segunda-feira, 30 de novembro de 2015

SOBRE DELCÍDIO E AS TERMOELÉTRICAS DO GOVERNO FHC

Por Helena Stephanowitz, na rede Brasil Atual

Ao 'falar demais', Delcídio revelou a transposição do 'petrolão tucano'

Prisão de senador pode ter sido justa, mas talvez tenha ocorrido antes da hora. De certo e concreto, tudo mostra que o caso é mais um dos que se originaram sob asas tucanas
GERALDO MAGELA /AGÊNCIA SENADO / FOTOS PÚBLICAS
Delcidio.jpg
Delcídio do Amaral comprovou, por conversas gravadas, origens da corrupção na Petrobras
Pelo teor das gravações que chegaram ao conhecimento público, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) fez por merecer sua prisão, apesar de alguns juristas dizerem que houve precipitação na decisão. Isso porque, de acordo com a Constituição, parlamentares só podem ser presos em flagrante – pode-se até questionar se há excessos nas prerrogativas parlamentares, mas atualmente é o que está em vigor na Carta Constitucional brasileira.
Outra questão é se a prisão irá ajudar ou terá atrapalhado as investigações. Na prática, Delcídio foi preso por falar demais e sua prisão imediata acaba por silenciá-lo. Daqui em diante, o senador se limitará a só falar o que os investigadores já sabem e, pelo jeito, vem aí um novo acordo de delação premiada.
A melhor investigação recomendava monitorá-lo algum tempo antes de prendê-lo para obter provas mais conclusivas, armar o flagrante em ação controlada e, assim, pegar outros envolvidos e obter evidências de eventuais crimes ainda não elucidados ou mesmo desconhecidos.
Mas Delcídio produziu uma combinação fatal para si mesmo: falou em influir politicamente na decisão de ministros do STF e citou um banqueiro bilionário (que era André Esteves, do BTG Pactual) ter em mãos a cópia de um acordo de delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que deveria estar em sigilo absoluto.
Tudo isso somado certamente levou os ministros do STF citados à conclusão de que se esta gravação chegasse à imprensa antes de prendê-lo eles próprios estariam sob suspeição diante da opinião pública. Como agravante, o risco de dossiês secretos virem a ser usados com fins escusos, inclusive como informação privilegiada no mercado financeiro. Daí o imediatismo da prisão, mesmo controversa do ponto de vista constitucional.
Apesar de a prisão silenciar as conversas de bastidores de Delcídio sobre malfeitos na Petrobras, a gravação feita por Bernardo Cerveró, filho de Nestor, da reunião que teve com o advogado Edson Ribeiro, que defendia o ex-diretor, e do chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, contém informações suficientes para tirar da gaveta o que podemos chamar de "petrolão tucano". Tudo aponta para concluir-se que o esquema de corrupção na diretoria internacional da Petrobras após 2003 ser uma transposição vinda da diretoria de Gás e Energia na gestão de Delcídio, durante o governo tucano de FHC.
Já está claro que, com o apoio de Delcídio, Cerveró foi para a Diretoria Internacional em 2003. E levou com ele gerentes da diretoria de Gás e Energia que agora são investigados na Lava Jato e que aparecem ligados a escândalos do passado mal investigados até hoje.
Delcídio foi diretor de Gás e Energia da Petrobras entre 1999 e 2001. Nestor Cerveró foi seu braço direito na época. Eram gerentes nesta diretoria Luis Carlos Moreira da Silva e Cezar de Souza Tavares. Foram designados naquele tempo para representar a Petrobras no conselho de administração da Termorio S.A., empresa criada para construir e operar a termoelétrica Leonel Brizola, em Duque de Caxias, cujo maior fornecedor de equipamentos foi a Alstom.
Na conversa gravada, Delcídio manifestou preocupação com a possibilidade de Cerveró delatá-lo por questões relacionadas a contratos da Alstom com a Petrobras.
Apesar de fazerem parte apenas do conselho de administração da termoelétrica, posto que não tem função executiva, os dois gerentes viajaram para a Suíça junto com o presidente da Termorio em junho de 2002 para participar de negociações do contrato da Alstom, conforme descrito em ata de reunião da diretoria registrada na Junta Comercial do Rio de Janeiro. Na 20ª fase da Operação Lava Jato, os dois foram alvos de mandados de busca e apreensão por evidências de terem recebido propina na compra da Refinaria de Pasadena, nos EUA.
Luis Carlos Moreira da Silva foi levado por Cerveró para ser gerente-executivo de desenvolvimento de negócios da diretoria internacional. Cezar de Souza Tavares se aposentou e abriu a empresa Cezar Tavares Consultores, que foi contratada pela diretoria de Cerveró para atuar na negociação dos contratos de compra da Refinaria de Pasadena. Em 2008, após Cerveró sair da diretoria Internacional, Moreira tam´bem se aposentou e virou sócio na consultoria de Tavares, mesmo movimento feito por outro investigado, Rafael Mauro Comino, igualmente "transposto" da diretoria de Delcídio para a Internacional de Cerveró.
No diálogo gravado, Delcídio dá a entender que tinha uma combinação para Cerveró não falar sobre envolvimento dele com a Alstom e questiona o rascunho da delação mostrado por André Esteves conter isto. Bernardo e o advogado Edson confirmam que Cerveró e Moreira (eles não citam o nome completo) tinham dinheiro na Suíça, recebido da Alstom, e foram descobertos lá há algum tempo, mas conseguiram arquivar o processo fazendo acordo confidencial com o Ministério Público de lá. O dinheiro ficou com o governo suíço mas, no Brasil, ninguém soube de nada.
Os procuradores da Lava Jato tiveram conhecimento da trama informamente quando estiveram na Suíça mas, segundo o advogado Edson, não têm como usar esta informação de forma legal no Brasil, já que, depois do acordo, os procuradores suíços não podem mais fornecer estes dados oficialmente.
Pausa para uma observação: se for verdade esta narrativa, que justiça podre era essa dos suíços? Descobriram dinheiro com indícios de ser roubado dos cofres públicos brasileiros e fizeram acordo para ficar com o dinheiro em troca de silêncio?
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Tribunal de Contas da União aponta negociação potencialmente prejudicial à Petrobras, sob gestão de maus diretores
Gestões temerárias
Mas voltando ao "petrolão tucano": a diretoria de Delcídio foi responsável pela assinatura dos contratos lesivos à Petrobras para construção e operação de usinas termelétricas, no governo FHC, em consórcio com empresas estrangeiras como Enron, El Paso e com a brasileira MPX, de Eike Batista.
Processo de tomada de contas especial do TCU – TC 032.295/2010-3 – registra nos contratos que a Petrobras assumiu sozinha riscos desfavoráveis ao erário público (leia-se: ruins para a estatal e bons para os sócios privados nos consórcios) para a construção das termelétricas.
O texto do acórdão descreve um contrato draconiano, cuja única garantia tinha os sócios privados, de que teriam seus lucros devidamente recebidos – o que obrigou a estatal a pagar aos consórcios R$ 2,8 bilhões. A Petrobras (leia-se, o povo brasileiro) ficou com este prejuízo, enquanto os sócios privados foram generosamente remunerados. Pior do que isso, durante cinco anos a Petrobras pagou aos sócios juros de 12% ao ano, mais do que os sócios pagavam ao BNDES pelo dinheiro que tomaram emprestado para investir.
Desenhando: se a Petrobras tomasse diretamente empréstimo no BNDES para construir as termelétricas sem sócio nenhum, em cinco anos pagaria o empréstimo, com juros muito menores e ficaria dona sozinha das usinas.
Mesmo identificando e reconhecendo tudo isso, o acórdão do TCU de 16 de julho de 2014 (quando a Lava Jato já bombava) acatou a defesa e não puniu ninguém da diretoria da Petrobras da era tucana.
Foram alvo desta tomada de contas além de Delcídio e Cerveró, Henri Philippe Reichstull, Ronnie Vaz Moreira, Francisco Gros, Rogério Almeida Manso da Costa Reis, José Coutinho Barbosa, Geraldo Vieira Baltar, Albano de Souza Gonçalves, João Pinheiro Nogueira Batista,Jorge Marques de Toledo Camargo, Antônio Luiz Silva de Menezes, Irani Carlos Varella.
Um trecho do acórdão do TCU resume a decisão: "(...) ainda que tenha faltado prudência por parte dos administradores da Petrobras, os gestores devem ser eximidos de responsabilidade por não ser razoável exigir-lhes que, com as circunstâncias favoráveis de mercado, descumprissem os compromissos políticos e sociais que haviam assumido e desistissem da oportunidade de negócio que se apresentava. Fica demonstrada a inexigibilidade de conduta diversa por parte dos gestores da Petrobras, excluindo sua a culpabilidade".
Deixa ver se entendi: em uma linguagem menos embromada, como a diretoria tinha "compromisso político" com o governo tucano ficou tudo liberado para fazer outra imprudente "privataria" com a Enron, El Paso e MPX. É isso?
Detalhe: em 2001 e 2002, quando ocorreram estes fatos, o ministro das Minas e Energia era José Jorge que posteriormente foi senador pelo PFL de Pernambuco. Em 2014, José Jorge era conselheiro do TCU. Hoje aposentado, à época ele declarou-se impedido de votar neste processo. Concluí-se, portanto, que ele tinha interesse direto no assunto.

SOBRE O BNDES, A FOLHA NÃO ERROU: A FOLHA MENTIU

Do Viomundo

Como a Folha fez manchete com insinuação mentirosa para atacar Lula

publicado em 29 de novembro de 2015 às 12:05
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A Folha mia para o banqueiro e late para o Lula
A Folha errou
29/11/2015 02h00
No primeiro dia deste mês, a manchete desta Folha foi a reportagem “BNDES suavizou exigências para socorrer amigo de Lula”, na qual o jornal afirma que o banco contornou norma interna que impediria conceder empréstimos para empresa cuja falência tenha sido requerida.
A matéria insinua que o objetivo seria dar tratamento privilegiado à empresa São Fernando Energia e a seu acionista José Carlos Bumlai por conta de uma suposta relação com o ex-presidente Lula.
Não houve nenhuma flexibilização de normas internas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A operação referida pela Folha foi feita na modalidade indireta, em que o BNDES atua em parceria com bancos credenciados.
Nesse caso, a análise do crédito e o risco de inadimplemento (pagar os valores devidos caso o mutuário não o faça) são assumidos pelos agentes repassadores, que foram BTG e Banco do Brasil. Em particular, cabem aos agentes atestar que fizeram a análise cadastral, o que incluiu identificar e avaliar processos judiciais e apontamentos que ameacem a solvência do postulante final.
O jornal tentou fazer crer que a operação seria irregular em razão da suposta existência de uma norma interna que vedaria financiar uma pessoa jurídica contra a qual exista um pedido de falência. O normativo em questão, contudo, tem sua finalidade ligada intimamente à etapa de análise de crédito, que, repita-se, nas operações indiretas não cabe ao BNDES, mas aos repassadores da operação.
A Folha não tinha nenhum indício de que teria havido tráfico de influência, mas tentou por dias encontrar algo atípico na operação. Não encontrou nada, mas nem assim deixou de levar sua insinuação à frente.
O jornal também ignorou o contexto em que os financiamentos ao grupo ocorreram. O primeiro, em 2008, aconteceu em um período de crescimento do setor, quando o BNDES e outras instituições financeiras apoiaram dezenas de empreendimentos semelhantes.
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Nas operações da São Fernando Açúcar e Álcool, todos os procedimentos foram observados, as devidas garantias exigidas, o rating e o cadastro da empresa eram bons. O projeto foi concluído.
Em 2012, o financiamento indireto à São Fernando Energia ocorreu como parte da reestruturação do grupo, o que melhorou a posição de crédito do BNDES. Quando a empresa deixou de honrar com sua recuperação judicial, o banco não hesitou em pedir sua falência.
O erro da Folha foi grave, pois lançou uma suspeição indevida sobre o BNDES, que se espalha nas redes sociais e contribuiu para associar o nome do banco a operações policiais.
Para ser aprovado, um financiamento no BNDES passa pela avaliação de pelo menos duas equipes de análise e dois órgãos colegiados, num processo que envolve mais de 50 pessoas. Ingerências impróprias são virtualmente impossíveis.
O banco tentou em vão por 25 dias obter uma retratação da Folha. A concessão foi abrir este espaço de artigos, que não tem o mesmo impacto de uma manchete de domingo.
Embora a nova Lei de Direito de Resposta seja um avanço, optamos por não nos valer de seus mecanismos judiciais para reestabelecer mais rapidamente os fatos para os leitores.
O BNDES não teme o debate e nem ser avaliado por suas opções estratégicas. Mas as informações precisam ser fidedignas para que a discussão seja justa.
LUCIANO COUTINHO, 69, economista e professor da Unicamp, é presidente do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

COMBATER A CORRUPÇÃO, PASSAR O BRASIL A LIMPO

A sério? Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada. Para os não iniciados, Serjão é Sergio Motta, tesoureiro da campanha do PSDB  mais tarde ministro e principal articulador do governo FHC.  

Moro, o Bamerindus entrou na roda!

Serjão queria fazer caixa!
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publicado 30/11/2015
bessinha pf afiliada da globo
O Supremo decidiu manter em cana por mais tempo o André Esteves, padrinho do Aecím.

O motivo foi esse documento, que a Procuradoria Geral da República considerou verdadeiro:

"Em troca de uma emenda à medida provisória nº 608, o BTG Pactual, proprietário da massa falida do banco Bamerindus, o qual estava interessado em utilizar os créditos fiscais de tal massa, pagou ao deputado federal Eduardo Cunha a quantia de 45 milhões de reais"

Em tempo: o Palmério conta também que o José Alencar, dono da Coteminas e depois vice do Lula, vendeu dois milhões de camisetas aos tucanos, para virginal campanha do FHC. Depois, foi "instado" a doar mais 415 mil peças, e distribui-las de acordo com a logística da virginal campanha. José Alencar registrou a operação em "notas de doação" para a devida declaração ao TSE. "Só que o comitê do (virginal - PHA) FHC não entregou os recibos. Deu o cano na Coteminas e no TSE," conclui o Palmério.

Dr Moro, esse pessoal...

Esse pessoal vai manchar a sua biografia (na Inglaterra).

Paulo Henrique Amorim

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

ENTREVISTA DE CELSO AMORIM SOBRE A SITUAÇÃO POLÍTICA

Vale a pena repassar essas questões. Do site BBC Brasil

Suspeitas contra Lula lembram campanha anti-Getúlio, diz ex-ministro

  • 25 novembro 2015
epaImage copyrightEPA
Image captionAmorim nega que Lula tenha beneficiado empresas brasileiras enquanto presidente
O ex-ministro da Defesa e Relações Exteriores Celso Amorim disse que são "ridículas" as suspeitas de tráfico de influência envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que as suspeições ganham destaque por se tratar de alguém que "procurou diminuir a desigualdade e aumentar a autonomia" do país.
"Esses assuntos ganham muito mais destaque na mídia, nas elites, quando se trata de governos que procuraram diminuir a desigualdade e aumentar a autonomia do Brasil", disse o ex-ministro em entrevista por telefone à BBC Brasil na segunda-feira.
"Você vê (isso) na história do Brasil em vários momentos, você tem o período (Getúlio) Vargas, (essas) questões aumentam enormemente."
Lula é investigado pelo Ministério Público Federal por suposto tráfico de influência em favor de empresas brasileiras no exterior após ter deixado a Presidência.
Em outubro, o líder petista prestou depoimento voluntário à Procuradoria da República no Distrito Federal, no qual disse que presidentes e ex-presidentes de todo o mundo defendem as empresas de seus países no exterior, segundo informou o Instituto Lula. Ele afirmou que suas palestras são declaradas e contabilizadas e que não interferiu nas decisões do BNDES na concessão de empréstimos.
Amorim foi chanceler no governo Lula, quando liderou o que chamou de política externa "ativa e altiva". Foi também ministro da Defesa no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
Ele é filiado ao PT, partido que teve nomes importantes, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, presos acusados de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.
Nesta quarta-feira, o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), foi preso pela Polícia Federal, como parte das investigações. É a primeira vez que um senador é preso no exercício do mandato.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista com o ex-ministro.
BBC Brasil: Como o sr. vê a crise que o PT atravessa?
Amorim: O PT tem várias correntes, várias visões. Nós vivemos uma situação econômica difícil. É claro que não é muito simples você explicar à sua base que certas medidas que são duras e que têm que ser tomadas...
O que a maioria da base do PT deseja é ver uma esperança com mais clareza. Isso é uma visão que eu tenho visto nos discursos do próprio presidente Lula. Não é negar que você tem que fazer um ajuste fiscal, que é, em alguns casos, bastante amargo...
Tem que ficar claro que o ajuste fiscal não é uma meta em si. Ela é um meio para atingir um fim maior, que é o desenvolvimento e crescimento. Eu acho que isso tem que ficar mais claro no discurso. Com o tempo creio que isso ficará. E nós voltaremos à normalidade e vamos enfrentar quando enfrentar as próximas eleições, como se faz numa democracia.
Agência BrasilImage copyrightAgencia Brasil
Image captionPetista foi ministro de Relações Exteriores nos dois mandatos do ex-presidente Lula
BBC Brasil: Mas não me referia só à crise econômica, mas à crise de imagem. Vários líderes do PT foram presos acusados de envolvimento em casos de corrupção...
Amorim: Eu acho que o sistema eleitoral brasileiro é um sistema corrompido e indutor da corrupção.
Então, (com) a reforma política, se realmente ficar afirmado que vai terminar o financiamento empresarial a eleições, talvez se evoluir para uma reforma, inclusive, eleitoral, que barateie o custo das eleições e dê maior representatividade, vamos evitar situações que propiciam ou que acabem criando situações como essas que ocorreram.
BBC Brasil: O que o sr. considera das suspeitas sobre tráfico de influência envolvendo o ex-presidente Lula.
Amorim: Acho ridículo. Primeiro, porque o presidente Lula – e eu testemunhei inúmeros encontros dele –, nunca o vi favorecer uma empresa em detrimento de outra empresa brasileira.
Ele favoreceu as empresas brasileiras como qualquer governante europeu e o presidente dos Estados Unidos favorecem suas empresas, em geral. Dentro daquilo que é feito legalmente. Nunca vi nenhuma alusão a qualquer tipo de ação que não fosse correta.
O fato de ele, depois de ser presidente, apoiar esta ou aquela empresa, ser contratado para dar palestra, também é uma coisa normal. Alguém pergunta de onde vem o dinheiro da Fundação Clinton (do ex-presidente americano Bill Clinton)? Obviamente não vem dos pobres do Harlem (bairro de Nova York).
BBC Brasil: O sr. acha que há um esforço para associar o ex-presidente Lula a qualquer crime?
Amorim: O problema é o seguinte, e isso não é para justificar ou deixar de punir as ações que sejam de corrupção. Mas evidentemente que esses assuntos ganham muito mais destaque na mídia, nas elites, quando se trata de governos que procuraram diminuir a desigualdade e aumentar a autonomia do Brasil.
Você vê na história do Brasil em vários momentos, você tem o período (Getúlio) Vargas, as questões aumentam enormemente.
Eu não estou dizendo que essa é uma justificativa. Devem ser perseguidas, devem ser continuadas as ações, e as pessoas que cometeram ilícitos e crimes devem ser punidas.
Agora, o uso político que é feito de eventuais desvios de comportamento e atos ilícitos é muito maior quando se trata de governos que têm essas duas características.
Agência BrasilImage copyrightAgencia Brasil
Image captionPara ex-ministro, cortes nas verbas do Itamaraty são "incômodo", mas não afetam imagem do país
BBC Brasil: Os cortes no Itamaraty que afetam a participação do Brasil em diversos órgãos internacionais atingem a imagem do país no exterior?
Amorim: Não é bom que isso ocorra. É sempre incômodo. Eu já fui embaixador na ONU, embaixador em Genebra, além de ter sido ministro por muitos anos, então sei o incômodo que isso causa ao ministro e a embaixadores que representam o Brasil em organismos internacionais.
Mas vale a pena dizer também que nós estamos, infelizmente, neste caso, em boa companhia. Ou má, como você quiser: os Estados Unidos são o principal devedor nas Nações Unidas. Mas esse não é um exemplo a ser seguido.
BBC Brasil: Esse é um incômodo interno. Mas, no exterior, a imagem do Brasil tem sido arranhada?
Amorim: Não creio... Às vezes dentro do Brasil se tem uma percepção mais acanhada, que é reforçada em momentos de dificuldade econômica, como este que estamos passando.
Mas, como já disse várias vezes, acho que a curva é ascendente. E a percepção mundial consegue ver isso com uma maior distância do que nós mesmos, brasileiros.
Agora, é claro, se você me perguntar, como ex-ministro do Exterior eu gostaria de ver mais recursos para o Ministério de Relações Exteriores. Mas quem tem que fazer esse julgamento é o chefe de governo.
BBC Brasil: Além dos cortes, muito se diz que a presidente Dilma não deu muita importância à política externa. Alguns falam em recuo, outros falam em retração. O sr. considera que alguns avanços feitos nos anos Lula podem ter se perdido?
Amorim: Não creio, porque são coisas de longo prazo... A visão que se tem do Brasil no mundo é algo que não mudará.
Evidentemente, houve momentos em que, talvez até em função de outras prioridades, o país ficou, digamos, mais introspectivo. Não gostaria de associar isso necessariamente apenas a uma atitude do chefe de governo.
Acho que isso tem várias causas. Mas acho que os avanços não serão (afetados) porque muita coisa nova foi criada. E essas coisas continuam a funcionar.
Agora, há momentos difíceis. Por exemplo, nesse momento acho que é muito importante uma ênfase grande na América do Sul. É preciso mais América do Sul no Brasil e mais Brasil na América do Sul para que haja um equilíbrio regional, que é necessário para a região.

O ESTADO BRASILEIRO E SEUS DONOS

Ou sejam, os ricos CEOs, neste caso, das mineradoras responsáveis e culpadas pelo maior desastre ambiental ocorrido em pouco tempo da história do Brasil. Do Viomundo

Jovens do MST são presos por “crime ambiental” depois de jogar lama em corredor do Congresso; presidentes da Vale e da Samarco seguem impunes

publicado em 25 de novembro de 2015 às 22:13
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Manifestantes jogam lama no Congresso e são presos por ‘crime ambiental’
Ricardo Senra – @ricksenra
Um grupo de cinco pessoas que participou de uma performance com lama em corredores do Congresso, na tarde desta quarta-feira, foi preso em flagrante sob alegação de crime ambiental.
O auto de prisão feito pela Polícia Legislativa, ao qual a BBC Brasil teve acesso, diz que os manifestantes foram detidos com base na lei de crimes ambientais (9.605/98). O documento oficial cita o artigo 65 (“pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano”), além dos artigos 140 (injúria) e 329 (resistência) do Código Penal.
Segundo o texto assinado por Roberto Rocha Peixoto, diretor da Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados, um dos jovens foi “flagrado pichando algumas paredes e piso da Câmara dos Deputados, sujando as pessoas que transitavam no local, bem como ter resistido à prisão”.
O protesto aconteceu no anexo 2 da Câmara, próximo ao Departamento de Taquigrafia. Os manifestantes seguravam cartazes com os dizeres “Terrorista é a Vale” e “Código de Mineração + Mariana + Morte”.
O alvo era a controladora da mineradora Samarco, dona da barreira de rejeitos de mineração que estourou há 20 dias, espalhando o equivalente a 25 mil piscinas olímpicas de resíduos químicos em Minas Gerais e no Espírito Santo.
À reportagem, a presidência da Câmara afirmou, em nota, que “jovens que teriam entrado na Câmara como visitantes picharam o local com uma substância que se assemelha a lama”.
A nota prossegue: “a palavra ‘morte’ foi identificada entre as pichações, o que pode significar uma referência à tragédia ambiental em Mariana (MG)”.
‘Paradoxo’
Logo após a prisão dos cinco manifestantes, os deputados federais Jandira Feghali (PCdoB), Chico Alencar e Ivan Valente (ambos do PSOL) pediram a liberação imediata dos detidos.
À BBC Brasil, Alencar classificou como “paradoxo” a prisão por crime ambiental de manifestantes que criticavam o derramamento de lama.
“A gente vive na Câmara dos Deputados do Brasil um tempo de inversão absoluta de valores”, diz. “Que paradoxo total é esse? Quem vem se manifestar na casa do povo acaba sendo detido sob acusação de crime ambiental. Mas os responsáveis pelo mar de lama da Samarco e da Vale, que vitimou diretamente 22 pessoas, incluindo os 11 desaparecidos, e os todos os danos ao rio Doce, chegando ao oceano Atlântico, continuam soltos.”
“Qual é o real crime ambiental?”, questiona o deputado, afirmando que a liderança do PSOL na Câmara foi cercada pela Polícia Legislativa durante quatro horas. Parte dos manifestantes procuraram representantes do partido em busca de defesa.
Sobre as alegações de crime ambiental, a Samarco tem dito que “não há confirmação das causas e a completa extensão do ocorrido” e que “investigações e estudos apontarão as reais causas”.
Outra manifestação de repúdio à mineradora, envolvendo lama, aconteceu na sede da Vale, no Rio de Janeiro, logo após o derramamento em Mariana. “Naquela ocasião ninguém foi preso”, diz Alencar.
Segundo a BBC Brasil apurou, parte dos manifestantes desta tarde Brasília faz parte do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), enquanto outros participam de movimentos sociais que criticam os impactos sociais e ambientais da atividade mineradora.
Detenção
À reportagem, a Câmara dos Deputados disse que as pessoas envolvidas no protesto foram “detidas e encaminhadas ao Departamento de Polícia Legislativa, onde seguem prestando depoimento sobre o ocorrido”.
O advogado Fernando Prioste, que defende os presos, disse que eles devem passar a noite detidos.
“Foram presos por fazer um protesto lícito contra as violações de direitos humanos perpetrados pela Vale”, disse.
*****
NOTA DE REPÚDIO
A polícia legislativa da Câmara dos Deputados cometeu hoje uma grave violação de direitos humanos.
Ativistas protestaram no Hall da Taquigrafia contra a empresa Vale do Rio Doce e o Código de Mineração. Em performance teatral que usava argila, os militantes encenaram as consequências da tragédia em Minas Gerais e bradaram contra o projeto de lei que consideram “Mais Mariana”.
Em uma postura arbitrária, que viola as garantias de liberdade de expressão e manifestação, policiais legislativos prenderam “em flagrante” e indiciaram os jovens. Tiago Nogueira, Augusto Gomes, Ivan Gondorek e Clarkson Félix são apontados pelo Departamento de Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados como se tivessem cometido três crimes.
O primeiro, o crime ambiental de pichar edificação. De fato, como mostram os vídeos, os manifestantes escreveram a palavra “morte” na parede do Hall da taquigrafia da Câmara dos Deputados; mas o fizeram com um material tão leve e lavável que em minutos a parede já estava branca novamente.
O segundo crime que lhes foi imputado foi o de injúria qualificada pelas vias de fato. Sim, porque com a mão suja de lama um deles esbarrou em um policial legislativo, sujando-lhe o terno. Um terno sujo de lama é um bem jurídico relevante o suficiente para ser protegido pelo tipo de injúria qualificada?
O terceiro crime foi o de resistência à prisão, a qual, segundo testemunhas dos fatos, não passou da resistência normal de qualquer pessoa que se considera sendo presa injustamente, como foram os jovens.
É reveladora da seletividade geral do sistema de segurança pública e de justiça que não exista nenhuma pessoa presa pela destruição de uma bacia hidrográfica inteira, mas que existam quatro ativistas presos por protestar contra esse absurdo. Presos por crime ambiental!
É relevadora também da truculência da administração da casa a criminalização de condutas que de liberdade de expressão e reivindicação política; ainda mais porque o objeto da contestação era a maior tragédia ambiental da história brasileira.
Esperamos que o sistema de justiça cumpra seu papel e que relaxe a prisão e não dê prosseguimento à persecução penal dos jovens. E esperamos que a administração da Casa reveja a postura antidemocrática e violadora de direitos humanos que vem assumindo.
Brasília, 25 de novembro de 2015.
Deputado PAULO PIMENTA
Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara
*****
A Vale comete crime ambiental e quem protesta é preso?!
O MST vem a público denunciar e repudiar veementemente a prisão de quatro jovens do Movimento após uma intervenção na Câmara dos Deputados Federais em solidariedade às vítimas de Mariana e contra o novo Código da Mineração, nesta quarta-feira (25), em Brasília, ao denunciarem o crime ambiental causado pela mineradora Samarco e a Vale.
Ironicamente, os militantes foram detidos e transferidos para a carceragem da polícia civil acusados de crime ambiental ao realizarem uma intervenção em que trouxeram argila com água, justamente para denunciar o crime cometido pela mineradora. A soma das acusações chega a 4 anos de prisão.
Quatro jovens do MST são presos por sujar paredes da Câmara com lama numa intervenção teatral (limpas depois de alguns minutos), enquanto diretores da Vale foram responsáveis por mortes, desaparecimento de pessoas, destruição de centenas de lares, contaminação ambiental por lama tóxica, e continuam todos soltos?!
Esta ação violenta da Polícia Legislativa somada a outros recentes episódios na casa apenas demonstram a arbitrariedade do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acuado com os inúmeros protestos que pedem sua saída da presindência da casa por causa das recentes denúncias de corrupção que envolvem sua pessoa.
Os cerca de 200 advogados reunidos no Encontro da Rede Nacional dos Advogados e Adovagadas Populares (Renap) fazem vigília em frente à delegacia de Polícia Especializada, local em que os jovens estão detidos.
O MST espera que sejam tomandas as devidas providências por parte do poder judiciário para que seja revisto esta postura antidemocrática e violadora de direitos humanos cometida pela atual lógica vigente da “Casa do Povo”.
Direção Nacional do MST
Brasília, 25 de novembro de 2015

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

PARA COXINHAS EXPLICAREM

Sei que eles sempre votaram no Serra. Veja, saiu no Conversa Afiada a partir de um post no Jornal GGN. Que justiça e polícia federal são essas?


Moro, lembra do Tarja Preta?

Ou não vem ao caso?
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publicado 23/11/2015
tarja preta
Conversa Afiada reproduz comentário do amigo navegante Cordova Fotografia:

O TARJA PRETA......
JÁ OUVIU FALAR NESSE SENHOR?
O MINISTÉRIO PÚBLICO JÁ OUVIU, MAS NÃO VEM AO CASO......


Marcelo Odebrecht reuniu-se com Serra no escritório de Verônica

O leitor André Nunes passou a dica para contornar as tarjas pretas no relatório da Polícia Federal sobre as anotações no telefone de Marcelo Odebrecht. O GGN publicou então a informação de que as iniciais JS referiam-se a José Serra.
Outros trechos do relatório continuavam ocultos (leia aqui).

Dois outros leitores, Edson Marcon e Domingos Matos seguiram a dica e completaram a limpeza do relatório.

A maior parte das tarjas visava resguardar endereços e telefones de interlocutores. Em alguns casos, ocultaram o agendamento de reuniões e, principalmente, os locais e horários delas.

No caso de JS – o senador José Serra – foram duas reuniões anotadas na agenda.

A primeira, no dia 27 de novembro de 2014, com Serra já eleito senador, no apartamento de um prédio residencial na rua Joaquim Antunes. O encontro foi ás 17 horas. Ainda não se sabe a quem pertence o apartamento.

A segunda, no dia 7 de janeiro de 2015 ás 20:30, em um prédio da rua Arthur Azevedo.

Mesmo sendo horário noturno, o prédio em questão é comercial.

O endereço que consta na agenda é da Pacific Consultoria e da Pacific Investimentos. O leitor Meire da Rocha buscou pelo CNPJ de Verônica Serra e concluiu ser a mesma empresa (http://jornalggn.com.br/comment/697145#comment-697145%29)

Até agora, Serra não se pronunciou sobre o encontro.

http://jornalggn.com.br/noticia/marcelo-odebrecht-reuniu-se-com-serra-no-escritorio-de-veronica