Só não vejo como vá ser possível conseguir uma maioria nacionalista. O problema é mais profundo, e sem mobilização maciça da população, continuaremos sob o estado neoliberal austericida. 

Pochmann: Reverter retrocessos exigirá Parlamento comprometido com projeto nacional

Economista falou ao Brasil de Fato sobre cenário econômico do atual governo e possibilidades de superação

Brasil de Fato | Brasília (DF)
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"Crise do desemprego não tem paralelo histórico" / Agência Brasil
O número de pessoas com com fortuna maior que US$ 1 milhão aumentou em 7 mil no Brasil durante 2017. Um incremento de 4,25%, aumentando de 164,5 mil pessoas para 171,5 mil. Somado, o patrimônio total deste grupo equivale a US$ 4,5 trilhões, crescimento de mais de 8% em relação a 2016. Os dados são da consultoria francesa Capgemini. 
Do outro lado, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da FGV a desigualdade aumentou: no primeiro trimestre de 2018 em comparação com o mesmo período do ano anterior, os 20% mais pobres tiveram queda de 5% em sua renda, enquanto a dos 20% mais ricos aumentou em 10,8%. A renda dos que integram os estratos inferiores diminuiu de R$ 400 para R$ 380.
Comentando esse cenário em entrevista ao Brasil de Fato, o economista Marcio Pochmann, o Brasil enfrenta o pior cenário econômico desde a década de 1930. Em sua visão, as alterações promovidas por Michel Temer (MDB) devem ser responsabilizadas por isso. Para que sejam revertidas em um próximo governo, entende que a discussão sobre a composição do futuro Parlamento deve ter uma importância maior durante as eleições gerais. 
Brasil de Fato: Há dados indicando uma piora na questão da igualdade no Brasil no último ano. O quanto isso é responsabilidade direta de Temer e o quanto pode ser creditado à crise econômica iniciada antes de sua chegada ao governo?
Marcio Pochmann: A recessão, a partir de 2015, já colocou constrangimentos para o rendimento dos trabalhadores. Houve o aumento do desemprego, ou seja, mais pessoas sem rendimento. Esse é o primeiro aspecto. Não poderia deixar de chamar a atenção de que a opção pela recessão significou um desvio da política de crescimento e de busca do pleno emprego que havia sido uma marca desde o início dos governos do PT. 
Ocorre que esta interrupção, a partir da recessão, foi aprofundada pelo uso generalizado de políticas de corte neoliberal com a entrada do governo Temer. Aparecem constrangimentos que não estavam colocados anteriormente. A redução do gasto social, com a decisão de estabelecer um teto para a expansão do gasto público, excluindo os gastos financeiros. Adicionalmente, tivemos a própria mudança na legislação trabalhista. 
Temos constrangimentos do ponto de vista do gasto público, que em tese sustentariam a renda do trabalho, mesmo que diante de uma recessão, e, ao mesmo tempo, a liberalização do mercado de trabalho que tornou, de alguma forma, não o crescimento do emprego mas a redução do custo do trabalho para quem está empregado.
Em 2014, o custo do trabalho brasileiro na indústria era quase quatro vezes maior que na indústria chinesa. Em 2018, o custo do trabalho brasileiro já é um quinto menor que o chinês. O que nós estamos assistindo por força da mudança na legislação trabalhista é a precarização acelerada dos empregos existentes. A substituição do emprego regular por empregos que são caracterizados por contratos de zero hora. Ou seja, a empresa contrata a pessoa e a remuneração e os direitos [são] vinculados à jornada estabelecida. Você pode trabalhar zero hora no mês. Não há mais garantia de um rendimento mensal.
Você citou alterações legislativas e constitucionais que geraram esses constrangimentos. Como um próximo governo poderia superar esse cenário econômico com essas limitações legais?
É necessário trabalhar com duas medidas de implementação imediata a partir da saída do governo Temer. A primeira, um conjunto de medidas emergenciais. Nós estamos com o país diante da mais grave crise de emprego que a sociedade urbano-industrial já assistiu. Não há paralelo desde 1930. Segundo o IBGE, temos quase 28 milhões de brasileiros procurando trabalho. Isso significa que cerca de 27% da força de trabalho esta nessa situação. Não há registro histórico disso. 
De imediato, medidas que permitam que o Brasil venha a se mover diante do buraco em que se encontra. Vai desde a retomada de obras públicas paralisadas até a implementação de um programa de obras públicas em pequena escala nos municípios. Com o objetivo de retirar a economia da situação de paralisia em que se encontra.
A segunda medida, que devem ser medidas de transição do governo Temer para um novo governo. O que seria essa transição? A revisão de medidas que foram tomadas e que imobilizaram o governo e retiraram qualquer possibilidade de protagonismo do Estado. Isso diz respeito a rever a Emenda Constitucional 95 e também a alteração da legislação trabalhista.
Essa transição, e mesmo as medidas emergenciais, dependerão de alguma forma, não apenas do resultado da eleição presidencial, mas também, e sobretudo, da composição do Legislativo. Sem um Parlamento convergente com essa perspectiva, o próximo Governo terá enormes dificuldades para passar medidas que possam rever os equívocos que o governo Temer tomou. 
A Fundação Perseu Abramo, presidida por você, juntamente com outras fundações partidárias lançou um manifesto defendendo a conformação de uma frente parlamentar com essas características. Qual a expectativa real de que possa ocorrer uma unidade nesse sentido?
Esse foi o ponto que reuniu que deu convergência a essas cinco fundações partidária. Em um primeiro momento, a identificação de que nós temos um rebaixamento do debate sobre o Brasil no plano do Legislativo. O Legislativo não produz um debate sério, de alto nível, sobre os problemas brasileiros, tampouco sobre as soluções. Ao mesmo tempo, a necessidade de ter uma bancada suprapartidária comprometida com o projeto nacional. 
Essa iniciativa é inédita, se recuperarmos as eleições desde o país saiu da ditadura para a democracia. Nós temos um paralelo histórico recente para saber se terá viabilidade ou não. Em geral, as frentes, e há várias delas no Parlamento brasileiro, são constituídas com deputados eleitos. Agora, na verdade, se enuncia a formação de uma frente pré-eleição. A ideia é levar o debate ao Brasil sobre o que é o projeto nacional. Identificar candidatos comprometidos com essa agenda e buscar uma politização da sociedade para apoiar candidatos com essa perspectiva. Se a população vai votar em candidatos preocupados com propostas e planos voltados para a recuperação do país e da soberania que isso se dê em um quadro em que os parlamentares possam acompanhar da forma mai próxima possível. 

DUAS MATÉRIAS DO DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO



Mais do que parcial. Por Luiz Carlos Bresser-Pereira

 
Sérgio Moro. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Fotos Públicas
POR LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA, ex-ministro e professor emérito da FGV
A Procuradoria-Geral da República (PGR) posicionou-se contra o pedido da defesa de Lula para considerar o juiz Sergio Moro suspeito e afastá-lo do processo do sítio de Atibaia. Para os advogados de Lula, Moro é parcial. Eu diria que é mais do que parcial, ele é “parte” em uma guerra sua e de sua “força tarefa” contra o ex-presidente. Um juiz é parcial quando se inclina por uma parte contra a outra. Não é esse o caso do juiz Moro. Ele e sua força-tarefa de procuradores federais iniciaram um processo originalmente admirável, a operação Lava Jato – admirável porque denunciou e prendeu um conjunto de bandidos evidentes.
Mas, para ter mais legitimidade justo às elites e à grande imprensa, que se opõem a Lula por razões ideológicas, e para não ser incomodado com os abusos de direito que logo começou a praticar contra os indiciados, adotou uma estratégia política – a de considerar Lula, “o chefe da grande quadrilha” que a operação denunciou. Não tinha nenhuma prova disto, mas fez essa afirmação nos press-releases da força-tarefa e no famoso e ridículo power point do procurador Dellagnol.
Ele e a força-tarefa esperavam que sua denúncia acabaria com Lula. Mas foi o contrário o que aconteceu. Ficou claro para um grande número de brasileiros que estamos diante de um processo de perseguição política que teve como coautores os três desembargadores do tribunal de Porto Alegre.
Um juiz que adota uma estratégia política como a que foi adotada na operação Lava Jato não é verdadeiramente um juiz – é uma parte em uma luta pessoal que se apoia no princípio de que os fins justificam os meios. Não vejo, porém, como é possível “moralizar o Brasil” agindo contra a ética da própria profissão e o Estado de direito.

Sem casa, sem emprego e com mais crianças mortas: o Brasil do golpe é um pesadelo. Por Joaquim de Carvalho

 
Duas notícias dão a medida de como o Brasil piorou nos últimos anos, depois que se colocou em marcha o movimento para tirar Dilma Rousseff e o PT do poder.
O Fantástico da Rede Globo mostrou as obras do Minha Casa, Minha Vida que estão paradas em vários Estados do Brasil.
Um motivo é de ineficiência administrativa: o governo que assumiu em 2016 não conseguiu entregar as moradias por não fazer coisas simples, como a ligação de energia.
Outro problema é em razão da falta de recursos: as construtoras abandonaram as obras porque não recebem do governo federal.
Hoje a Folha de S. Paulo informa que, pela primeira vez em 26 anos, aumentou a mortalidade infantil.
Até 2016, o Brasil vinha reduzindo a taxa de mortalidade infantil em 4,9%, em média, a cada ano. No primeiro ano do governo de Michel Temer, essa taxa aumentou em 5%.
Hoje morrem 14 crianças a cada mil nascimentos. A tendência, segundo estudos do próprio Ministério da Saúde, é que a mortalidade infantil tenha crescido em 2017 e cresça também em 2018.
O governo que assumiu na mão grande, conspirando para derrubar a presidente eleita com cerca de 54 milhões de votos, atribui o desastre à herança da administração de Dilma.
Seus porta-vozes na velha imprensa endossam a posição. Mas estas análises já não convencem nem mesmo quem foi às ruas de camisa da CBF protestar contra a corrupção.
Em 2014, último ano em que Dilma pode governar sem estar emparedada pelo movimento, vá lá, golpista, os índices de emprego e renda eram vigorosos.
Na prática, não havia desemprego no Brasil: os 5% registrados indicavam que quem procurava colocação encontrava. Hoje a taxa de desemprego é superior a 12%.
Com renda menor e menos emprego, a economia trava, os impostos caem e o governo fica sem dinheiro para tocar o orçamento.
Não é difícil compreender.
Mas, desde 2016, o Brasil vive de farsa: com a aprovação do teto nas verbas do orçamento, o país voltaria a crescer. Não voltou.
A reforma trabalhista provocaria uma explosão na geração de empregos. Não provocou.
A privatização de ativos públicos provocaria um novo ânimo nos investidores. O que foi privatizado só deu alegria — e muita alegria — a quem comprou, não aos ex-donos, no caso, nós.
A passagem aérea, com a permissão de cobrança por bagagem, tornaria as viagens mais baratas. Não tornou.
Enfim, a lista de fracassos é gigantesca e, por óbvio, explica por que Lula, sem ser visto pelo grande público há 100 dias, lidera as pesquisas.
Explica também por que há um movimento gigantesco para que Lula continue longe do povo, movimento que é liderado por setores do Judiciário, mas que não parecem autônomos.
O Brasil é um país que se move por lobbies, como de resto a maior parte das nações. E Lula, numa definição precisa, é o lobista dos mais pobres.
É ele quem, efetivamente, briga por mais casas — Minha Casa, Minha Vida — e também contra a mortalidade infantil.
Havia um tempo em que se dizia que fazia isso por demagogia. Mas, desde que governou, colocou em prática políticas sociais que atenuaram as mazelas dos mais pobres.
É fato, não é discurso.
Ele e o PT falharam em muitas coisas quando governaram, mas dizer que o Brasil não era melhor com eles é uma mentira que ofende a inteligência.
E, além disso, ajuda a manter as coisas como estão: o pobre sem casa e a criança morrendo.
Alguém deve estar ganhando muito com este estado de coisas, e não é o brasileiro de uma maneira geral.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

COPA: VAMOS PARAR PRA PENSAR?

Saiu no Brasil 247. Desabafo parecido, o do Gato, depois do artigo do Igor. Será que o pessoal que torce com a camiseta da CBF, a mesma usada para as manifestações pelo golpe e destruição da democracia no Brasil, se julga patriótico, enquanto vê desmontarem o país e doarem nosso futuro para os EUA e a banca internacional?




Vida de gado, povo marcado, povo feliz

Fernando Frazão/Agência Brasil

O petróleo do pré-sal, a maior riqueza natural do nosso país, está sendo roubado pelo capital transnacional. Na calada da noite, os traidores da pátria estão entregando esse tesouro de trilhões de dólares, bloco após bloco, a preço vil. A pilhagem mais escandalosa em toda nossa história está acontecendo justamente por estes dias, embalada pela trilha sonora das buzinas, das vuvuzelas, dos gritos eufóricos da multidão hipnotizada pela Copa.
Meus amigos e amigas torcedor@sverde-amarel@s, não me levem a mal, mas para mim é impossível torcer pela Seleção Brasileira. Estou sofrendo demais com a realidade do mundo verdadeiro.
O sonho dos governos de Lula e Dilma, de usar o pré-sal para impulsionar o nosso desenvolvimento econômico e social, está sendo sepultado sob as águas do Atlântico. De leilão em leilão, de decreto em decreto, estamos sendo condenados ao eterno atraso, sem refinarias, sem estaleiros, sem indústria nacional, sem tecnologia, sem Petrobrás, importadores de gasolina e diesel. E ninguém parece estar tomando conhecimento disso.
As nossas universidades públicas, orgulho dos governos progressistas, estão em acelerado processo de desmonte, com cortes sistemáticos de recursos. O plano dos golpistas, claramente, é asfixiar o ensino superior público, sucatear as universidades gratuitas, inviabilizar o seu funcionamento, para que elas encolham e agonizem, para que as mais frágeis delas fechem as portas e o que o restante, o que sobrar, se ajoelhe perante os bancos privados, verdadeiros donos do Brasil, em busca de umas migalhas de financiamento em troca do ensino pago.
O diploma universitário voltará a ser um privilégio dos mais ricos. Aliás, já está voltando: é o que estamos assistindo, de braços cruzados, enquanto centenas de milhares de jovens deixam o ensino superior por falta de meios de subsistência, com o corte das bolsas de estudo que garantiam sua condição de estudantes.
Os direitos dos trabalhadores, a maioria deles conquistas que remontam às lutas da primeira metade do século 20, estão sendo destruídos, sem choro nem vela, por uma burguesia voraz, predadora, perversa, que prefere o fascismo a admitir um mínimo de benefícios sociais para a massa de despossuídos. Os sindicatos, principal instrumento de defesa da classe trabalhadora, marcham silenciosamente para a extinção, exaustos, falidos, sem ânimo para a resistência, hoje mais necessária do que nunca. E a multidão indiferente, bestificada, vibrando na cadência da narrativa ufanista dos galvões buenos.
Desemprego em massa, milhões de novos desesperados no olho da rua todos os meses, em meio à maior epidemia de falências de empresas em toda a nossa história -- e ninguém diz nada.
Lula, o maior líder popular brasileiros em todos os tempos, o melhor de todos os nossos presidentes, vai completar três meses na cadeia, condenado injustamente por um bando de canalhas, e ninguém, salvo um punhado de bravos, faz qualquer coisa em sua defesa...
Mas nada disso importa diante da grande pergunta, se Neymar será capaz de recuperar o seu talento, erguer-se finalmente em campo e levar a nossa pátria idolatrada ao retumbante triunfo. Esse é o foco de todas as atenções nestes dias de tragédia e de infâmia.
Até mesmo meus companheiros mais conscientes, mais combativos, alguns dos que eu mais admiro, se deixaram seduzir pelo grande circo do futebol.
Não se fala de outra coisa, não se pensa em mais nada, o país inteiro transformado num imenso rebanho marchando passivo para o matadouro. "Vida de gado, povo marcado, povo feliz"...
Uma vitória da seleção brasileira na final da Copa do Mundo será a apoteose da insensatez.
Tô fora dessa.


Do Gato, ou Carlos Eduardo Pestana Magalhães (de e-mail)

O MÉXICO GANHOU DO BRAZIL...
Pros que ainda torcem pra seleção mercenária brazileira e que gostaram da vitória sobre o México, nos gramados da Rússia, um recado. O México deu de goleada no Brazil fascista na eleição de domingo, mostrando a força da sua democracia, especialmente tendo os EUA tão próximos, os mesmos gringos que rotineiramente, ao longo da história, invadiram e roubaram partes do seu território.
É um país onde sua população sempre lutou, guerreou contra si mesma várias vezes, além de lutar bravamente contra os invasores americanos, conquistando avanços sociais ainda inimagináveis ao Brazil. Lázaros Cárdenas del Río, que governou entre os anos 1934 e 1940, foi o primeiro presidente mexicano eleito da esquerda que possibilitou avanços na história do país. Sem falar de Benito Juares, Pancho Villa e Zapata, heróis da revolução de 1910.
Não existe comparação entre a história de lutas da população mexicana e da brazileira, infelizmente. Lá se lutou muito e ainda se luta. A direita mexicana, aliada histórica inconteste dos EUA, e hoje atuando junto aos grupos narcotraficantes do país é extremamente violenta e cruel, matando impunemente todo e qualquer opositor aos governos fascistas. Mesmo assim, a população mexicana deu o troco na eleição de domingo.
Por aqui, os coxinhas paulistas, curitibanos e gaúchos, vestidos de verde-amarelo, torcem pra uma seleção mercenária que não representam o país, pouco se lixando com o que a direita fascista brazileira faz com o país.
O México, gostem ou não, é vitorioso. O Brazil, mesmo ganhando esta partida de futebol ou a copa, continua sendo o grande perdedor, um vira lata derrotado e escorraçado, como sempre comendo os restos dos outros...