quinta-feira, 3 de julho de 2014

FASCISMO ENTRE NÓS

Tenho um conceito de fascismo, que quero expor aqui. Em uma democracia formal pressupõe-se  que os diferentes interesses dos cidadãos serão defendidos e debatidos em um ambiente em que é garantido um mínimo de liberdade e respeito, e que nas decisões que concernem o Estado vencerá a maioria, salvaguardando os direitos essenciais de todos, inclusive minorias. Para distinguir nesse processo de debate e decisão o que é aceitável e o que não é, há um conjunto de regras sociais e de leis.

Democracia não é o espaço dos perfeitos. Inclui bandidos: ladrões, indivíduos violentos, vigaristas, que sempre houve e sempre haverá. Eles podem ser objetos de políticas de Estado para desencorajar malfeitos: multas, prisões. Mas há um tipo especial de bandidos que são tratados pelo Estado de forma diferente: os delinquentes políticos. Essa diferença vem do fato de que parte deles são parte do Estado. Os delinquentes políticos, vamos chamá-los DP, atuam como cidadãos, quando quebram as regras da civilidade (veja um pedido de desculpa por um episódio recente na Copa, aqui) e recorrem à violência verbal ou física contra seus oponentes, ou, no caso de jornais, revistas e mídia caluniam sem provas cidadãos e políticos ; e atuam como agentes do Estado, como governantes, parlamentares, promotores e juízes. 

Como agentes do Estado, incluem a polícia. Policiais corruptos são DP. Policiais que atuam como milícia armada de forma violentamente ilegal contra o direito de manifestação, veja aqui, aqui, são DP. Governadores que apoiam e incentivam esse tipo de polícia, como Geraldo Alckmin, são DP.

Na política, esses processos de DP são tradicionalmente ligados aos fascismos antigo e atual. A associação de fascistas com parte das polícias é antiga, funcionou por exemplo na Alemanha antes e na ascensão do nazismo, na Inglaterra pelos fascistas locais um pouco antes da segunda guerra mundial, derrotados na época pela reação dos trabalhadores organizados. O líder de um Estado fascista não precisa ter modos fanáticos como Hitler, de bufão como Mussolini, ou seu imitador brasileiro, Plínio Salgado. Pode ter as maneiras refinadas de um Salazar, ou melífluas de um Alckmin. 

Cuba tem praticado formas de fascismo contra minorias, embora venha atenuando a repressão e procurando arejar mais o ambiente político. Dizer que Argentina ou Venezuela pratiquem ou se dirijam a algum tipo de repressão do tipo fascista é mentira - esses países contam com oposições ferozes que, essas sim recorrem a todo tipo de violência verbal e física contra os governos eleitos de seus países, que asseguram toda a liberdade de expressão e reagem dentro da lei a mentiras e a tentativas claras de golpes de estado, muitas vezes apoiados com orientação e dólares por você sabe quem.

O fascismo atual está presente nas milícias jihadistas no Oriente Médio e Norte da África, em quase todos os países da Europa, inclusive a Grécia, e Noruega, nestes dois incluindo assassinatos, e no Brasil nas atitudes policialescas de alguns governantes, nas violações da lei e constituição por promotores e juízes, inclusive das altas côrtes que passam por cima de jurisprudências estabelecidas e de princípios fundamentais da constituição para perseguir políticos de esquerda, na violência verbal de cidadãos na internet, na atuação de órgãos de imprensa como a revista Veja. 

Em nosso país a maior parte de seus cultores não usa uniforme, não faz saudações romanas ou similares, mas são inimigos da democracia da mesma forma, são atuantes e influentes, e como os fascismos históricos, contam com o apoio financeiro de grande parte dos ricos, nacionais e multinacionais, e no caso de toda a América Latina, do governo dos Estados Unidos da América.

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