sábado, 19 de julho de 2014

FALTA DE ÁGUA E ATIVIDADE ECONÔMICA

Uma consequência lógica da crise de abastecimento de água é que muitas empresas serão prejudicadas e poderão ter que diminuir suas atividades. Por enquanto o PIG ignora a gravidade da situação, em sintonia com o governo de Alckmin. Abaixo, do Tijolaço

Seca não é ideológica; mídia, é. Demissões da água em São Paulo só saem no “Valor”

17 de julho de 2014 | 17:31 Autor: Fernando Brito
torneiratucana
São Pedro, sabe-se, não tem partido e pouca chuva não é problema ideológico, mas hidrológico.
Mas os efeitos e a capacidade de enfrentá-los é, sim, ação de Governo.
Todo mundo acompanhou a agitação, nos primeiros meses do ano, com o “terror do apagão elétrico” que a seca iria provocar.
E não provocou, nem vai provocar, embora as condições sejam, de fato, delicadas e se vá chegar à época das chuvas com um armazenamento muito baixo.
É a verdade, são fatos e fatos não são partidários.
Mas a imprensa é.
Você consegue imaginar o que seriam as manchetes dos jornais brasileiros e as indústrias estivessem demitindo trabalhadores e suspendendo investimentos por conta de uma esperada falta de luz?
Mas isto está acontecendo com a indústria paulista em função do medo de não terem água para trabalhar.
Nem a Folha, nem o Estadão divulgam a pesquisa apresentada hoje pela Fiesp.
Achei apenas no Valor a informação, junto com a notícia de que se estima que três mil empregos tenha sido perdidos com a redução da atividade das empresas pelas restrições atuais ao uso da água.
Como o jornal é voltado para empresas, não pode deixar de noticiar uma coletiva da Fiesp.
Leiam abaixo:
Levantamento divulgado pela Fiesp nesta quinta-feira durante seminário sobre escassez de água na região do PCJ mostra que, em cada três empresas, duas estão preocupadas com possível interrupção no fornecimento. A possibilidade de um racionamento de água ainda neste ano é um fator de preocupação para 67,6% das 413 indústrias ouvidas pela pesquisa realizada pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp.
O levantamento foi feito entre os dias 12 e 26 de maio com 229 empresas de micro e pequeno porte (até 99 empregados), 140 de médio porte (de 100 a 499 empregados) e 44 de grande porte (500 ou mais empregados).
A pesquisa revela que são justamente as empresas de grande porte as mais preocupadas (75% ante 68,1% das pequenas e 64,3% das médias).
Já pensando nas consequências de uma interrupção no fornecimento de água, 64,9% das empresas avaliam que a medida teria impacto sobre seu faturamento: 17,9% avaliam que o impacto seria “forte” enquanto para 47% seria “pequeno”.
As empresas de grande porte foram as que mais indicaram impacto sobre o faturamento: “pequeno impacto” para 50% das grandes ante 48,9% das pequenas e 42,8% das médias; “forte impacto” para 29,5% das grandes ante 17,9% das pequenas e 14,3% das médias.
Das indústrias ouvidas, 62,2% indicaram que a produção pode ser prejudicada, mas não precisa ser interrompida em caso de racionamento. Para 11,9%, a produção é paralisada apenas no momento da interrupção e retomada em seguida. Já 12,1% responderam que a produção não seria afetada.
E das empresas que participaram da pesquisa, 54,5% não possuem uma fonte alternativa de água, enquanto 21,8% possuem e são capazes de manter a produção durante eventuais interrupções, enquanto 20,8% não dependem do sistema de abastecimento de água.
Se os “departamentos de engenharia” da nossa mídia, que analisam com profundidade todas as obras federais, fizerem uma continha simples, vão ver que a velocidade do esvaziamento do Jacareí-Jaguari está se acelerando e muito provavelmente não se atingirá o volume esperado até que a cota fatal de 815 metros seja atingida, porque haverá o isolamento do Jaguari, empoçamentos e perdas extras de evaporação com o afinamento da lâmina d’água.
Entre os dias 16 e 17 do mês passado, um a retirada de 1,21 bilhão de litros correspondeu a uma queda de seis centímetros no nível da represa.
Um mês depois, de ontem para hoje, caiu os mesmos seis centímetros com a drenagem de 920 milhões de litros.
24% menos água para o mesmo nível de rebaixamento.
Não sei se preciso desenhar para os editores dos jornais um funil, para que eles entendam que isso vai piorar mais rapidamente.
É inacreditável que seja um pequeno e desaparelhado blog quem tenha, há cinco meses, de falar que a situação é grave, gravíssima.

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