segunda-feira, 18 de março de 2013

A FAVOR DO CASAMENTO GAY ?


Nunca considerei prioritária uma luta pelo casamento gay. Como não sou gay, acho que não é me cabe julgar se é ou não uma coisa boa, ou mesmo racional ou não.
Casamento deve ter sido criado para estabilizar as relações, entre homem e mulher, que tendem a ficar unidos de qualquer modo. Estabilizar para garantir o interesse do homem em ajudar a criar os filhos. Tendo certa segurança de que os filhos serão seus, será mais fácil ele assumir suas responsabilidades de pai.
Mas alguns casamentos não têm filhos. Mais grave ainda, parte deles porque o casal não quis tê-los. Daí esses casamentos deixam de visar à prole.  Na década de 60, muita gente andou deixando para mais tarde, ou simplesmente fugindo do casamento. Muitos homens, mas também mulheres. Uma personalidade daquele tempo dizia que só quem queria casar era padre (houve um movimento na época, de padres não pedófilos, pela permissão de casamento pela Igreja).
Hoje as relações sem formalização estão muito comuns, e algumas se formalizam depois de alguns anos e da decisão de fazer e criar filhos. Mas a prevalência é de uniões estáveis. Não só por causa dos filhos, mas porque ao que parece, o ser humano tende a unir amor e sexo, e o amor livre é apenas um apelido mal dado a sexo livre. E sexo livre, embora seja potencialmente mais divertido, tem inconvenientes nada desprezíveis: gravidez indesejada, doenças transmissíveis, encontros desagradáveis, a falta de intimidade e de cumplicidade. Pode ser uma preparação para o amor, mas se durar muito, não vale a pena para a maior parte dos mortais.
Na mesma década de 60, entrando pela de 70, grande parte dos gays (implico com esse nome, mas uso porque é o que não os ofende), eram promíscuos, ou adeptos do amor livre, o que é a mesma coisa. As doenças sexualmente transmissíveis experimentaram um boom, e era questão de tempo surgir algo tão devastador como a AIDS, que atingiu primeiro os gays masculinos, e depois toda a população heterossexual que usava prostitutas ou praticava alguma forma de sexo livre. Aos que não foram punidos pela ira divina, ou aos que se protegeram da mesma usando camisinhas, a opção de limitar a própria liberdade sexual inclusive através uniões estáveis passou a ser mais atraente também para os gays.
Mas, porque casamento? Porque não apenas firmarem-se compromissos, inclusive mediante contratos em cartórios?
Acho que tenho uma pista. Casamento é uma coisa bonita, para celebrar uma união que, pelo menos quando ela se inicia, é uma coisa linda. A noiva com um vestido branco, flores, festa, a proximidade de familiares e amigos, as crianças por perto. O ambiente da Igreja, apesar da imposição de ler aquelas coisas, lembrar as aspirações do clero de governar as almas. Uma festa muito bonita, emocionante.
Porque os gays não teriam direito a essas coisas, ou coisas similares, se o casamento entre eles gerar neles e nos que lhes são próximos, essas sensações boas? E os direitos civis provenientes da união, quando ela dá certa e dura bastante?
A Igreja não quer, não oficie casamentos gays. O mesmo para todas as outras religiões. Mas os cocorocas devem limitar-se a isso: não participem. Eu, se algum dia for convidado para um casamento gay, entre homens ou mulheres, ou entre qualquer par que não se enquadre no modelo tradicional, vou tratar de curtir com todo o prazer e com alguma curiosidade, que toda coisa nova merece.

quinta-feira, 14 de março de 2013

CONSERVADORES


Conservador é alguém que não quer mudanças, resiste a elas, teme as consequências dessas mudanças, e tenta ao menos retardar ou torna-las mais lentas para lhe dar tempo de adaptar-se. Em contraste com os conservadores estão reformadores, e revolucionários.
Pode ser um conservador ambiental. Pode ser um conservador social. Político. Esta última é a concepção mais corrente do que se entende por conservadorismo. Mas o conceito de conservadorismo pode ser simplesmente uma atitude, separada da ação, que pode estar em todos os que usam ter opinião ou agem de acordo com essa opinião.
Um conservador mais radical pode ser chamado de reacionário. O reacionário quer reverter mudanças sociais e políticas, ocorridas ou em curso. Esses conceitos podem ser estendidos ao conservador ambiental, que pode querer que nada mude na natureza, ou que os ecossistemas destruídos sejam totalmente restaurados.
A característica mais evidente do conservador é que ele tende a estar na defensiva, a não ser que, como reacionário, ele queira restaurar um equilíbrio anterior rompido, e passe a agir politicamente. Ele não é receptivo em relação a ideias, informações, teorias ou filosofias que possam abalar suas convicções.
Em um ambiente que esteja a sofrer mudanças importantes o conservador enxerga menos as alternativas ou oportunidades que eventualmente apareçam, do que os outros. Vê ameaças nas mudanças propostas para serem aplicadas politicamente, enquanto ignoram as ameaças que resultam da manutenção do status quo.  Quando eclode uma crise, ele tende a ver falhas apenas na superfície dos fatos: o fator humano, a má aplicação da sabedoria corrente, e não aceita  questionar essa mesma sabedoria.
É bom conservar o que temos, se isso nos faz bem. Entretanto o mundo não é bom para tanta gente que mereceria muito mais do que tem, simplesmente pelo fato de ser humano. Se o conservador não considera relevante esta questão, ele tenderá sempre a se opor a quem se importe e deseje fazer alguma coisa acerca do assunto. Mas aí entramos no campo do conservadorismo político e social, que é melhor abordar em um post à parte.

quarta-feira, 13 de março de 2013

SOBRE O NOVO PAPA

Atenção, alerta para quem gostou da simpatia do jesuíta Jorge Mario Bergoglio, recém nomeado papa, e de sua frugalidade aparente - prepara suas refeições e usa transporte público. É bom ler esta matéria da Carta Maior. E mais esta, que saiu no Viomundo.  Ou esta, que saiu no site Opera Mundi. Há quem acredite em uma dedicação aos pobres, afinal, Dom Paulo Arns começou seu cardinalato como conservador, quando foi chamado a substituir o apoiador explícito da ditadura Agnelo Rossi, veja esse outro post do Viomundo. Veremos, é interessante, mas o comportamento histórico e recente da Igreja dá mais força aos céticos.

quarta-feira, 6 de março de 2013

HUGO CHAVEZ

A melhor frase que vi até agora, é de Pepe Escobar: El comandante deixou o prédio, mas o prédio nunca mais vai ser o mesmo. Referindo-se à inclusão social de milhões de venezuelanos, e ao que se conseguiu até hoje de integração latino-americana, malgrado os esforços do império para nos dividir.Quanto à acusação de que teria sido envenenado, se não for verdade, não se deve excluir essa hipótese, considerando que só depois de seis anos de sua morte foi provado que Yasser Arafat foi envenenado, pelo mesmo império ou por um de seus operadores, o que vem a dar no mesmo.