sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

ASSUNTO: ENERGIA

Faz bastante tempo, quase desde que comecei a trabalhar, que acompanho a saga da energia nuclear no Brasil. Estou falando aqui de inícios da década de 1970. Nessa época governos estaduais e o federal apoiavam a formação de quadros visando começar a investir em centrais elétricas nucleares. Esse interesse cresceu muito no período de Geisel, cujo governo tinha inclinações nacionalistas, e que iniciou um ambicioso Acordo Nuclear com a Alemanha, que objetivava não só a construção de várias centrais nucleares mas também o desenvolvimento de um setor industrial nuclear, para nacionalizar pelo menos parte da engenharia e da construção dos reatores, geradores de vapor e geradores elétricos, mas também a fabricação do combustível, incluindo aí o enriquecimento do urânio.

Foi um período em que muita política rolou, incluindo a oposição dos EUA ao Acordo, o que pode ter sido um dos fatores para os norte-americanos terem começado a substituir o apoio à ditadura aberta em direção a uma abertura política no Brasil.

Nesse período estava sendo construída a central nuclear Angra I, por contrato turnkey com a Westinghouse, ou seja, completamente a cargo da contratada, sem participação de empresas brasileiras que não fossem subcontratadas da norte-americana. O acordo Brasil Alemanha permitiu maior participação da indústria doméstica, junto com a Siemens, para as centrais Angra II e Angra III sendo que esta última teve sua construção interrompida em 2015, e talvez retome algum dia.

Nesse meio tempo a geração nuclear começou a ser cada vez mais criticada no Brasil e no mundo. Por ser cara. Por ser associada ao desenvolvimento de armas nucleares. Pelos perigos ambientais, percepção que foi ampliada com acidentes como as das centrais de Three Mile Island nos EUA, Chernobyl na Ucrânia e Fukushima no Japão.

Quando se tornou claro que o mundo caminha para uma crise ambiental catastrófica devido ao aquecimento da Terra pelos gases de feito estufa, em que as centrais elétricas térmicas - a gás, e principalmente a carvão, têm um papel maior, voltou-se a falar um pouco mais nas nucleares. Os desastres de Chernobyl e Fukushima, no entanto, ajudaram a criar um clima antinuclear mundial, para o qual as mídias corporativas, sempre ligadas ao poder dos EUA, certamente contribuíram.

Há uns vinte anos atrás, partindo da constatação do alto custo das nucleares, foi lançada a ideia de que centrais nucleares, de porte inferior aos usuais 1.200 megawats, padronizados e produzidos em série, poderiam ser uma solução. 

Nesse ínterim, entraram as energias renováveis, principalmente eólica e fotovoltaica. A Alemanha tem tido um papel muito forte na questão das alternativas energéticas, e tem investido muito forte em ambas, como substituição às centrais a carvão mineral, as últimas das quais deverão ser descomissionadas em 2021. Mas sempre tive muitas dúvidas sobre essa opção. Sol, na Alemanha? E vento, tem em todas as regiões do país ou só no mar do Norte? Daí que encontrei os dois artigos linkados abaixo, que tratam com bastante largueza (apesar da predileção bastante explícita do autor) do assunto, terão ainda um terceiro, todos saídos no jornal online Asia Times. De quebra, os artigos citam o esforço do Bill Gates, que também aposta na energia nuclear.

Peço desculpas aos não leitores de inglês. Antes um resumo sobre o autor:


Jonathan Tennenbaum received his PhD in mathematics from the University of California in 1972 at age 23. Also a physicist, linguist and concert pianist, he’s a former editor of FUSION magazine. He lives in Berlin and travels frequently to Asia and elsewhere, consulting on economics, science and technology. Next in this series: the bizarre case of Germany examined.


Don’t like CO2? Advanced nuclear power is the answer

 Renewable wind, solar, hydro and biofuels cannot fill the gap

Germany’s overdose of renewable energy

Anti-nuclear hysteria is destroying the environment

 

 

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