quarta-feira, 23 de julho de 2014

BOICOTE A ISRAEL?

Um grupo de intelectuais, inclusive vários prêmios Nobel da Paz, defende um embargo de armas contra o Estado de Israel, tendo em vista o atual, mais recente massacre de palestinos em Gaza, que inclui (até agora) 121 crianças, entre cinco meses e dezessete anos. Um embargo desse tipo, com os EUA como principal fornecedor (incondicional) de armas, não parece instrumento muito eficaz para induzir aquele estado a alguma forma de moderação.

Quando a África do Sul conduzia por seu Estado de brancos a política do apartheid, um bem sucedido boicote aos produtos do país conseguiu abalar a economia daquele país. Não parece que foi a força dominante na derrocada do regime e na transformação daquele país em um Estado não racial, laico e democrático, mas certamente ajudou.

Israel tem há muito tempo o apoio irrestrito e incondicional do império do caos, também conhecido como Estados Unidos da América. E da mídia corporativa dos EUA e seus aliados, mais a de países como o Brasil. Seus cidadãos herdaram uma autoridade moral dos judeus perseguidos pelos pogroms dos países eslavos e germânicos. Mas usaram essa autoridade para atacar, submeter a humilhações e massacres, desde 1947 um outro povo, cujo pecado foi estarem vivendo nas terras que eles determinaram para fazer um Estado judeu. Como os africaners da África do Sul.

Já houve um movimento de boicote a produtos industriais e agrícolas de terras que têm sido anexadas ilegalmente na Cisjordânia ocupada, que incluiu a demissão da atriz Scarlett Johansson de um organismo da ONU por fazer um comercial para uma empresa israelense lá instalada. Entretanto, os agravos de Israel ao longo dos anos, pontuados por bombardeios de cunho muitas vezes terrorista, embora sob outros pretextos, merecem uma ação mais geral. 

Boicote pode ser exercido por Estados - por exemplo na compra de produtos de alta tecnologia de Israel, e por cidadãos como consumidores. Pode assim passar por cima de alinhamento de governos como os dos EUA e da União Europeia. Talvez seja muito pouco para influir decisivamente. Aqui no Brasil, a oferta de produtos de Israel é quase imperceptível, mas é maior por exemplo na Europa, onde se pode escolher frutas de várias origens nos supermercados. Mas é uma ação política. Seres humanos devem ser defendidos por quem acredita numa democracia que não seja só de fachada.


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