sexta-feira, 5 de outubro de 2018

FERNANDO BRITO SOBRE AS ELEIÇÕES

Hoje, 5 de Outubro, no Tijolaço. Bem colocado, que o golpe vem bem de antes, e é vital dar todos os tipos de combate aos seus agentes: da mídia, das polícias, do judiciário, entre os políticos, aos donos do poder econômico.


É por isso que as trevas não vencerão, ao menos nas urnas

Pessoas e coisas muito importantes, tão essenciais que estão presentes à nossa vida cotidiana, a gente acaba só dando valor quando faltam.
Faça aí a lista: mãe, pai, filhos, amigos, e também coisas de todo o dia, aparentemente “naturais”, água, luz, comida… Mas não esqueça de por no rol a liberdade e o respeito entre as pessoas.
A pesquisa Datafolha, quando registra que o apoio à democracia atingiu nível recorde – ainda que abaixo do que se deseja – mostra, pelo salto que deu, uma sensação da sociedade  de que estamos ameaçados de perdê-la.
Ameaçados, não, já a estamos perdendo.
Este é um processo que vem de antes da derrubada da presidente eleita e não mais parou.
Os truculentos, os violentos “deram as caras” primeiro com os misteriosos “blackblocs”, que sumiram no ar tão misteriosamente quanto apareceram.
No seu rastro, vieram os “coxinhas” e os pedidos de intervenção militar, a glorificação da força autoritária como “solução” para o Brasil.
A Justiça, em lugar de garantidora de direitos e liberdades, passou a ser louvada como “prendedora” e tão boa quanto mais precipitadas fossem as prisões. E os delatores passaram a ser tratados como anjos e não aqueles que salvam o próprio couro com a pele alheia.
Juízes tiraram-lhe a venda e fizeram  seletivos seus vazamentos e julgamentos: a uns, a rápida guilhotina, a outros, a poeira das gavetas e dos armários dos tribunais.
E então surge um homem tosco, que posa com fuzis de assalto, que promete armas , tiros, metralhar, castrar, torturar e vira, sob a tolerância geral, símbolo do que  jamais poderia ser paz, harmonia social e, lógico, uma solução democrática para o Brasil.
Ao seu lado, brutamontes, oportunistas, e um vice que não se envergonha de chamar mães e avós heroicas do criarem sós filhos e netas de “fabricante de desajustados”, que critica, de relho na mão, o 13° salário, que propõe uma Constituinte sem voto do povo, feita por “notáveis”.
Notáveis canalhas,sim, seriam aqueles que aceitassem usurpar a vontade pública e ditarem – isso, ditarem, de ditadura! – o que é a lei, o que são (ou não serão mais!)os direitos de cada um, o que podemos ou não podemos fazer.
Razão teve ontem Fernando Haddad em dizer que ” a liberdade é o que faz o povo ter direitos”.
Como, porém, o monstro da ditadura usa a capa de uma candidatura, muitos não se dão conta disso e se iludem com as promessas de “ordem”.
Ordem, sim, mas com justiça. Do contrário é tirania, é submissão, é alimentar uma sociedade iníqua, onde não se terá paz.
É isso que, de hoje a domingo –  e depois, e depois, e depois – terá de ser o tema de tudo o que conversarmos. Alertar a todos que se deixarmos passar o fascismo, fascismo teremos nas ruas, com seus bandos de brutamontes, com sua incitação a violência, ao “resolver na bala”, a “der um couro” nos recalcitrantes ou a quem eles achem que não sejam “higiênicos” ao convívio social.
Cabe a cada um de nós lutar para que não deixemos destruir aquilo que só quando está ameaçado se dá valor:as liberdades democráticas, os direitos de cada um, os direitos de todos.

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