segunda-feira, 29 de abril de 2013

UM POUCO SOBRE POLÍTICA NO BRASIL, PELA AGÊNCIA CARTA MAIOR


26/04/2013
Por Saul Leblon
Dias de Abril: o piloto sumiu?
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Há três semanas, o conservadorismo comanda as expectativas do país. 

O carnaval do tomate e a furor rentista marcaram a segunda quinzena de abril.

Deu certo.

No dia 17, o BC elevou os juros.

Ato contínuo, vários indicadores desautorizaram as premissas da terapia ortodoxa.

Os preços dos alimentos – não o único, mas um fator sazonal importante na pressão inflacionária – perderam fôlego. O do tomate desabou.

Não apenas isso.

O cenário internacional desandou.

Recordes de desemprego na Europa vieram se somar à deflação das commodities, ademais da decepção com a velocidade da retomada nos EUA.

Tudo a desaconselhar o arrocho pró-cíclico evocado pelos especialistas em incursões aos abismos e às bancarrotas.

Há cinco anos eles advertem que a resistência do Brasil à crise é um crime contra o mercado. (Leia também: ‘O Brasil é um crime contra o mercado’)

Nenhuma voz do governo ou do PT soube salgar o diagnóstico conservador com a salmoura pedagógica das evidências opostas.

Dilma poderia ter ido à TV. É sua responsabilidade esclarecer a opinião pública quando o futuro do país esta sendo ostensivamente jogado na sarjeta das manipulações.

Não significa mistificar os problemas de uma transição macroeconômica difícil rumo a um novo ciclo de investimento.

Mas, sim, separa-los de interesses que não são os da nação.

As ferramentas macroeconômicas não tem partido.

Mas a forma de combina-las, a dose e a direção, dependem de opções políticas mediadas pela correlação de forças.

Um pedaço da correlação de forças se define no diálogo com a sociedade.

Disputar as expectativas, em certos momentos, é tão decisivo quanto ajustar as linhas de passagem entre um ciclo e outro.

Um governo que toma decisões ancorado em diálogo direto com suas bases, e apoiado por elas, irradia uma capacidade de comando que desencoraja o assalto conservador.

Se Lula ficasse mudo em 2008, o jogral pró-cíclico faria do Brasil um imenso Portugal .

O quadro hoje é outro?

Sempre é outro.

É para isso que existe governo. Se a história fosse estável e previsível , bastariam burocracias administrativas.

Veio a terceira quinzena de abril.

Enquanto o PT se preocupa com Eduardo Campos, o verdadeiro partido oposicionista alimentava um clima de dissolução institucional.

É só aquecimento: o lacerdismo togado e seu diretório midiático podem muito mais.

A pauta da ‘caça ao Lula’ voltou às manchetes.

Grunhida pela boca do casal Roberto Gurgel e esposa, sub-procuradora Claudia Sampaio.

Estamos em linha com a nova tradição latino-americana.

A implosão institucional de governos progressistas tem no lacerdismo togado um laboratório de ponta no país.

São sucessivas as contribuições ao modelo.

Na desta semana, o STF desautorizou o Congresso a analisar a PEC sobre novos partidos, subtraindo espaço do Legislativo na divisão dos poderes.

A ideia de um Judiciário que diga ao Congresso o que ele pode e o que ele não pode discutir e votar é estranha à democracia.

Mas não ao método conservador, que pauta um Brasil cada vez mais explícito, à direita, em seus duetos e sintonias .

Respira-se a certeza da impunidade associada à supremacia asfixiante do poder de difusão conservador.

Avulta daí a progressiva desenvoltura de personagens que se dispensam do recato e da liturgia observada nos velhos conspiradores.

Joaquim Barbosa se manifesta como uma extensão de Merval Pereira.

E vice-versa.

Gurgel acossa Lula e agasalha o líder de Carlinhos Cachoeira no Congresso, Demóstenes Torres, com uma aposentadoria de R$ 22 mil.

E ninguém dá gargalhadas.

Como diz o senador Requião, falta humor à crítica política.

Falta também capacidade de se escandalizar.

Um delegado ex-integrante do aparato da ditadura diz que Otávio Frias e Sergio Fleury eram parceiros de teoria e prática.

Tomavam chá das cinco no DOPS.

Dá para acreditar?

Dá para ter certeza de que as veladas ligações entre o dispositivo midiático e a ditadura precisam ser investigadas. Por uma comissão de verdade.

Quem se dispõe?

Silêncio constrangedor.

O ministro Mercadante defende a Folha e o ‘seu’ Frias – como ele se refere ao falecido pai de Otavinho, em nota tocante. (Leia o artigo demolidor de Paulo Nogueira, do blog do Centro do Mundo; nesta pág.)

Toffoli, ministro do Supremo, dá ultimato à Câmara: os representantes do povo tem 72 horas para explicar o que estão pretendendo com a PEC-33 que determina que algumas decisões do STF sejam submetidas ao Congresso e eleva de seis para noves votos o quórum do Supremo ao invalidar emendas constitucionais do Legislativo.

Paulo Bernardo alia-se ao oligopólio da mídia .

A Secom sustenta a Globo.

E o sub do sub do Banco Central vai discursar no Banco Itaú, espécie de diretório informal do PSDB. Prega o choque de juros.

O piloto sumiu.

Esse filme não é novo.

E nunca acaba bem.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A PAUL KRUGMAN


Prezado Professor,

Em seu artigo no New York Times datado de 26 de abril de 2013, vi com uma ênfase um tanto maior do que de costume a referência aos 1 por cento mais ricos como os interessados na política de austeridade. Achei que constituiu um progresso em relação a vários artigos anteriores sobre o assunto.
Entretanto, embora tenha o propósito declarado de explicar a persistência no “erro” pelos governos em geral (com exceção, parcial, do dos EUA, e de alguns países como o Brasil), faltou uma explicação mais clara, uma crítica ao grupo que ocupa postos chaves em governos e em agências de regulação, que controla a mídia corporativa de modo moderar seu trabalho investigativo, que domina o Fundo Monetário Internacional e outros corpos internacionais como os da União Europeia. Uma nomeação de seus interesses de classe, que são opostos aos da maioria da população, incluindo trabalhadores e pequenos e médios empresários.

Falando de maneira simplificada, trata-se de tomar dinheiro do Estado para os bolsos e negócios dos 1 por cento. Para não contrastar assalariados bem pagos e empresas capitalistas (afinal, bancos ainda são empresas capitalistas privadas), em destaque as indústria de armamentos e gastos militares  nos EUA, com aumentos de impostos ou endividamento que teriam efeito bumerangue sobre si mesmos, essa minoria tem que se concentrar nos benefícios que ainda eram canalizados por quem não tem dinheiro para financiar os políticos que operam o estado, aí, aqui, em todo o mundo.

Sem identificar claramente e com o destaque devido os interessados, nos setores financeiros e nos órgãos de Estado e o que eles têm ganho com a especulação que antecedeu a crise, com a crise e com o que os governos têm feito com a crise, a compreensão do que está acontecendo vai continuar muito limitada. Peço desculpas por usar o português para este post, mas é a língua deste blog e a minha língua.


quarta-feira, 24 de abril de 2013

SOBRE A IMINÊNCIA DA MORTE E O LUTO: OS CINCO ESTÁGIOS NO MODELO DE KÜBLER-ROSS


Abaixo, uma tradução que fiz, com a ajuda do microsoft translator, de um verbete da Wikipédia.


O modelo de Kübler-Ross, comumente referido como o "cinco estágios de luto", é uma hipótese introduzida por Elisabeth Kübler-Ross[1] e diz que quando uma pessoa é confrontada com a realidade da iminente morte ou outro extremo, terrível destino, ele ou ela irá experimentar uma série de estágios emocionais: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação (em nenhuma seqüência específica[. Esta hipótese foi introduzida no livro de 1969 de Kübler-Ross em Death and Dying, que foi inspirado por seu trabalho com pacientes. Motivado pela falta de currículo nas escolas de medicina, no momento, abordando o tema da morte e do morrer, Kübler-Ross iniciou um projeto sobre a morte quando ela se tornou um instrutora na escola de medicina da Universidade de Chicago. Isso evoluiu para uma série de seminários; Essas entrevistas, juntamente com a sua pesquisa anterior, foram levadas para o seu livro. Seu trabalho revolucionou como área médica dos EUA cuidava de doentes terminais. Nas décadas desde a publicação do seu livro,os conceitos de Kübler-Ross tornar-se amplamente aceitas pelo público em geral; no entanto, sua validade ainda precisa ser consistentemente confirmada pela maioria dos estudos que os examinaram.
Kübler-Ross observou que essas etapas não pretendem ser uma lista completa de todas as emoções possíveis que possam ser sentidas, e, podem ocorrer em qualquer ordem. Sua hipótese é que nem todo mundo que experimenta um fatal/alteração de evento sente todos os cinco das respostas, como reações perdas pessoais de qualquer tipo são tão único quanto a pessoa que experimenta-los. Ênfase deve ser colocada na ideia de que eles podem ocorrer em qualquer ordem, embora muitas pessoas, incluindo profissionais de saúde mental, tomem o esboço das etapas e as visualizem em uma ordem, ao invés da ideia de Kübler-Ross que estes são o que normalmente pode ser esperado, em qualquer ordem, e que estes estágios podem repetir-se em qualquer ordem.
Estágios
Os estágios, popularmente conhecidos pela sigla DABDA, incluem: 
As etapas seguintes são para o tema da morte e não a dor, que é um assunto totalmente diferente.
1. Negação — "Eu me sinto muito bem."; "Isso não pode acontecer, não para mim."
Negação é geralmente somente uma defesa temporária para o indivíduo. Este sentimento é substituído geralmente com elevada consciência de posses e indivíduos que serão deixados para trás após a morte. Negação pode ser consciente ou inconsciente recusa aceitar informações de fatos ou a realidade da situação. Negação é um mecanismo de defesa, e algumas pessoas podem tornar-se bloqueado neste estágio.
2. Raiva — "Por que me? Não é justo! ";"Como isso pode acontecer comigo? ";" "De quem é a culpa?"
Uma vez na segunda etapa, o indivíduo reconhece que a negação não pode continuar. Por causa da raiva, a pessoa é muito difícil cuidar devido a equivocada sentimentos de raiva e inveja. Raiva pode se manifestar de maneiras diferentes. Pessoas podem estar zangadas com elas mesmas, ou com os outros e especialmente aqueles que estão perto deles. É importante permanecer isolada e sem julgamento, quando se trata de uma pessoa que experimenta a ira de tristeza.
3. Negociação — "Eu vou fazer de tudo para mais alguns anos."; "Eu darei minha vida de poupança se..."
A terceira etapa envolve a esperança de que o indivíduo de alguma forma pode adiar ou atrasar a morte. Geralmente, a negociação para uma vida prolongada é feita com um poder superior em troca de um estilo de vida reformado. Psicologicamente, o indivíduo está dizendo, "eu entendo que vai morrer, mas se eu poderia apenas fazer algo para comprar mais uma vez..." Pessoas que enfrentam o trauma menos grave podem negociar ou tentar negociar um compromisso. Por exemplo "ainda podemos ser amigos?.." ao enfrentar uma separação. Negociação raramente fornece uma solução sustentável, especialmente se é uma questão de vida ou morte. Não muito conhecido, mas comum, negociação também pode incluir a culpa, incluindo a culpa de sobreviventes.
4. Depressão — Eu estou tão triste, por que se preocupar com qualquer coisa?"; "Eu vou morrer em breve, assim qual é o ponto?"; "Eu perdi meu amado, por que continuar"?
Durante a quarta etapa, o moribundo começa a compreender a certeza da morte. Devido a isso, o indivíduo pode tornar-se silencioso, recusar visitantes e passam grande parte do tempo chorando e lamentando a. Este processo permite que a pessoa que está morrendo desconectar-se de coisas de amor e carinho. Não é recomendável tentar animar-se um indivíduo que está neste estágio. É um momento importante para a angústia que deve ser processado. Depressão poderia ser denominado o ensaio para o 'rescaldo'. É um tipo de aceitação com apego emocional. É natural sentir tristeza, arrependimento, medo e incerteza quando passar por esta fase. Sentir aquelas emoções mostra que a pessoa começa a aceitar a situação.
5. Aceitação — "Ele vai ser aprovado."; "Eu não posso combatê-la, eu também pode preparar para ele."
Nesta última fase, pessoas começam a chegar a termos com sua mortalidade, ou de um ente querido, ou outro evento trágico. Esta fase varia de acordo com a situação da pessoa. Pessoas morrendo podem entrar nesta fase muito tempo antes que as pessoas que deixam para trás, que devem passar através de suas próprias fases individuais de lidar com a dor.
Kübler-Ross  originalmente aplicou etapas estágios em pessoas que sofriam de doença terminal. Mais tarde, ela expandiu este modelo teórico para aplicar a qualquer forma de perda pessoal catastrófica (emprego, renda, liberdade). Essas perdas também podem incluir eventos significativos da vida como a morte de um ente querido, rejeição social, fim de um relacionamento ou divórcio, toxicodependência, prisão, o início de uma doença ou doença crônica, um diagnóstico de infertilidade, como também muitas tragédias e catástrofes.
Como foi dito antes, o modelo de Kübler-Ross pode ser usado para várias situações onde as pessoas estão experimentando uma perda significativa.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Do meu amigo Gato. Bem lembrado.


Cadê os que babam de raiva pela redução da maioridade penal depois da tragédia que aconteceu? Por que não se manifestaram quando aconteceram as tragédias abaixo? Quanta hipocrisia e covardia, não? Para os pretos, pobres e da periferia todo rigor da lei... para os brancos, ricos e dos condomínios afagos e tapinhas nas costas... afinal, são apenas crianças...

quem são os "eles" que devem ter a maioridade penal reduzida?

segunda-feira, 15 de abril de 2013

VENEZUELA







                                 Foto Joka Madruga, em Caracas, recolhida no site Viomundo



Maduro ganhou por pouco. Agora vai ter que enfrentar uma oposição mais forte, inclusive para novas tentativas de golpe. O ponto fraco do socialismo venezuelano, chamado bolivarianismo sempre foi apoiar-se demasiadamente na pessoa de seu líder  e não ter preparado seu movimento para funcionar sem ele, o principal defeito de Hugo Chávez. Sem contar os problemas econômicos e sociais persistentes, como a inflação alta, a corrpção e a violência urbana.

Capriles amaciou sua imagem, tratou de mostrar-se de esquerda moderada, chegou a negar ter participado do golpe de 2002. Não enganou os mais politizados, mas mostrou que a politização do povo venezuelano não avançou tanto assim. Resta torcer para que os Estados Unidos não articulem uma ação golpísta violenta, e que os outros países da América do Sul tratem de se antecipar de forma coordenada a qualquer tentativa de golpe contra o resultado, apertado mas legítimo, das eleições.

domingo, 14 de abril de 2013



Cigarras não são formigas, mas alimentam-se, reproduzem-se (todos os indivíduos, cigarras saudáveis não são estéreis). Para algo deve servir o barulho irritante (para nós) delas. Um blog com figuras é diferente de um blog só de texto. Quão deferente?
                                                    

quinta-feira, 4 de abril de 2013

ONDE VAI A RIQUEZA DO MUNDO

Nesta matéria do Huffington Post, veja como a riqueza se concentra na minoria com poder econômico, de forma secreta. Riqueza de gangsters reconhecidos como tais, e de gente rica demais para assim ser reconhecida publicamente.

terça-feira, 2 de abril de 2013

OS CONSERVADORES VULGARES OU REACIONÁRIOS


Uma das formas de sabedoria comum aplicada à política trata conservadores e esquerdistas como duas opções, que se podem revezar na busca de um bem maior, o da sociedade como um todo. Como os comunistas tradicionais, eu contesto essa visão, e prefiro referir essas posições a interesses materiais e formas de inserção social dos indivíduos e grupos. Mas isso é pouco para descrever como a sociedade em geral, e a brasileira atual se cinde na política.

Uma característica básica da mente conservadora é a prioridade que dá aos direitos de propriedade, atuais ou que venham a ser adquiridos ou subtraídos de outrem ou de um comum.  Mais conservador, maior a importância para ele de possuir de forma privada, ou seja, privando outras pessoas ou todos os outros. 
Outra característica é a necessidade de se considerar membro de uma minoria melhor do que o resto da sociedade, com direito a privilégios, ou complementarmente, de que os “outros” sejam inferiores. Daí decorre certa ligação no Brasil do conservadorismo com o racismo.

Uma terceira, que deriva das outras duas, é a indiferença, ou mesmo ojeriza com os bens comuns, entre os quais o meio ambiente, e o acesso universal a condições de vida decentes e aos bens culturais, e como corolário, a aversão à ascensão econômica e social dos mais pobres, a não ser através dos mecanismos de filtragem do mercado, onde os ricos dominam.

O conservador tem sempre uma contrapartida a perdas progressivas de qualidade de vida. Contra a insegurança, busca o isolamento em condomínios fechados, verticais (apartamentos) ou horizontais (subúrbios), usando sistemas de proteção e, sobretudo sistemas de guardas privados, não se interessando pela segurança pública. Contra outros sintomas de decadência urbana, também o isolamento, e o luxo dentro de suas casas e dos ambientes que frequentam, em particular os shopping-centers, desprezando os espaços realmente públicos.

Possui um conceito simples da sociedade: os mais aptos devem sobreviver, os outros podem perecer, e as ações das empresas dentro de mecanismos de mercado são o instrumento adequado para esse processo de seleção social. Os conceitos pelos quais a metade menos afortunada deve ser submetida, em contraste, são sempre complicados. Como os mecanismos de operação dos serviços públicos privatizados, que inviabilizam, por sua complexidade, que o objetivo de disponibilidade em qualidade e quantidade adequadas a preços módicos possa ser adotado, ou imposto pelos “reguladores”. Ou as fraudes que os sistemas bancários dos EUA e da Europa usaram para se assenhorarem  das maiores parcelas de riqueza de toda a história capitalista, causando uma crise econômica na qual esses países estão atolados desde 2008. O fato de esses mecanismos afetarem também os conservadores que não sejam muito ricos é importante, mas pouco levado em conta.

Têm uma posição firme contra os direitos humanos: prejudicam o combate ao crime. Grupos de extermínio são coisa suja, mas podem ser um “mal necessário”. A justiça deve agir contra os envolvidos com atos corruptos na política, desde que não sejam conservadores importantes.  Muitas avaliações, os valores, não são, para o conservador, algo amadurecido de maneira crítica. Ele conta para isso com o noticiário, opiniões, vogas, avaliações da mídia. Pensar criticamente exige um esforço contínuo, que os órgãos impressos, falados e televisados do conservadorismo tornam desnecessário.

Os conservadores brasileiros têm uma referência básica. Não é Adam Smith, não é mais a Igreja. São os Estados Unidos. Por cima da hostilidade bélica daquele país, com a reativação da sexta frota e ao estabelecimento de base militar na Colômbia, e tentativa para o Paraguai; por cima da corrupção institucionalizada pelos lobbies, da opressão dos povos do Médio Oriente, especialmente dos não judeus da Palestina, os EUA são o modelo e o líder para o conservador brasileiro.

Mas a questão que me separa mais dos conservadores brasileiros é a questão da ditadura, e meus companheiros ou colegas que caíram nas garras do aparelho repressor da ditadura, que teve apoio e participação ativa da mídia impressa e televisada, da FIESP, de banqueiros e do consulado dos EUA. Não esqueço Totó da Quarta, do Lauri, colegas da Poli, torturados até a morte; da Iara, assassinada no Rio; da Lúcia, do Chicão, do Ceici, da Rioco, do Genoino, da Dilma, todos torturados. Os conservadores vulgares, os reacionários, são até hoje indiferentes a esses fatos.  

 A mídia continua atuando, assim como vários desses outros parceiros. No momento, usam o sistema judiciário, como sempre enviesado para favorecer os poderosos, para atuar na política e calar vozes dissidentes, como é o caso da perseguição aos blogs independentes. Eles dividiram a sociedade brasileira, não a esquerda. Não será sob o controle deles que se há de construir uma nova sociedade, livre, democrática, para além do poder do dinheiro.