segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A VERDADE ESTÁ NA CLANDESTINIDADE

Matéria de John Pilger, publicada no resistir.info. Não que precise, mas fiz a transcrição para o português do Brasil (o ótimo resistgir.info é português).

A guerra pelos media e o triunfo da propaganda

John Pilger [*]
13.Dez.14 :: Outros autores
Os tempos que vivemos são tão perigosos e tão distorcidos na percepção pública que a propaganda já não é um “governo invisível”. Ela é o governo. Domina diretamente sem receio de contradição e o seu principal objetivo é o domínio de nós próprios: do nosso sentido do mundo, da nossa capacidade para separar a verdade da mentira.



Por que sucumbiu tão grande parte do jornalismo à propaganda? Por que são a censura e a distorção a prática padrão? Por que é a BBC tão frequentemente uma porta-voz do poder rapinante? Por que enganam os seus leitores o New York Times e o Washington Post ?

Por que não ensinam os jornalistas jovens a entender as agendas dos media e a desafiar as afirmações altissonantes e os baixos objetivos da falsa objetividade? E por que não lhes ensinam que a essência de grande parte do que se publica nos media de referência não tem a ver com informação e sim com poder?

Estas são questões urgentes. O mundo está enfrentando a perspectiva de uma grande guerra, talvez nuclear – com os Estados Unidos claramente determinados a isolar e provocar a Rússia e finalmente a China. Esta verdade está sendo invertida e posta às avessas por jornalistas, incluindo aqueles que promoveram as mentiras que levaram ao banho de sangue no Iraque em 2003.

Os tempos que vivemos são tão perigosos e tão distorcidos na percepção pública que a propaganda já não é, como a denominou Edward Bernays, um “governo invisível”. Ela é o governo. Domina diretamente sem receio de contradição e o seu principal objectivo é o domínio de nós próprios: do nosso sentido do mundo, da nossa capacidade para separar a verdade da mentira.

A era da informação é realmente uma era dos media. Temos guerra pelos media; censura pelos media; demonologia pelos media; retaliação pelos media; diversionismo pelos media – uma linha de montagem surreal de clichés obedientes e pressupostos falsos.

O poder de criar uma nova “realidade” tem estado em construção há muito tempo. Quarenta e cinco anos atrás, um livro intitulado The Greening of America provocou sensação. Na capa constavam estas palavras: “Há uma revolução que se aproxima. Ela não será como as revoluções do passado. Ela terá origem no indivíduo”.

Eu era correspondente nos Estados Unidos naquele tempo e recordo a elevação ao status de guru do seu autor, um jovem acadêmico de Yale, Charles Reich. A sua mensagem era dizer que a verdade e a ação política haviam fracassado e só a “cultura” e a introspecção podiam mudar o mundo.
Dentro de poucos anos, conduzido pelas forças do lucro, o culto do “eu-ismo” quase havia esmagado o nosso sentido de atuação conjunta, o nosso sentido de justiça social e de internacionalismo. Classe, gênero e raça eram separados. O pessoal era a política e os media era a mensagem.

Depois da guerra-fria, a fabricação de novas “ameaças” completou a desorientação política daqueles que, 20 anos antes, teriam constituído uma oposição veemente.

Em 2003 filmei em Washington uma entrevista com Charles Lewis, distinto jornalista de investigação americano. Discutimos a invasão do Iraque de uns poucos meses antes. Perguntei-lhe: “E se os media mais livres do mundo tivessem desafiado seriamente George Bush e Donald Rumsfeld e investigado as suas afirmações, ao invés de canalizar o que se revelou como propaganda em bruto?” Ele respondeu que se nós jornalistas tivéssemos feito o nosso trabalho “haveria uma possibilidade muito boa de não termos ido à guerra no Iraque”.

Trata-se de uma declaração chocante e que é partilhada por outros jornalistas famosos a quem fiz a mesma pergunta. Dan Rather, anteriormente da CBS, deu-me a mesma resposta. David Rose do Observer e jornalistas e produtores antigos da BBC, que pediram para permanecer anônimos, deram-me a mesma resposta.

Por outras palavras, tivessem jornalistas cumprido a sua tarefa, tivessem eles questionado e investigado a propaganda ao invés de ampliá-la, e centenas de milhares de homens, mulheres e crianças podiam hoje estar vivos, milhões podiam não terem fugido dos seus lares; a guerra sectária entre sunitas e xiitas podia não ter sido desencadeada e o infame Estado Islâmico podia agora não existir.

Mesmo agora, apesar dos milhões que foram às ruas em protesto, a maior parte do público nos países ocidentais mal faz ideia da escala absoluta do crime cometido pelos nossos governos no Iraque. Mesmo com poucos conscientes disso, nos 12 anos que precederam a invasão os governos estado-unidense e britânico ativaram um holocausto ao negarem meios de vida à população civil do Iraque.

Estas são as palavras do alto responsável britânico pelas sanções ao Iraque na década de 1990 – um cerco medieval que provocou a morte de meio milhão de crianças com menos de cinco anos, informou a UNICEF. O nome do responsável é Carne Ross. No Foreign Office em Londres ele era conhecido como “Sr. Iraque”. Hoje é alguém que conta a verdade sobre como governos enganam e como jornalistas propagam o engano de bom grado. “Nós alimentávamos jornalistas com factoides de inteligência expurgada”, contou-me, “ou congelávamos-los do lado de fora”.

O principal denunciante durante este período terrível e mudo foi Denis Halliday. Então secretário-geral adjunto das Nações Unidas e alto responsável da ONU no Iraque, Halliday preferiu renunciar a implementar políticas que descreveu como genocidas. Estima que as sanções mataram mais de um milhão de iraquianos.

O que aconteceu a seguir a Halliday foi instrutivo. Foi camuflado. Ou foi vilipendiado. No programa Newsnight da BBC, o apresentador Jeremy Paxman sussurrou-lhe: “Não será você um apologista de Saddam Hussein?” O Guardian recentemente descreveu isto como um dos “momentos memoráveis” de Paxman. Na semana passada, Paxman assinou um contrato de £1 milhão para um livro.

Os serviçais do silenciamento (suppression) fizeram bem o seu trabalho. Considerem os efeitos. Em 2013, um inquérito ComRes descobriu que a maioria do público britânico acreditava que o número de baixas no Iraque era de menos de 10 mil – uma minúscula fracção da verdade. Um rasto de sangue que vai desde o Iraque até Londres foi lavado até quase ficar limpo.

Diz-se que Rupert Murdoch é o padrinho da mafia dos media e ninguém deveria pôr em dúvida o poder acrescido dos seus jornais – 127 ao todo, com uma circulação somada de 40 milhões, e da sua rede Fox. Mas a influência do império Murdoch não é maior do que o seu reflexo na generalidade dos media.
A propaganda mais eficaz não se encontra no Sun ou na Fox News – mas sob um halo liberal. Quando o New York Times publicou afirmações de que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa, acreditou-se nas suas provas falsas porque não era a Fox News; era o New York Times.

O mesmo é verdadeiro em relação ao Washington Post e ao Guardian, ambos os quais desempenharam um papel crítico para condicionar os seus leitores a aceitar uma nova e perigosa guerra-fria. Todos estes três jornais liberais adulteraram acontecimentos na Ucrânia como atos pérfidos da Rússia – quando, de fato, o golpe fascista na Ucrânia foi obra dos Estados Unidos, ajudados pela Alemanha e pela NATO.

A inversão da realidade é tão predominante que o cerco militar de Washington e a intimidação da Rússia não é contestada. Isso não é sequer notícia, mas é silenciado por detrás de uma campanha de difamação e medo do gênero daquela que assistíamos durante a primeira guerra-fria.

Mais uma vez, o império do mal está a vir apanhar-nos, liderado por um outro Stalin ou, perversamente, um novo Hitler. Nomeie o seu demônio e dispare.
O silenciamento da verdade acerca da Ucrânia é um dos mais completos blackouts noticiosos de que me posso lembrar. A maior acumulação militar do ocidente no Cáucaso e na Europa oriental desde a segunda guerra mundial é censurada. A ajuda secreta de Washington a Kiev e suas brigadas neonazis responsáveis por crimes de guerra contra a população do Leste da Ucrânia são censurados. Provas que contradigam a propaganda de que a Rússia foi responsável pelo derrube de um avião da Malaysian são censuradas.

E, mais uma vez, os media supostamente liberais são os censores. Sem mencionar fatos, sem prova, um jornalista identificou um líder pró-Rússia na Ucrânia como o homem que derrubou o avião de carreira. Este homem, escreveu ele, era conhecido como O Demônio. Era um homem aterrador que assustou o jornalista. Era essa a prova.

Grande parte dos media ocidentais tem-se esforçado por apresentar a população de etnia russa da Ucrânia como intrusos (outsiders) no seu próprio país, quase nunca como ucranianos à procura de uma federação dentro da Ucrânia nem como cidadãos ucranianos a resistirem a um golpe orquestrado no estrangeiro contra o seu governo eleito.

O que o presidente russo tem a dizer não tem consequência; ele é um vilão de pantomina que pode ser maltratado com impunidade. Um general americano que encabeça a NATO, um sucessor direto do Dr. Strangelove – um general Breedlove – afirma rotineiramente invasões russos sem nem um fragmento de prova visual. A sua personificação do general Jack D. Ripper, de Stanley Kubrick, é uma caracterização perfeita.

Quarenta mil ruskies estavam se amontoando na fronteira, segundo Breedlove. Isso foi suficiente para o New York Times, o Washington Post e o Observer – este último tendo-se anteriormente distinguido com mentiras e falsificações que apoiavam a invasão de Blair do Iraque, como revelou o seu antigo repórter David Rose.

Há quase a joie d’esprit de uma reunião de classe. Os tocadores de tambor do Washington Post são exatamente os mesmos editorialistas que declararam a existência de armas de destruição em massa de Saddam como “fatos indiscutíveis”.

“Se quiser saber”, escreveu Robert Parry, “como o mundo poderia afundar-se numa terceira guerra mundial – tal como aconteceu com a primeira guerra mundial um século atrás – tudo o que precisa fazer é olhar para a loucura que virtualmente envolveu toda a estrutura política e dos media dos EUA sobre a Ucrânia onde uma falsa narrativa de chapéus brancos contra chapéus pretos se desencadeou a princípio e se demonstrou impermeável a fatos ou à razão”.
Parry, o jornalista que revelou o [escândalo] Irã-Contra, é um dos poucos que investiga o papel central dos media neste ” game of chicken “, como o chamou o ministro russo dos Estrangeiros. Mas será um jogo? Quando escrevo isto, o Congresso dos EUA vota a Resolução 758 que, em poucas palavras, diz: “Vamos preparar-nos para a guerra com a Rússia”.

No século XIX o escritor Alexander Herzen descreveu o liberalismo laico como “a religião final, embora a sua igreja não seja do outro mundo mas sim deste”. Hoje este direito divino é muito mais violento e perigoso do que qualquer coisa que o mundo muçulmano vomite, apesar de o seu maior triunfo ser talvez a ilusão da informação livre e aberta.

Nos noticiários, países inteiros são desaparecidos. A Arábia Saudita, a fonte de extremismo e de terror apoiado pelo ocidente não é notícia, exceto quando faz cair o preço do petróleo. O Iêmen aguentou doze anos de ataques de drones americanos. Quem sabe disso? Quem se importa?

Em 2009, a University of the West of England publicou os resultados de um estudo de dez anos de cobertura da Venezuela feita pela BBC. Das 304 reportagens difundidas, apenas três mencionavam qualquer das políticas positivas introduzidas pelo governo de Hugo Chávez. O programa de alfabetização da história humana mal recebeu uma referência de passagem.
Na Europa e nos Estados Unidos, milhões de leitores e telespectadores não sabem quase nada acerca das notáveis mudanças, vivificantes, implementadas na América Latina, muitas delas inspiradas por Chávez. Tal como a BBC, a reportagens do New York Times, do Washington Post, do Guardian e do resto dos respeitáveis media ocidentais eram notoriamente de má-fé. Chávez foi ridicularizado mesmo no seu leito de morte. Como é que isto é explicado, pergunto, nas escolas de jornalismo? Por que é que milhões de pessoas na Grã-Bretanha são persuadidas de que é necessária uma punição colectiva chamada “austeridade”?

Na sequência do crash econômico de 2008 revelou-se um sistema apodrecido. Durante uma fração de segundo os bancos foram alinhados como vigaristas com obrigações para com o público que haviam traído. Mas dentro de poucos meses – com exceção de algumas pedras lançadas sobre os excessivos “bônus” corporativos – a mensagem mudou. As fotos dos banqueiros culpados desvaneceram-se dos tabloides e algo chamado “austeridade” tornou-se o fardo de milhões de pessoas comuns. Houve alguma vez um truque de prestidigitação mais descarado?

Hoje muitas das condições básicas de vida civilizada na Grã-Bretanha estão sendo desmanteladas a fim de reembolsar uma dívida fraudulenta – a dívida de vigaristas. Dizem que os cortes da “austeridade” montam a £83 mil milhões. É esse quase exatamente o montante do imposto que os mesmos bancos e corporações como a Amazon e a News UK de Murdoch se escaparam. Além disso aos bancos vigaristas é concedido um subsídio anual de £100 mil milhões em seguro gratuito e garantias – um número que financiaria todo o Serviço Nacional de Saúde.

A crise econômica é pura propaganda. Políticas extremistas dominam agora a Grã-Bretanha, os Estados Unidos, grande parte da Europa, Canadá e Austrália. Quem defende os interesses da maioria? Quem está a contar a sua história? Quem está a manter o registro claro? Não é isso o que os jornalistas deveriam fazer?

Em 1977, Carl Bernstein, que ganhou fama com o Watergate, revelou que mais de 400 jornalistas e executivos dos noticiários trabalhavam para a CIA. Neles incluíam-se jornalistas do New York Times, da Time e de redes de TV. Em 1991, Richard Norton Taylor, do Guardian, revelou algo semelhante neste país.
Nada disto é necessário nos dias de hoje. Duvido que alguém pague o Washington Post e muitos outros media para acusar Edward Snowden de ajudar o terrorismo. Duvido que alguém pague aqueles que rotineiramente enlameiam Julian Assange – embora outros prêmios possam ser abundantes.
Para mim está claro que a principal razão porque Assange atraiu tanto veneno, despeito e inveja é que a WikiLeaks destruiu a fachada de uma elite política corrupta mantida a flutuar por jornalistas. Ao anunciar uma era extraordinária de revelações, Assange fez inimigos por desvendar e envergonhar os porteiros dos media, inclusive no jornal que publicou e se apropriou do seu grande furo de reportagem. Ele tornou-se não só um alvo como uma galinha dos ovos de ouro.

Contratos de livros lucrativos e filmes de Hollywood foram feitos e carreiras nos media lançadas ou avançadas nas costas do WikiLeaks e do seu fundador. Pessoas ganharam muito dinheiro, enquanto a WikiLeaks tem lutado para sobreviver.

Nada disto foi mencionado dia 1 de Dezembro em Estocolmo quando o editor do Guardian, Alan Rusbridger, partilhou com Edward Snowden o Right Livelihood Award, conhecido como o Prêmio Nobel da Paz alternativo. O chocante neste evento foi que Assange e a WikiLeaks foram vaporizados. Eles não existiam. Eles eram não pessoas.

Ninguém levantou a voz pelo homem que foi o pioneiro da denúncia digital e forneceu ao Guardian um dos maiores furos da história. Além disso, foi Assange e sua equipe da WikiLeaks quem efetivamente – e brilhantemente – resgatou Edward Snowden de Hong Kong e o enviou para a segurança. Nem uma palavra.

O que tornou esta censura por omissão tão irônica, pungente e desgraçada foi o facto de que cerimônia se realizou no parlamento sueco – cujo silêncio covarde sobre o caso Assange tem sido conivente com um grotesco aborto de justiça em Estocolmo.

“Quando a verdade é substituída pelo silêncio”, disse o dissidente soviético Yevtushenko, “o silêncio é uma mentira”.

É esta espécie de silêncio que nós jornalistas precisamos romper. Precisamos de olhar o espelho. Precisamos prestar contas quanto aos media que não as prestam e que servem o poder e [alimentam] uma psicose que ameaça uma guerra mundial.

No século XVIII, Edmund Burke descreveu o papel da imprensa como um Quarto Estado controlando os poderosos. Será que isto era verdade? Ela certamente já não faz isso. O que precisamos é de um Quinto Estado: um jornalismo que monitore, desconstrua, faça contrapropaganda e ensine os jovens a serem agentes do povo, não do poder. Precisamos do que os russos chamavam perestroika – uma insurreição do conhecimento subjugado. Eu chamaria a isto jornalismo real.

Passam agora 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial. Repórteres foram então premiados e condecorados pelo seu silêncio e conivência. Na altura da carnificina, o primeiro-ministro britânico David Lloyd George confidenciou a C.P. Scott, editor do Manchester Guardian: “Se o povo realmente soubesse [a verdade] a guerra seria travada amanhã, mas naturalmente eles não sabem e não podem saber”.

É tempo de saberem.

[*] O texto acima é a transcrição do discurso de John Pilger no Logan Symposium, “Building an Alliance Against Secrecy, Surveillance & Censorship”, organizado pelo Centre for Investigative Journalism, Londres, 5-7/Dezembro/2014.
O original encontra-se em www.globalr

domingo, 28 de dezembro de 2014

UM PEQUENO RETROSPECTO POLÍTICO

Saiu no jornal GGN

A Revolta Cashmere – o ano em que o brasileiro encarou seus mitos, por Sérgio Saraiva

Em um ano de acontecimentos da ordem de uma Copa do Mundo e de uma eleição antecedida de uma tragédia que vitimou um dos seus principais candidatos, o personagem principal não foi nem um atleta e nem um político, mas sim a figura do revoltoso cashmere.
Revolta Cashmere – assim a “The Economist” chamou o inusitado movimento que tomou as ruas do Brasil em 2014. Pessoas brancas, bem vestidas, daí o designativo de cashmere, bem posicionadas social e financeiramente, de repente saem às ruas no intento de derrubar um governo democraticamente eleito.
Sem a ironia típica dos ingleses, chamamos os de “os coxinhas”.
A “The Economist” foi realmente feliz. Sem dúvida, Revolta Cashmere é um nome adequado para descrever nossa luta de classes unilateral e invertida.
Não nos enganemos, vivemos a última década envolvidos em uma luta de classes como nunca antes neste país. Luta de classes singular, invertida, onde as classes dominantes são protagonistas. Reagem ao avanço das classes populares que marcham inconscientes da própria luta em que estão inseridas.
Em 2014, a luta que até então era surda, frente à eminência de mais quatro anos fora do poder federal, jogou o revoltoso cashmere nas ruas.
Seus gritos de guerra: “não vai ter Copa”, “vai tomar no cu”, “fora Dilma, e leve o PT junto” e o indefectível “vai pra Cuba”.
Basta recordá-los para ver que o revoltoso cashmere é antes de tudo um derrotado. Alguém que luta contra seu próprio país por nele se considerar um estrangeiro jamais vencerá.
Seu inimigo – os bolivarianos. Ainda que de bolivariano mesmo somente a mesma classe média reacionária no Brasil e na Venezuela.
O revoltoso cashmere se recusa a reconhecer que seu inimigo é qualquer ação que venha a reduzir, minimamente que seja, a nossa escandalosa desigualdade. Que reduza as vantagens comparativas com as quais se identifica como superior aos “nativos”. O revoltoso cashmere acusa Lula de jogar pobres contra ricos. E, como o revoltoso cashmere se filia aos ricos, sente-se pessoalmente atacado.
O ano mal havia começado e o combate que deram aos meninos pretos e mulatos dos rolezinhos que ousavam frequentar o mesmo shopping center que seus filhos mostrou o quanto de preconceito e hipocrisia há na nossa “democracia racial”. Os rolezinhos eram tão somente uma apropriação de valores burgueses por uma classe social de proletários que tinha tido seu poder aquisitivo melhorado.  Os burgueses julgavam, no entanto, que essa apropriação era, na verdade, um roubo. Mandaram a polícia bater nos meninos.
Foi também um momento tragicômico para os estamentos superiores da nossa pirâmide social. Juízes dando liminares que cassavam o direito constitucional de ir e vir. Personalidades constrangidas em mostrar todo o seu preconceito social, mas considerando os rolezinhos um perigo. E os garotos só a fim de dançar funk ostentação na praça de alimentação.
Lembrando daquele povo branco nas ruas em junho de 2013 pleiteando escolas e hospitais públicos “padrão FIFA”, perguntei-me: estiveram realmente dispostos a dividir a mesma enfermaria com o porteiro dos seus condomínios? Seus filhos iriam dividir a mesma classe escolar do filho da diarista no advento do tal “padrão FIFA” público e para todos?
Com a reação aos rolezinhos eles responderam: não.
Daí até a Copa, a violência explodiu. Se havia policiais suficientes para sufocar os rolezinhos, pareciam insuficientes e impotentes para controlar os revoltosos cashmeres e sua tropa de choque – os black blocs.
“Não vai ter Copa”.
Não era uma Copa, era uma revolução, tratava-se de derrubar o governo.
Uma campanha de desconstrução conduzida massivamente pela grande mídia tornou-se um fenômeno sociológico. Foi capaz de momentaneamente modificar a auto-imagem do brasileiro. O brasileiro passou de um povo alegre, hospitaleiro, festeiro e laissez faire para um povo capaz de ameaçar turistas estrangeiros como fossemos um terrorista do oriente médio. Carrancudo a ponto de não querer participar da própria festa pela qual esperou mais de meio século. Oportunista a ponto de agredir um símbolo como a seleção brasileira de futebol para chamar atenção para suas reivindicações salariais e intolerante e violento a ponto de linchar meninos carentes e senhoras emocionalmente desajustadas.
"Ei Dilma, vai tomar no cu".
Os jogos, no entanto, foram a primeira derrota dos revoltosos cashmeres. Foram um sucesso de organização e de público. Mas a pressão já havia feito seu estrago no moral da nossa seleção.
Ainda assim, nos setores VIPs dos estádios, lá estavam os revoltosos cashmeres ofendendo a presidente com termos de baixo calão. Mostrando ao mundo que formavam hordas bárbaras em meio a um povo que festejava nas ruas o congraçamento dos povos em torno do esporte.
"Fora Dilma, e leve o PT junto".
Acabada a Copa, a campanha eleitoral foi a grande batalha da Revolta Cashmere. Nela, as forças se dividiram literalmente como dois exércitos em guerra. O PT de um dos lados, todos os demais do outro. E lá estava o revoltoso cashmere exercendo o preconceito contra os pobres que ele chamava, na sua ignorância, de nordestinos. Pleiteando a divisão do Brasil em dois países antagônicos – o do norte e o do sul. O preconceito desavergonhado e a intimidação mais grosseira elevados à condição de manifestação política. Mas toda a violência contida no “Fora Dilma, e leve o PT junto” não bastou. Deu Dilma, deu PT.
"Vai pra Cuba".
Inconformado, o filósofo cashmere ainda ameaçava:
“Precisamos de uma militância de secessão: que os bolivarianos durmam inseguros com o dia seguinte, porque metade do país já sabe que eles não são de confiança. Que fique claro que a batalha foi ganha pelos bolivarianos, mas, a guerra acabou de começar, e começou bem” Luis Felipe Pondé em “Diálogo ou secessão?”. 
E o revoltoso cashmere foi novamente às ruas, agora para pedir impeachment e a volta da ditadura militar. Chegou ao ridículo de em uma petição em inglês pedir à Casa Branca uma intervenção americana. Sonhava ser salvo pela cavalaria do General Custer.
Em sua batalha final, já uma luta de resistência, aos grupelhos, dirigiu-se à Avenida Paulista. Mas, agora, eram liderados por malucos decadentes. E no último e melancólico ato da Revolta Cashmere, seu eleito faltou à passeata que ele mesmo convocara – havia ido para a praia.  Os revoltosos cashmeres ficaram esperando Godot.
Por fim, mais uma série de derrotas simbólicas. O revoltoso cashmere ainda teve de ver seu cavaleiro vingador politicamente inviabilizado aposentar se precocemente e a pedido, mas com vencimentos integrais e apartamento em Miami. E vê aqueles a quem admira e adula, os diretores de grandes empresas de engenharia, seu símbolo de ascensão profissional, serem presos como corruptores na Operação Lava Jato.
Antes, vira seu Midas-X falir. Fechando o ano, ouviu Obama falar para Fidel Castro: “Somos todos americanos”. Obama foi para Cuba.
E assim, termina 2014 - o ano da Revolta Cashmere. Um ano em que fomos apresentados a nossa face mais hipócrita, preconceituosa, violenta e intolerante. Donde o brasileiro cordial? Foi um ano para confrontarmos nossos mitos.
Começaremos 2015, ansiando por nuvens escuras e tempestades. Até porque, ao lado progressista desta nação em construção, os enfrentamentos à Revolta Cashmere nos ensinaram a não temer tempos feios ou gente cheirosa.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

E O TSE, PARA QUEM FUNCIONA?

Di Jornal GGN

Foi Toffoli quem manobrou para Maluf ser absolvido no TSE

Atualizado as 8:24
Jornal GGN -  Ao contrário do que foi divulgado, a manobra no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para absolver Paulo Maluf da Lei de Ficha Limpa não foi da relatora Lúcia Guimarães Lóssio, mas do próprio presidente José Antonio Dias Toffoli.
Foi dele a decisão de  colocar as questões na pauta, aproveitando-se da ausência do MInistro Admar Gonzaga - que era contra -,  conseguiu o voto a favor do suplente, Ministro Tarcísio Vieira, para reverter a votacão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo que havia impugnado a candidatura.
Contra Maluf votaram Luiz Fux, Maria Thereza de Assis Moura e a relatora Lóssio. A favor, Dias Toffoli e os ministros Gilmar Mendes, João Otávio de Noronha (o substituto) e Vieira.
A manobra maior não foi essa. O recurso apresentado era embargo de declaração, que se destina apenas a corrigir omissões e eventuais contradições, e não a modificar a decisão, porque nesse caso haveria o chamado efeito infringente - mudar o resultado do julgado - vedado em embargos de declaração. Trata-se de um precedente jurídico temerário, valendo-se de um recurso não previsto em lei.
Não se sabe as razões que levaram Toffoli a essa manobra. Ele não se limitou a votar a favor de Maluf, mas também a manobrar, lançando dúvidas sobre sua motivação. Certamente não foi pelo fato de pertencer à base de apoio do governo, já que votou em dobradinha com Gilmar Mendes - inimigo figadal do governo Dilma.
O TRE havia negado registro a Maluf devido a uma condenação pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, por superfaturamento de cerca de R$ 200 milhões em obras.
 
A decisão desmoraliza a Lei da Ficha Limpa e demonstra que o TSE absolve ou condena de acordo com a vontade pessoal dos Ministros.

MÍDIA, POLÍCIA FEDERAL, MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL SÓ FUNCIONAM EM CERTOS CASOS?

De Fernando Brito, no Tijolaço. Em tempo: Será que foi mesmo acidente? Uma investigação transparente poderia esclarecer.

Até de IPTU isentaram casas destruídas. Só não se pode saber de quem era o jatinho

18 de dezembro de 2014 | 08:40 Autor: Fernando Brito
anjo
A Folha traz hoje a informação de que, com muita justiça, o prefeito tucano de Santos isentou por três anos os imóveis atingidos pela queda do avião de Eduardo Campos.
Mas, a essa altura, mais de quatro meses depois do acidente, já é o caso da gente se perguntar se o avião caiu mesmo.
Porque nossa Polícia Federal, o bravo Ministério Público e a implacável (com as contas de Dilma) Justiça Eleitoral, até agora, não conseguiram dizer a quem pertencia o jatinho e em que circunstâncias estava servindo ao ex-governador de Pernambuco.
A investigações foram abertas mas não são públicas ou não existem de fato.
Por que? Qual é o segredo de Justiça que pode explicar isso?
A imprensa, que rastreia com faro de sabujo tudo o que diga respeito aos governistas, não se interessa em perguntar porque o avião não aparece nem na primeira, nem na segunda, nem na última prestação de contas da campanha Marina/PSB.
Nada, senão um silêncio ensurdecedor.
É um verdadeiro escárnio com a opinião pública e com as vítimas do acidente, que se vêem impedidas de cobrar os ressarcimentos materiais e morais dos proprietários e dos responsáveis pela aeronave.
Os empresários-fantasmas do avião-fantasma foram deixados de lado. Não existem, como parece não existir o avião.
Do famoso Apolo Santana Vieira, só o que foi publicado, este mês, foi que o Cabanga Iate Clube, do Recife, o coloca em segundo lugar na lista de espera para a usar a Dársena (área de cais e de manobra portuária) Ouro de seu ancoradouro.
Talvez com um iate-fantasma.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

EM DEFESA DA PETROBRAS

De um petroleiro. Do Conversa Afiada

Trabalho na Petrobras e
quero a escumalha na rua !

O Conversa Afiada republica comentário do amigo navegante Alves.


Alves


… sou empregado da Petrobras há 34 anos. Saio de Natal, onde moro, e viajo para a província petrolífera de Urucu no estado do Amazonas. Trabalho 12 horas por dia durante quinze dias, faça chuva ou sol. Entre nós, peões do rés do chão, há tucanos como em todas as categorias de trabalhadores, felizmente eles são minoria. O corpo diretivo da empresa é tucano em quase a totalidade.


Os governos trabalhistas mantiveram os diretores e gerentes herdados da era FHC sob o argumento da meritocracia. Não houve a renovação que nós, empregados, esperávamos. Todos esses gerentes cujos nomes aparecem nas manchetes ligados a ilícitos são tucanos pré Lula.


A Petrobras é outra desde 2002: há investimentos, novos projetos, recomposição ainda insuficiente do efetivo… mas as práticas gerenciais tucanas persistem, os gerentes e fiscais de contratos são os mesmos de sempre, os sinais exteriores de riquezas de muitos funcionários ligados a compras e gerenciamentos de contratos são evidentes.


Queremos firmeza por parte da Dilma, contamos com a manutenção da presidenta Graça e a substituição de toda essa escumalha envolvida em roubalheiras, desde os diretores comprovadamente ladrões até os pilantrinhas que recebem agrados de empreiteiras. A hora é essa.

RENDA BÁSICA: NOS PAÍSES RICOS

A ideia da renda básica foi propagandeada no Brasil principalmente por Eduardo Suplicy, já então político do PT, antes da eleição em que Lula venceu pela primeira vez. Fez muitos discursos, e um ótimo livro sobre o assunto.

Na realidade, a ideia é antiga. Foi objeto de um panfleto de Thomas Payne, um dos principais líderes da revolução americana, ainda no século 18. Estou voltando ao assunto a propósito de um artigo de Rutger Bregman, da publicação holandesa De Correspondent. Ele fez uma apresentação em inglês defendendo a universalização da renda básica, neste you tube, em inglês. Como ele não é de fala inglesa, é um pouco mais fácil um ouvido não bem treinado entender. Mas há o artigo que ele escreveu neste ano (em holandês), e que foi vertido para o italiano na revista Internazionale de 11 de julho de 2014.

Ele descreve um experimento de 2009 em Londres, e alguns outros feitos nos anos setenta, no Canadá e Estados Unidos. Lembra que entre os apoiadores da renda básica estão dois apóstolos do neoliberalismo - Friedrich Hayek e Milton Friedman, e dois presidentes dos EUA: Lyndon Johnson e Richard Nixon autorizaram testar os efeitos da renda básica em grupos de cidadãos pobres, oui sem teto. Foram alocadas dezenas de milhões de dólares para esses experimentos.

As mesmas objeções que hoje se apresentam ao bolsa família foram levantadas na época, em cinco experimentos nos EUA e um no Canadá. E os resultados desmentiram as alegações de que desencorajariam o trabalho, que criaria uma multidão de preguiçosos, que iria alimentar os vícios em álcool e em drogas ilegais. Não produziram sequência porque a onda neoliberal pegou os políticos que sucederam os responsáveis pelos experimentos. 

Sobretudo, mostraram, e o estudo de 2009 confirma, que é mais barato dar dinheiro direto aos carentes, que na sua esmagadora maioria gastam o dinheiro nas prioridades corretas (como tem acontecido com o bolsa família no Brasil, em que a maior parte dos receptores do dinheiro são mulheres). E no processo deixam de lado os políticos que gostariam de atravessar os benefícios em proveito próprio. 

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A EFICIÊNCIA TUCANA EM SÃO PAULO

Por Altamiro Borges

Falta papel higiênico nas escolas de SP

Por Altamiro Borges

Geraldo Alckmin foi reeleito já no primeiro turno para governar São Paulo por mais quatro anos. Caso conclua o novo mandato, o "picolé de chuchu", segundo a ácida ironia de José Simão, poderá somar 14 anos de residência no Palácio dos Bandeirantes. Isto apesar da crise de abastecimento de água no Estado mais rico da federação, do caos na segurança pública, das panes e atrasados no Metrô. Este "fenômeno eleitoral" tem várias causas, mas a principal é a enorme blindagem promovida pela mídia chapa-branca - que recebe fortunas em publicidade e outras regalias do governo estadual. Nem as maracutaias das gestões tucanas, como o "trensalão", ganham os seus holofotes. Agora, passada as eleições, a sociedade descobre que falta até papel higiênico nas escolas públicas de São Paulo.

Segundo reportagem da Rede Brasil Atual, o governo cortou em novembro a verba enviada a escolas da zona oeste da capital para compra de produtos de higiene e materiais de escritório. "As instituições de ensino terminam o ano letivo sem papel higiênico, folhas sulfite, sabonetes, copos descartáveis e outros itens básicos, como denunciaram à RBA professores e diretores que não se identificaram, temendo represálias... As escolas também ficarão sem a verba que anualmente era encaminhada para a realização de reformas no prédio e sem o dinheiro para contratação de professores-estagiários e para realização de atividades culturais fora da escola", relata a jornalista Sarah Fernandes.

Os materiais escolares e produtos básicos para manutenção das unidades são comprados por meio da chamada Verba Gimba, que deveria ser entregue mensalmente às escolas, de acordo com o número de alunos. Ela foi cortada em algumas unidades entre novembro e dezembro, o que obrigou muitos dos gestores a tirarem dinheiro de outros projetos. "'Ficamos sem papel higiênico e sem folhas para secar as mãos', afirmou uma professora de outra escola da rede estadual também na capital paulista, que igualmente manteve identidade em sigilo".

Procurada pela RBA, a Secretaria de Estado da Educação negou que faltem materiais nas escolas da rede pública estadual. No entanto, sua assessoria afirmou que "o sistema da rede de suprimentos, que passa por replanejamento, será reaberto às unidades nos primeiros dias úteis do mês de janeiro". Pelo jeito, tucanaram também os cortes de verbas, agora chamados de "replanejamento". "De acordo com dados do Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária (Sigeo), obtidos pela RBA, o montante encaminhado pelo governo do estado para 'outros materiais de consumo' foi reduzido em 40,7% entre setembro e outubro, último mês com dados fechados".

"O dinheiro para o 'Trato na Escola' – total de R$ 7,9 mil que as instituições recebem todo janeiro para realizar pequenas reformas, como pintura, conserto de janelas e compra de novas carteiras – também foi cortado. 'Só sabemos que a verba não vai vir no ano que vem, mais nada', lamentou um dos gestores que manteve contato com a reportagem. Segundo o Sigeo, a verba para a rubrica 'reforma de imóveis' caiu 44,4% entre setembro e outubro". Ainda de acordo com os entrevistados, também foram cortadas as verbas para realização de atividades fora de escola, do programa chamado Cultura é Currículo, e para a contratação de estudantes de licenciatura para estágios remunerados, pelo Residência Educacional, que funcionou na rede por apenas nove meses.

Apesar de toda retórica sobre "austeridade fiscal", que os tucanos bravateiam e a mídia chapa-branca amplifica, o Estado de São Paulo está falido. Geraldo Alckmin apresentou três déficits orçamentários consecutivos. Em 2011 foi de R$ 723,9 milhões; em 2012 de R$ 240,5 milhões; e em 2013 fechou em R$ 995 milhões. São Paulo só registrou superávits entre 1998 e 2010. "Em 10 de novembro deste ano, o governador publicou o decreto de número 60.887, que determinou que a média de realização das despesas correntes nos órgãos da administração estadual no último trimestre de 2014 'não poderá exceder a média do valor liquidado no período de abril a setembro de 2014'". A medida arrocha ainda mais os gastos do Estado, o que ajuda a explicar a falta de papel higiênico nas escolas públicas!

domingo, 14 de dezembro de 2014

UMA ÓTIMA IDEIA DA AEPET

Associação dos Engenheiros da Petrobras

Governo deveria aproveitar para recomprar ações da Petrobrás

Data: 10/12/2014 
Autor: Rogério Lessa
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Sem querer, o jornal O Globo desta quarta-feira (10) deu uma excelente ideia ao governo em relação à Petrobrás: na página 25, no quadro “perguntas e respostas”, traz a opinião de um especialista da FGV para quem o governo "pode injetar mais dinheiro e chegar a estatizar totalmente a empresa". 
Na verdade, "injetar mais dinheiro" deve ser substituído por “recomprar ações”, principalmente aquelas negociadas em Nova Iorque, já que outro jornal, o Brasil Econômico, destaca que "Risco faz estrangeiros venderem Petrobrás". Ou seja, já que os estrangeiros querem vender, o governo deveria aproveitar as ações em baixa para recuperar o máximo possível da maior empresa do País para o controle do povo brasileiro. 
A AEPET há muito vem sugerindo que caminhemos nessa direção, que reforçaria o papel da Petrobrás no desenvolvimento do Brasil. Ainda no mandato de Lula, contatamos o então presidente do BNDES, Carlos Lessa, pedindo que iniciasse movimento de recompra de ações da Petrobrás. Lessa, que já tinha feito o mesmo com a Vale, impedindo que a Mitsubishi passasse a controlar a mineradora, gostou da ideia, mas logo em seguida foi substituído na presidência do banco de desenvolvimento.

PAULO HENRIQUE AMORIM, SOBRE JUSTIÇA

No Conversa Afiada. Atenção! Há algumas frases que são ironias!!! A propósito, indico também o artigo de Miguel Do Rosário, este, no Cafezinho.


Dr Janot, e o Álvaro, o jatinho,
o Guerra, o Cerra?

O Dr Moro nao pegou os patroes. O Dr Janot pegará os tucanos gordos ?



Conversa Afiada confia em que o Procurador Geral da República, Dr Rodrigo Janot venha a desempenhar um papel Republicano na Lava Jato.

Apesar do mau passo registrado por Mauricio Dias, na Carta: a tentativa de nomear os diretores da Petrobras.

A Lava Jato do Juiz Moro, casado com uma funcionária do Governo tucano do Paraná, já ofereceu a munição que faltava ao PiG para alvejar a Dilma, através das sucessivas delações seletivas, com o apoio desinteressado dos delegados aecistas.

A Vara do Juiz Moro inundou o PiG de Lava Jato.

Tem noticia sobre o Lava Jato até nas colonas sociais, uma sobrevivência bem paulistana de dejeto da imprensa americana do século XIX.

É o oxigênio do Golpe – a Lava Jato e dejetos em geral.

Procurador Geral denunciou os executivos das empreiteiras.

Como se sabe, o Dr Moro não chegou aos DONOS das empreiteiras.

Ficou no segundo escalão …

Como observa o Janio de Freitas, na Fel-lha http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/200109-curiosidades-a-jato.shtml: patrão que é bom, nada !

Esse Dr Moro …

Ainda está por provar-se, como o Neymar e o mensalão do PT …

Dizem que o Dr Moro vai oferecer ao Procurador Geral, agora, a lista dos políticos.

Aguarda-se com incontida emoção.

Sabe-se que a lista dos empreiteiros do PT é uma replica da lista dos empreiteiros da campanha do Aécio Never.

Sabe-se – segundo esse PiG malévolo e inconfiável – que dois tucanos gordos, o presidente do Partido, antecessor de Aécio na Presidência, o falecido Sérgio Guerra e Álvaro Dias, que lê o PiG nas sessões do Senado, teriam recebido dinheiro para matar uma CPI da Petrobras nos tempos plúmbeos do FHC.

A Fel-lha escondeu o que pode, mas, sabe-se, na ediçao de hoje, em reportagem de Rubens Valente – autor do indesmentível “Operação Banqueiro” – que o senador eleito Padim Pade Cerra, o místico de Aparecida, foi apanhado com a boca na botija da Queiroz Galvão:                    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/200097-empreiteira-associa-valor-de-obra-a-doacao.shtml

A empresa explicou outras iniciais: “J.S.” é o senador eleito José Serra (PSDB-SP), “P.S.” é segundo colocado na eleição ao governo paulista, Paulo Skaf (PMDB), e “E.A.” é o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), derrotado na disputa estadual no Rio Grande do Norte.


Há outros valores associados a obras em São Paulo, como o CSS (Contorno de São Sebastião) e CEML (Consórcio Monotrilho Leste), realizados pelo governo estadual, e a ETGUA, uma referência à Estação de Tratamento de Água de Guarulhos, na Grande São Paulo, esta executada pela Prefeitura de Guarulhos.



Como se sabe, não há o menor perigo de o místico de Aparecida ir em cana por isso, nem pela associação de seu clã à Privataria Tucana.

Na Justiça do Brasil, “privilegio de foro” de tucano é sagrado !

Em tucano não se toca: como não se toca em militar torturador, segundo o veredito leniente da Comissão da ½ Verdade.

São intocáveis !

Breve, alguns corajosos Procuradores da organização do Dr Janot irão ao Supremo testar a possibilidade de um novo Supremo rasgar a vergonhosa Lei da Anistia, sem que a ½ CNV lhes tenha ajudado, porque, como diz um dos ilustres Conselheiros, a revisão da lei da Anistia é pauta ultrapassada !

Viva o Brasil !

Com o mesmo espírito Republicano, o Dr Janot haverá de chegar aos políticos.

Por exemplo, como nota o Janio deste domingo (14): Dr Janot, quem é o dono do jatinho em que morreu o Eduardo Campos ?

Aquele em que a Bláblárina voou, em campanha, seis vezes ?

Será Campos o próprio dono ?

Que horror !

Que mistério, não é, zé da Justiça ?

O que a PF descobriu sobre a propriedade do jatinho ?

E o Welington  Moreira Franco, ministro de qualquer Governo, que comanda a aviação civil e até hoje não se pronunciou sobre o rumoroso tema ?

Diz o Janio, Dr Janot:

A Secretaria de Aviação Civil, a Polícia Federal e a Aeronáutica, pelo que foi noticiado ao completar-se o quarto mês da morte de Eduardo Campos, ainda não sabem quem “era o responsável” pelo avião. A enrolação sugere ilegalidade. Antes da mal alegada venda, para mal identificados compradores, o avião tinha proprietário registrado. E esse proprietário, se vendeu o avião, sabe quem e como pagou. O fato de Eduardo Campos estar morto não justifica que o esclarecimento seja dispensado. Ou evitado. Inclusive porque há envolvidos vivos. Lava Jato aí também.


A República aguarda seu geral procurador.

Paulo Henrique Amorim