sábado, 29 de abril de 2017

NOAM CHOMSKI

Entrevistado por um site alemão que eu creio seja de esquerda, o jung&naiv. Uma boa síntese da visão dele, que compartilho, sobre as questões básicas de nosso tempo, desta encruzilhada, ou melhor dito, esta beira de precipício a que a humanidade chegou, e para frente da qual que as forças dominantes sobre nós todos estão prestes a empurrar. Aqui.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

SOBRE MORO, O HEROI DOS COXINHAS


O outro herói deles é o fascista Bolsonaro. Saiu no Conversa Afiada.

Raivoso, prepotente, miúdo, rasteiro, mesquinho

Esse é o Moro, segundo Janio
publicado 20/04/2017
Moro.jpg
Além do mais, carreirista...
Conversa Afiada reproduz trecho de artigo devastador de Janio de Freitas:
(...)

O retorno da Lava Jato à fase em que tinha controle sobre seus rumos, sem envolver o PSDB e o PMDB como a Odebrecht obrigou, não se deu só em procuradores e policiais.

O juiz Sergio Moro ofereceu mais uma demonstração de como concebe o seu poder e o próprio Judiciário. Palavras suas, na exigência escrita de que Lula compareça às audiências das 87 testemunhas propostas por sua defesa:

"Já que este julgador terá que ouvir 87 testemunhas da defesa de Luiz Inácio Lula da Silva (...), fica consignado que será exigida a presença do acusado Luiz Inácio Lula da Silva nas audiências na quais serão ouvidas as testemunhas arroladas por sua defesa, a fim de prevenir a insistência na oitiva de testemunhas irrelevantes, impertinentes ou que poderiam ser substituídas, sem prejuízo, por provas emprestadas". É a vindita explicitada.

Um ato estritamente pessoal. De raiva, de prepotência. É uma atitude miúda, rasteira. Incompatível com a missão de juiz. De um "julgador", como Moro se define.

O Judiciário não é lugar para mesquinhez.

(...)
Em tempo: não deixe de ver também na TV Afiada: o Ministro Fachin não teve medo do Moro e foi pra cima dos tucanos - porque na Vara do Imparcial, tucano não vem ao caso... Se dependesse da Vara de Curitiba, dos bonitões do "A Lei é para todos, menos para tucano", o Santo era santo, o Careca e o Mineirinho coroinhas... e o FHC Brasif lia Max Weber para o Emílio Odebrecht... - PHA

quarta-feira, 19 de abril de 2017

QUAL É A ORDEM DAS BICADAS, NO REGIME DO GOLPE

Miguel do Rosário, no O Cafezinho, sugere que:

A Lava Jato está revelando, com uma clareza solar, quem são os verdadeiros poderosos no país: o Estado burocrático, não-político, em primeiro lugar, representado por seus agentes de repressão; em segundo, os barões da mídia; os banqueiros, em terceiro.

É uma afirmação bastante provocativa, e se atentarmos para as ações no plano de poder, parece ter bastante validade. Em todo caso, é boa para usar como hipótese a ser testada contra o que vem acontecendo, agora com as delações do fim de mundo, a defesa de impunidade contra abusos feita pelos promotores de Curitiba, a atuação continuada da mídia.

Os que estão em terceiro lugar na frase do Miguel na realidade deveriam ser citados no coletivo banqueiros-executivos de grandes corporações, que afinal de contas inclui os donos das mídias. É difícil determinar uma ordem clara das bicadas no galinheiro, mas é útil estar atentos a como elas (as bicadas) se dão, quem dá, quem manda, quem executa ou consente.

É bom lembrar que a falsidade midiática é fenômeno mundial, que se trata de fazer passar sem notar em todo o Ocidente,  cujas mídias escondem há muito tempo os efeitos do neoliberalismo real e das guerras dos EUA pelo mundo.

Procurar identificar agentes e mandantes do golpe vigente é tarefa necessária, para que eles sejam combatidos em todas as instâncias, na difícil tarefa de trabalho de construção de uma democracia para valer entre nós.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

MILITARES PARA ACABAR COM A CORRUPÇÃO? LEIA A HISTÓRIA!

Com comentário inicial do Gato, do site UOL

Para os que ainda querem a volta dos militares, alguns exemplos da corrupção naquele período da ditadura civil-militar de 64. Faltam muitos mais casos que estão muito bem guardados, até hoje.

Conheça dez histórias de corrupção durante a ditadura militar

Por Marcelo Freire

Os protestos de 15 de março, direcionados principalmente contra o governo federal e a presidente Dilma Rousseff, indicaram a insatisfação de parte da população com os casos de corrupção envolvendo partidos políticos, empresas públicas e empresas privadas. Algumas pessoas, inclusive, chegaram a pedir uma intervenção militar, alegando que essa seria a solução para o fim da corrupção.
Mas será que nesse período a corrupção realmente não fazia parte da esfera política? Apesar da blindagem proporcionada pelas restrições ao Legislativo, Judiciário e imprensa, ainda assim a ditadura não passou imune a diversas denúncias de corrupção.
UOL listou dez delas, tendo como fonte a série de quatro livros de Elio Gaspari sobre o período ("A Ditadura Envergonhada", "A Ditadura Escancarada", "A Ditadura Derrotada" e "A Ditadura Encurralada") e reportagens da época. O primeiro item que envolve Delfim Netto contém uma resposta do ex-ministro sobre os casos. Veja:
Contrabando na Polícia do Exército
A partir de 1970, dentro da 1ª Companhia do 2º Batalhão da Polícia do Exército, no Rio de Janeiro, sargentos, capitães e cabos começaram a se relacionar com o contrabando carioca. O capitão Aílton Guimarães Jorge, que já havia recebido a honra da Medalha do Pacificador pelo combate à guerrilha, era um dos integrantes da quadrilha que comercializava ilegalmente caixas de uísques, perfumes e roupas de luxo, inclusive roubando a carga de outros contrabandistas. Os militares escoltavam e intermediavam negócios dos contraventores. Foram presos pelo SNI (Serviço Nacional de Informações) e torturados, mas acabaram inocentados porque os depoimentos foram colhidos com uso de violência – direito de que os civis não dispunham em seus processos na época. O capitão Guimarães, posteriormente, deixaria o Exército para virar um dos principais nomes do jogo do bicho no Rio, ganhando fama também no meio do samba carioca. Foi patrono da Vila Isabel e presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba).

2 - A vida dupla do delegado Fleury

Um dos nomes mais conhecidos da repressão, atuando na captura, na tortura e no assassinato de presos políticos, o delegado paulista Sérgio Fernandes Paranhos Fleury foi acusado pelo Ministério Público de associação ao tráfico de drogas e extermínios. Apontado como líder do Esquadrão da Morte, um grupo paramilitar que cometia execuções, Fleury também era ligado a criminosos comuns, segundo o MP, fornecendo serviço de proteção ao traficante José Iglesias, o "Juca", na guerra de quadrilhas paulistanas. No fim de 1968, ele teria metralhado o traficante rival Domiciano Antunes Filho, o "Luciano",  com outro comparsa, e capturado, na companhia de outros policiais associados ao crime, uma caderneta que detalhava as propinas pagas a detetives, comissários e delegados pelos traficantes. O caso chegou a ser divulgado à imprensa por um alcaguete, Odilon Marcheronide Queiróz ("Carioca"), que acabou preso por Fleury e, posteriormente, desmentiu a história a jornais de São Paulo. Carioca seria morto pelo investigador Adhemar Augusto de Oliveira, segundo o próprio revelaria a um jornalista, tempos depois.
Os atos do delegado na repressão, no entanto, lhe renderam uma Medalha do Pacificador e muita blindagem dentro do Exército, que deixou de investigar as denúncias. Promotores do MP foram alertados para interromper as investigações contra Fleury. De acordo com o relato publicado em "A Ditadura Escancarada", o procurador-geral da Justiça, Oscar Xavier de Freitas, avisou dois promotores em 1973: "Eu não recebo solicitações, apenas ordens. (…) Esqueçam tudo, não se metam em mais nada. Existem olheiros em toda parte, nos fiscalizando. Nossos telefones estão censurados".
No fim daquele ano de 1973, o delegado chegou a ter a prisão preventiva decretada pelo assassinato de um traficante, mas o Código Penal foi reescrito para que réus primários com "bons antecedentes" tivessem direito à liberdade durante a tramitação dos recursos. Em uma conversa com Heitor Ferreira, secretário do presidente Ernesto Geisel (1974-1979), o general Golbery do Couto e Silva – então ministro do Gabinete Civil e um dos principais articuladores da ditadura militar – classificou assim o delegado Fleury, quando pensava em afastá-lo: "Esse é um bandido. Agora, prestou serviços e sabe muita coisa". Fleury morreu em 1979, quando ainda estava sob investigação da Justiça.

3 - Governadores biônicos e sob suspeita

Em 1970, uma avaliação feita pelo SNI ajudou a determinar quais seriam os governadores do Estado indicados pelo presidente Médici (1969-1974). No Paraná, Haroldo Leon Peres foi escolhido após ser elogiado pela postura favorável ao regime; um ano depois, foi pego extorquindo um empreiteiro em US$ 1 milhão e obrigado a renunciar. Segundo o general João Baptista Figueiredo, chefe do SNI no governo Geisel, os agentes teriam descoberto que Peres "era ladrão em Maringá" se o tivessem investigado adequadamente. Na Bahia, Antônio Carlos Magalhães, em seu primeiro mandato no Estado, foi acusado em 1972 de beneficiar a Magnesita, da qual seria acionista, abatendo em 50% as dívidas da empresa.

4 - O caso Lutfalla

Outro governador envolvido em denúncias foi o paulista Paulo Maluf. Dois anos antes de assumir o Estado, em 1979, ele foi acusado de corrupção no caso conhecido como Lutfalla – empresa têxtil de sua mulher, Sylvia, que recebeu empréstimos do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento) quando estava em processo de falência. As denúncias envolviam também o ministro do Planejamento Reis Velloso, que negou as irregularidades, e terminou sem punições.

5 - As mordomias do regime

Em 1976, as Redações de jornal já tinham maior liberdade, apesar de ainda estarem sob censura. O jornalista Ricardo Kotscho publicou no "Estado de São Paulo" reportagens expondo as mordomias de que ministros e servidores, financiados por dinheiro público, dispunham em Brasília. Uma piscina térmica banhava a casa do ministro de Minas e Energia, enquanto o ministro do Trabalho contava com 28 empregados. Na casa do governador de Brasília, frascos de laquê e alimentos eram comprados em quantidades desmedidas – 6.800 pãezinhos teriam sido adquiridos num mesmo dia. Filmes proibidos pela censura, como o erótico "Emmanuelle", eram permitidos na casa dos servidores que os requisitavam. Na época, os ministros não viajavam em voos de carreira, e sim em jatos da Força Aérea.
Antes disso, no governo Médici já se observavam outras regalias: o ministro do Exército, cuja pasta ficava em Brasília, tinha uma casa de veraneio na serra fluminense, com direito a mordomo. Os generais de exército (quatro estrelas) possuíam dois carros, três empregados e casa decorada; os generais de brigada (duas estrelas) que iam para Brasília contavam com US$ 27 mil para comprar mobília. Cabos e sargentos prestavam serviços domésticos às autoridades, e o Planalto também pagou transporte e hospedagem a aspirantes para um churrasco na capital federal.

6 - Delfim e a Camargo Corrêa

Delfim Netto – ministro da Fazenda durante os governos Costa e Silva (1967-1969) e Médici, embaixador brasileiro na França no governo Geisel e ministro da Agricultura (depois Planejamento) no governo Figueiredo – sofreu algumas acusações de corrupção. Na primeira delas, em 1974, foi acusado pelo próprio Figueiredo (ainda chefe do SNI), em conversas reservadas com Geisel e Heitor Ferreira. Delfim teria beneficiado a empreiteira Camargo Corrêa a ganhar a concorrência da construção da hidrelétrica de Água Vermelha (MG). Anos depois, como embaixador, foi acusado pelo francês Jacques de la Broissia de ter prejudicado seu banco, o Crédit Commercial de France, que teria se recusado a fornecer US$ 60 milhões para a construção da usina hidrelétrica de Tucuruí, obra também executada pela Camargo Corrêa. Em citação reproduzida pela "Folha de S.Paulo" em 2006, Delfim falou sobre as denúncias, que foram publicadas nos livros de Elio Gaspari: "Ele [Gaspari] retrata o conjunto de intrigas armado dentro do staff de Geisel pelo temor que o general tinha de que eu fosse eleito governador de São Paulo", afirmou o ex-ministro.
 
Outro lado: Em relação às denúncias que envolvem seu nome nesse texto, o ex-ministro Delfim Netto respondeu ao UOL: "Trata-se de velhas intrigas que sempre foram esclarecidas. Nunca tive participação nos eventos relatados".
 

7 - As comissões da General Electric

Durante um processo no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em 1976, o presidente da General Electric no Brasil, Gerald Thomas Smilley, admitiu que a empresa pagou comissão a alguns funcionários no país para vender locomotivas à estatal Rede Ferroviária Federal, segundo noticiou a "Folha de S.Paulo" na época. Em 1969, a Junta Militar que sucedeu Costa e Silva e precedeu Médici havia aprovado um decreto-lei que destinava "fundos especiais" para a compra de 180 locomotivas da GE. Na época, um dos diretores da empresa no Brasil na época era Alcio Costa e Silva, irmão do ex-presidente, morto naquele mesmo ano de 1969. Na investigação de 1976, o Cade apurava a formação de um cartel de multinacionais no Brasil e o pagamento de subornos e comissões a autoridades para a obtenção de contratos.

8 - Newton Cruz, caso Capemi e o dossiê Baumgarten

O jornalista Alexandre von Baumgarten, colaborador do SNI, foi assassinado em 1982, pouco depois de publicar um dossiê acusando o general Newton Cruz de planejar sua morte – segundo o ex-delegado do Dops Cláudio Guerra, em declaração de 2012, a ordem partiu do próprio SNI. A morte do jornalista teria ligação com seu conhecimento sobre as denúncias envolvendo Cruz e outros agentes do Serviço no escândalo da Agropecuária Capemi, empresa dirigida por militares, contratada para comercializar a madeira da região do futuro lago de Tucuruí. Pelo menos US$ 10 milhões teriam sido desviados para beneficiar agentes do SNI no início da década de 1980. O general foi inocentado pela morte do jornalista.

9 - Caso Coroa-Brastel

Delfim Netto sofreria uma terceira acusação direta de corrupção, dessa vez como ministro do Planejamento, ao lado de Ernane Galvêas, ministro da Fazenda, durante o governo Figueiredo. Segundo a acusação apresentada em 1985 pelo procurador-geral da República José Paulo Sepúlveda Pertence, os dois teriam desviado irregularmente recursos públicos por meio de um empréstimo da Caixa Econômica Federal ao empresário Assis Paim, dono do grupo Coroa-Brastel, em 1981. Galvêas foi absolvido em 1994, e a acusação contra Delfim – que disse na época que a denúncia era de "iniciativa política" – não chegou a ser examinada.

10 - Grupo Delfin

Denúncia feita pela "Folha de S.Paulo" de dezembro de 1982 apontou que o Grupo Delfin, empresa privada de crédito imobiliário, foi beneficiado pelo governo por meio do Banco Nacional da Habitação ao obter Cr$ 70 bilhões para abater parte dos Cr$ 82 bilhões devidos ao banco. Segundo a reportagem, o valor total dos terrenos usados para a quitação era de apenas Cr$ 9 bilhões. Assustados com a notícia, clientes do grupo retiraram seus fundos, o que levou a empresa à falência pouco depois. A denúncia envolveu os nomes dos ministros Mário Andreazza (Interior), Delfim Netto (Planejamento) e Ernane Galvêas (Fazenda), que chegaram a ser acusados judicialmente por causa do acordo.

sábado, 8 de abril de 2017

TRUMP E A SÍRIA

Por Pepe Escobar




Síria: A Fusão Tóxica
Artigo do jornalista Pepe Escobar para ajudar a entender o recente ataque norteamericano contra a Síria


*Por Pepe Escobar
“Esses atos hediondos do regime de Assad não podem ser tolerados”. Assim falou o Presidente dos Estados Unidos.
Tradução instantânea: Donald Trump – e/ou a sopa de letrinhas das agências de inteligência dos EUA, sem nenhuma investigação detalhada – estão convencidos de que o Ministério da Defesa Russo está simplesmente mentindo.
É uma acusação muito séria. O porta-voz do Ministério da Defesa Russo, Major-General Igor Konashenkov, enfatizando a informação “totalmente objetiva e verificada”, identificou um ataque da Força Aérea da Síria lançado contra um armazém “rebelde moderado” ao leste da cidade de Khan Sheikhoun usado para produzir e armazenar conchas contendo gás tóxico.
Konashenkov acrescentou que os mesmos produtos químicos foram usados ​​por “rebeldes” em Aleppo no final do ano passado, de acordo com as amostras coletadas por especialistas militares russos.
Ainda assim, Trump sentiu-se obrigado a telegrafar o que agora é sua própria ‘linha vermelha’ na Síria: “Militarmente, eu não gosto de dizer quando vou nem o que estou fazendo. Não estou dizendo que não farei nada, mas de uma forma ou de outra, certamente não vou dizer a vocês [imprensa]”.
 Isso pode parecer um esboço do Monty Python [grupo de comédia britânico]. Mas infelizmente, é a realidade.

O que está em jogo em Idlib

Histeria desencadeada – mais uma vez -, a opinião pública ocidental esqueceu convenientemente que as declaradas armas químicas mantidas por Damasco foram destruídas em 2014 a bordo de um navio dos Estados Unidos, e mais, sob a supervisão da ONU.
E a opinião pública ocidental, convenientemente, esqueceu também que antes de ser teoricamente transpassada a chamada “linha vermelha de Barack Obama sobre armas químicas”, um relatório secreto da inteligência dos EUA deixou claro que Jabhat al-Nusra, também conhecido como o comandante da al-Qaeda na Síria, dominava o ciclo de produção de gás sarin e era capaz de produzi-lo em quantidade.
Sem mencionar que a administração Obama e seus aliados, a Turquia, a Arábia Saudita e o Qatar fizeram um pacto secreto em 2012 para criar um ataque de gás sarin e culpar Damasco, preparando o cenário para um replay de ‘Shock and Awe’ [Choque e Pavor – doutrina militar baseada no uso de força avassaladora]. O financiamento para o projeto veio da conexão NATO-GCC [OTAN-Militares e Governos], juntamente com uma conexão CIA-MI6 [CIA-Agência Britânica de Inteligência], também chamada de rat.line, de transferir todo o tipo de armas da Líbia para Salafistas-jihadistas [movimento ortodoxo ultraconservador dentro do islamismo sunita] na Síria.
Assim, a ofensiva de Damasco tinha de ser manchada, sem impedimentos, para toda a opinião pública global.Encurralados na província de Idlib, esses “rebeldes” são agora o principal alvo do Exército Árabe Sírio (SAA) e da Força Aérea Russa. Damasco e Moscou, ao contrário de Washington, estão empenhados em esmagar toda a galáxia Salafista-jihadista, não só o Daesh. E se o SAA continua a avançar, e esses “rebeldes” perdem Idlib, é ‘game over’.
Além disso, não faz qualquer sentido que apenas dois dias antes de outra Conferência Internacional Sobre a Síria, e imediatamente após a Casa Branca ser forçada a admitir que “o povo sírio deve escolher o seu destino” e que não se fala mais em “Assad deve ir”, Damasco lance um ataque de gás contraproducente antagonizando todo o universo da OTAN.
Isto caminha – e fala – mais como o tsunami de mentiras que antecederam a doutrina ‘Shock and Awe’ no Iraque em 2003, e certamente vai no mesmo caminho que a renovada turbinada de uma campanha “al-CIAda”. Jabhat al-Nusra nunca deixou de ser um dos bebês da CIA no cenário preferido para a mudança de regime sírio.

Seus filhos não são tóxicos o suficiente

A embaixadora de Trump na ONU, a proprietária da Heritage Foundation Nikki Haley, previsivelmente foi balística, monopolizando todo o ciclo de notícias do Ocidente. Perdido no esquecimento, também previsivelmente, foi o discurso do vice-embaixador da Rússia, Vladimir Safronkov, quebrando em pedaços a “obsessão por mudança de regime” na Síria, que segundo ele “é o que dificulta este Conselho de Segurança”.
Safronkov sublinhou que o ataque químico em Idlib foi baseado em “relatórios falsificados dos Capacetes Brancos”, uma organização que foi “desacreditada há muito tempo”. De fato; Mas agora os capacetes são vencedores do Oscar , e este crachá de honra da cultura pop os torna inatacáveis ​​- para não mencionar imunes aos efeitos do gás sarin.
Seja qual for, Trump ou Pentágono, quem eventualmente surgir, um analista de inteligência americano independente, avesso ao pensamento coletivo, foi inflexível: “Qualquer ataque aéreo contra a Síria exigiria coordenação com a Rússia, e a Rússia não permitiria qualquer ataque aéreo contra Assad. A Rússia tem os mísseis defensivos lá que podem bloquear o ataque. Isso será negociado fora. Não haverá ataque já que um ataque pode precipitar uma guerra nuclear. ”
Os “filhos da Síria” mortos são agora peões em um jogo muito maior e perverso. O governo dos Estados Unidos pode ter matado um milhão de homens, mulheres e crianças no Iraque – e não houve clamor sério entre as “elites” do espectro da OTAN. Um criminoso de guerra ainda em liberdade admitiu, e registrou [vídeo acima com Madeleine Albright, ex-Secretária de Estado do governo Bill Clinton], que a extinção, direta e indireta, de 500.000 crianças iraquianas foi “justificada”.
Publicado originalmente em Sputnik NewsEnquanto isso, o Reino Unido continua alegremente armando a ‘Casa de Saud’ em sua busca para reduzir o Iêmen a uma vasta área de fome identificada por cemitérios de “danos colaterais”. O espectro da OTAN certamente não está chorando por essas crianças iemenitas mortas. Eles não são tóxicas o suficiente.
*Pepe Escobar é correspondente itinerante da Asia Times/Hong Kong, analista da RT e TomDispatch, e colaborador frequente de sites e programas de rádio que vão desde os EUA até a Ásia Oriental. Nascido no Brasil, é correspondente estrangeiro desde 1985 e viveu em Londres, Paris, Milão, Los Angeles, Washington, Bangkok e Hong Kong.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

DEMOCRACIA, PARA QUÊ?

Bom, alguns exemplos.

Para não ter que recorrer a boas conexões para obter justiça ou corrigir injustiças.

Para não se perder tempo, energia e recursos em brigas de foice no escuro quando se quer mudar ou manter alguma coisa que pertence ao campo da política.

Para que exista um campo onde se possa negociar as coisas importantes, e não ter que aceitar imposições de alguém que tenha mais força ou mais dinheiro.

Para que pessoas possam formular – e tomar – iniciativas para melhorar as condições de vida dos mais pobres, fortalecer o socorro a populações em situação crítica por desastres naturais ou de origem humana, no Brasil no resto do mundo.

Para propiciar condições a todas as crianças para que elas desenvolvam e apliquem todo o potencial criativo e de solidariedade que elas possuem, independente do berço.

Para, apenas por ser humano, você tenha e exerça o direito de sonhar.

Nada disso traz o paraíso na terra, mas ajuda a ter ânimo para trabalhar, amar e sonhar.


Por isso, e muito mais, apoio toda iniciativa que faça crescer a democracia, e rejeito o discurso de ódio do fascismo, trazido pelos golpistas. O Brasil é um país belo, e tem um povo generoso e gentil, o que não pode ser dito de suas elites e dos servidores dessas elites. 

quarta-feira, 5 de abril de 2017

SERGIO MORO VERSUS QUEM O CRITICA

Do Cafezinho


Exclusivo! O artigo de filosofia e política que enfureceu o justiceiro da Globo!

Escrito por , Postado em GolpeHistóriaJustiça

Por causa desse artigo, que o Cafezinho publicou em primeira mão em 21 de março de 2016, Sergio Moro está tentando botar Roberto Ponciano, um escritor socialista profundamente erudito, colaborador do blog, na prisão.
Eu o reli agora, editei-o com cuidado, porque ele assumiu agora um valor histórico ainda maior.
Leiam e compartilhem!
Pela liberdade de expressão!
Moro, Eichman e a banalidade do mal

por Roberto Ponciano, colaborador do Cafezinho
O mais assustador no que está acontecendo no Brasil não é uma questão apenas política, e ver que em poucos meses, uma democracia que demorou 20 anos para ser reconstruída pode se esfumar. Alain Badiou deixou claro em sua obra, que a negligência, a omissão de quem tem o dever de atuar, dos intelectuais e militantes políticos diante de um Evento é imperdoável. Não é simples omissão, é cumplicidade, é criminoso.
O assustador desta história é que o juiz Sérgio Moro não é um grande ator político, ao fim e ao cabo Moro é um Zé Ninguém (na acepção inclusive reicheana da miséria psíquica), um juiz de visão política turva, nenhuma envergadura intelectual, com inteligência limitada e visão zero de sociedade.
Um mero Eichman, executor das ordens superiores.
No momento não sabemos claramente de quem, mas efetivamente desconfiamos da cumplicidade. De certo, do próprio Janot, o Procurador Geral da República, que deveria ser o defensor da lei, mas tendo conhecimento dos pérfidos grampos de Moro, se não os autorizou, ratificou sua “legalidade”.
O aspecto tragicômico deste enredo é que nem um dos dois, nem Moro, nem Janot, tem qualquer dúvida que estão perpetrando uma ilegalidade. Os grampos nos telefones de Lula, Dilma, Jacques Wagner, Rui Falcão não tem nada que ver com a Lava Jato. Fariam corar de vergonha ou inveja os tribunais de exceção nazistas e o senador Joseph McCarthy. Ambos sabem que as escutas são ilegais e imorais e claramente persecutórias de um partido.
Hannah Arendt, ao acompanhar o julgamento de Eichman, cunhou a famosa frase, que resume toda uma teoria: “o mal é estrutural”.
O mal se torna banal quando um simples burocrata medíocre como Eichman é capaz de, sem sentir culpa ou remorso, fazer parte da engrenagem do mal.
Moro é Eichman, um burocrata medíocre, de passado obscuro e de futuro tenebroso. Não entra na história como herói, mas pela porta dos fundos, como um obscuro juiz camisa negra, cujo único objetivo é despachar os vagões cheios de prisioneiros vermelhos. Para que o mal seja banalizado, como nos ensinou Levinas, é fundamental que o inimigo seja desumanizado.
Em todos os julgamentos de tribunal de exceção, antes de tudo é necessário retirar a humanidade do outro. E para que não tenham dúvida, não estou falando só dos tribunais nazistas e fascistas. O mesmo simulacro de tribunal foi usado nos julgamentos de Moscou e em outros tribunais “revolucionários”, que não julgaram os indivíduos e seus crimes, mas suas ideias.
Moro não está investigando nenhum crime. Seus atos deixaram de ter qualquer resquício de legalidade há muito tempo, e ele não se importa em autorizar gravações ignóbeis e as ceder (sabe-se lá em que condições) à maior rede de conspiração do Brasil (a TV Goebbels), que precisa repetir uma mentira mil vezes para que ela se transforme em verdade.
Assim, assassinam-se as garantias legais. Nenhum de nós é santo, se grampeassem meu telefone, não sei se iria primeiro para a cadeia ou primeiro para o inferno. Numa sociedade falsamente pudica (uma das características principais do fascismo), até os palavrões ditos em confidência são liberados para um “objetivo maior”.
Desumanizar o adversário, para que o terror fascista prevaleça. É necessário que o adversário seja um cão, uma besta leprosa indesejável, que deve ser chutada e cuspida na rua.
Vermelhos, socialistas, comunistas!
Mas não precisa ser socialista ou comunista. Na sanha fascista do mal, quem estiver contra o fascismo já ganha sua adesão incondicional às ideias deste inimigo imaginário.
E tenho bastante moral para gritar contra isto. Quando se começou o linchamento moral de FHC, pelo suposto filho “ilegítimo”, escrevi pequenos textos dizendo que assim nos igualávamos às idiotices do “sítio do Lula”. Como democrata, como socialista, não me interessam as aventuras amorosas de FHC e o que aconteceu com a vida dele. Nem mesmo se ele tem um apartamento em Paris.
Isso é cretinismo. Não se constrói um debate democrático e ideais firmes para um embate político sério assim. Posso sim falar de FHC que ele agora é cúmplice do golpe, quando tinha o dever de denunciá-lo, vítima de 1964 que foi. Com seu aval, o PSDB, partido fundado por ele, embarca na aventura de um golpe de Estado.
No meio desta tragédia, há os “inocentes”. Membros da classe média que se pretendem imparciais, mas que com sua imparcialidade, fazem coro às indecentes violações dos direitos humanos, da privacidade, do vale-tudo. Que correm para futricar as conversas privadas dos PeTistas (estas bestas-feras inimigas da humanidade), fingindo não ver que estas gravações, e seu vazamento, são criminosas. Tudo tirado do seu contexto e repetido ad nauseam para causar o efeito que está causando.
Uma parte da classe média pede “justiça’ a quem rasgou seu papel de defender a justiça, e outra adere à barbárie fascista, agredindo pessoas que julgam adversárias na rua. O povo do “vai para Cuba”. São duas faces da mesma moeda. Assim como a classe média alemã que foi cúmplice e beneficiária do nazismo e só abandonou o sonho do “Reich de mil anos” quando os aliados começaram a bombardear as cidades alemãs.
Não há perdão para esta cumplicidade e covardia.
Há também cumplicidade e covardia de parcela de “esquerdistas”, que num momento de transe histórico e de risco de regressão, sonham que estão às portas de uma Revolução e que Brasília é o Palácio de Inverno. Quixotescos traidores da democracia, que serão os primeiros a serem vitimados.
Vivemos um momento de terror e transe, os próximos dias serão de confrontação de dois campos em disputa pelo futuro do país. Um dos campos tem o juiz medíocre Moro, o conspirador geral da República, Rodrigo Janot, Bolsonaro, Malafaia, Feliciano. A junção do que há de mais perverso é uma ameaça de morte à inteligência.
Num momento tão grave, a maior oferta de cursos universitários não gerou uma juventude com ideias mais avançadas, capaz de defender a democracia e a liberdade.
No local em que eu trabalho, vejo servidores concursados usando trágicas camisas pretas entoarem gritos de guerra pró-Moro, acompanhados de juízes que só pensam no próprio umbigo. Os três estagiários jovens do local em que eu trabalho admiram Bolsonaro e duas disseram que preferem votar em Bolsonaro a votar em Lula.
A mentira dita mil vezes cria um Zeitgest de espírito do tempo às avessas.
Jovens de classe média ou baixa, que passam a acreditar no fascismo como redentor do nada, como redentor do caos que ele mesmo – o fascismo – cria.
Um reles funcionário de quinta categoria, nosso Eichman dos tempos hodiernos, Sérgio Moro, é capaz de liberar os trens para os campos de concentração e tornar uma nação inteira refém dele.
Quando um juiz de uma vara de primeira instância consegue poderes absolutos através da cumplicidade da PGR e da chantagem ilimitada, e se coloca acima da Presidente eleita legitimamente, não é só o governo que se ameaça.
A possibilidade de uma ditadura tecnocrata de burocratas torpes, míopes e obtusos, sem pauta social, sem projeto e no meio do caos de um país dividido, é uma ameaça a todos os democratas.
Devemos defender a democracia pela qual nossos pais sofreram prisão, exílio, tortura e morte, e derrotar o fascismo.
Não consigo me imaginar viver num país onde qualquer Eichman de Curitiba possa golpear uma nação inteira!
Só há um remédio. Temos que ir às ruas e vigiar.
Os fascistas não passarão!
Roberto Ponciano é Mestre em Filosofia/Ética, em Letras Neolatinas e Especialista em Economia do Trabalho

terça-feira, 4 de abril de 2017

A PRODUÇÃO DO CONSENTIMENTO PELA MÍDIA

Do site O Cafezinho


O QUE PENSA A PERIFERIA

Ela afastou-se em parte da esquerda, apoiou João Dollar... Porque? Matéria do Jornal GGN


O que pensa e o que sente o povo da periferia?, por Reginaldo Moraes

periferia_-_janssem_cardoso.jpg
Foto: Janssem Cardoso
por Reginaldo Moraes
Está no ar uma nova pesquisa da Fundação Perseu Abramo: Percepções na periferia de São Paulo”. Você pode ler os resultados neste endereço: (http://novo.fpabramo.org.br/…/percepções-na-periferia-de-sã…). O site da FPA traz ainda uma série de artigos em que Jordana Dias Pereira, Matheus Tancredo Toledo e Wiliam Nozack comentam os resultados.
O alvo da pesquisa é mais do que atual. E, ao mesmo tempo, é sempre renovado.
Há quase 100 anos, o Partido Comunista da União Soviética, PCUS publicou uma coletânea de artigos de Lenin com o titulo de “Sobre os sindicatos”. Vários desses artigos insistiam em um tema chave da esquerda: como os enfrentamentos diários com os patrões e o governo formavam aquilo que podemos chamar de “consciência de classe”. Mais do que a propaganda, as escolas de quadros, a agitação da imprensa sindical e partidária, “a vida ensina”, como dizia o título de um desses artigos.
A vida ensina muitas lições e nem sempre aquelas que queremos aprender ou aquelas que julgamos que os “aprendizes” deveriam aprender. E se os enfrentamentos formam a consciência, também essa consciência é afetada pela ausência de enfrentamentos, quando a luta política é substituída pela “cooperação entre as classes”.
A vida ensina, também, através de um meio silencioso e aparentemente “neutro”: o bombardeio das urgências cotidianas, o tempo consumido pela batalha da sobrevivência em condições de super-exploração. Uma das hipóteses da pesquisa indica esse fator – e ela foi derivada de observação anterior sobre as condições de vida da massa trabalhadora. Difícil pensar quando o tempo nos oprime. A classe trabalhadora das grandes cidades brasileiras vive um cotidiano em que ä jornada de trabalho de 9 ou 10 horas se junta uma “jornada adicional” de várias horas em trânsito, amassada em transportes coletivos similares a cadeiões e presídios. Difícil classificar como “tempo livre” aquelas horas em que o cidadão sacode em um trem ou ônibus. Caso imagine ler um jornal ou livro, o aperto já o impede. A angustia da situação – aperto, e desconforto, risco de roubo, temor de atraso – logo apaga qualquer possibilidade de devaneio reflexivo.
A vida ensina – ensina, inclusive, a não apreender. Ou a aprender, apenas, a ter reflexos condicionados, a ter medo, a ser obediente e acomodado, a suportar o que existe pela falta de alternativas.
Se um cidadão está habituado a ver os serviços públicos fundamentais para sua vida – escola, saúde, transporte, energia e saneamento – como mercadorias a comprar, pagar e receber, não devemos estranhar que utilize essa forma mental para encarar candidatos a gerir tais recursos. São “gestores” mais ou menos eficientes de “mercadorias”.
Ao lado desses fatores ditos objetivos, somam-se alguns outros condicionadores do comportamento e das ideias que podemos chamar de fatores subjetivos. Entre estes, destacam-se as diferentes agencias sociais como a escola, a família, a igreja, os meios de comunicação. São agentes formadores de ideias, sentimentos, valores e, por isso, de comportamento, escolha, decisão.
Os grandes momentos de medida das decisões – como as votações – sempre nos chamam atenção. Mas é preciso olhar para a as decisões e escolhas pontuais, cotidianas, pulverizadas. Quando um cidadão escolhe um candidato porque personifica tais e tais valores, é preciso perguntar por que tais valores se tornaram critério para a escolha. E como. Aí, mais do que nos grandes momentos, como as campanhas eleitorais, reside o poder dos meios de comunicação, das igrejas e dos hábitos cotidianos.
A pesquisa da FPA mostra um desses componentes, fundamental no cotidiano das massas trabalhadoras – o manejo dos medos e das crenças, das inseguranças e das esperanças, a afirmação “superior” do que é bem e do que é mal, em um mundo em que tudo parece instável, confuso, pouco confiável. Já houve tempo em que nas periferias das cidades espalhava-se uma teologia da libertação, da esperança de um novo tempo, mais justo e igualitário. Ela foi paulatinamente substituída por uma teologia da prosperidade – mas também do castigo, da punição, do olho por olho. Está mais do que na hora de pregar uma nova ressurreição, a ressurreição da esperança e da crença numa vida construída na luta coletiva, no sonho coletivo.
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