domingo, 25 de maio de 2014

MIGUEL DO ROSÁRIO SOBRE DIRCEU, GENOÍNO

Do Tijolaço

Presos da Papuda temem serem tratados como Dirceu

25 de maio de 2014 | 01:30 Autor: Miguel do Rosário
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(Enquanto o governador do DF, Agnelo Queiroz, tenta resolver o problema da superlotação da Papuda, Joaquim Barbosa se mete a carcereiro furioso e irresponsável e causa instabilidade em todo o sistema prisional do DF e do Brasil)
Neste sábado, participei, logo após João Santana, de um seminário do PCdoB sobre comunicação, em São Paulo. Um dos participantes era um advogado de Brasília com acesso à Papuda e ao governo do DF. Ele me contou que as loucuras de Joaquim Barbosa têm causado enorme instabilidade no sistema prisional do distrito.
Mas não porque, conforme a mídia divulga, mentirosamente (como sempre,) os presos tem alguma espécie de ressentimento por José Dirceu estar sendo tratado com “regalias”.
É ao contrário.
A população carcerária teme perder seus direitos adquiridos, assim como aconteceu com Dirceu. Teme que algum juiz mantenha-os num regime diferente daquele ao qual foram sentenciados, conforme aconteceu com Dirceu. E temem, naturalmente, perder o direito ao trabalho externo, conforme aconteceu com Dirceu.
Este advogado me contou que a campanha maluca da mídia contra Dirceu tem ganho contornos surreais. Uma reforma na Papuda planejada há anos, e que faz parte de um longo processo de negociação política para normalizar a população carcerária do presídio, foi descrito pela imprensa como a construção de uma área especial para José Dirceu. O que não tem sentido, porque Dirceu sairá daqui a pouco da prisão, enquanto a reforma, que nem é onde ficou ou ficará Dirceu, permanecerá.
- É uma coisa de louco. Eu não entendo porque ele [Joaquim Barbosa] tem agido assim. Ele é um irresponsável!
O advogado me contou que Dirceu tem uma TV pequena em sua cela. “Tem outros presos lá com tv de 55 polegadas, e não há problema, porque não há nada ilegal nisso!”
Para cúmulo, agora sabemos que Genoíno passa por uma crise grave de saúde, por conta de sua coagulação irregular, o que não é surpresa. Os médicos antipetistas raivosos escolhidos a dedo por Joaquim Barbosa ignoraram criminosamente os graves riscos à saúde de um cidadão que, em outro tempo, foi barbaramente torturado pelo Estado brasileiro. E que, em plena democracia, volta a ser torturado por um ministro do Supremo sem escrúpulos e blindado pela mesma mídia que apoiou a ditadura e se enriqueceu com ela.
Tem coisas que mudam. Outras não.
Só que antes, Genoíno era um jovem. Hoje é um homem idoso e doente. As autoridades que hoje o torturam, não permitindo sequer que seu netinho lhe entregue um desenho, ou que sua família lhe forneça alimentos prescritos pelo médico, são ainda mais culpados do que os cupinchas da ditadura.
E a mídia, que mentiu criminosamente sobre as “regalias”, também é muito mais culpada hoje do que outrora, quando ao menos tinha a desculpa de que, não obedecesse à ditadura, sofreria retaliação. Hoje vemos, aliás, que a mídia brasileira sempre foi sádica, antidemocrática, covarde e mentirosa.
Um dia, essa é a história que será contada nas escolas. Que a ditadura estendeu-se para dentro da democracia, em virtude da ação de grupos de mídia e elementos sádicos do Estado brasileiro.
Quando isso vai terminar, não se sabe. Mas um dia vai acabar. Talvez seja a consciência de seu fim que esteja fazendo determinados setores partirem para este vale tudo, para esta barbárie asquerosa, insuflando os piores preconceitos do povo em nome de lucro político provisório.
Entretanto, como diria Chico Buarque, eles pagarão dobrado, a cada lágrima rolada daqueles que, longe do preconceito vulgar, do ódio insuflado, tentaram preservar um espaço de racionalidade e humanismo. Daqueles que lutaram, em meio a uma guerra suja liderada por barões da mídia acostumados a vitórias obtidas via golpes, trapaças e truculências, preservar um ambiente digno para disputa política. Uma dignidade que os barões e seus exércitos de zumbis, pelo jeito, jamais entenderão.
Não queremos ver adversários idosos e doentes sendo torturados, pela segunda vez em suas vidas, em prisões superlotadas do Estado. Queremos simplesmente que eles não vençam eleições, que nossos aliados prevaleçam nas urnas e façam um bom governo. Essa maturidade tranquila e magnânima é nossa força.
O sadismo, a covardia, o desequilíbrio deles é o sinal de sua derrota.

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