sexta-feira, 14 de junho de 2013

PASSE LIVRE

Nessa questão que está explodindo nas ruas principais de São Paulo, há duas questões que é necessário destacar.

O movimento do passe livre é semelhante a outros movimentos que têm levado milhares de jovens às ruas em vários países do mundo: os occupy wall street, occupy outras cidades, los indignados, as primaveras árabes da Tunísia e do Egito, a revolta de Istambul. Pontos em comum: um sentimento anticapitalista, em que as reivindicações não cabem dentro da caixa de ferramentas do estado capitalista; repressão violenta, esta também extrapolando as funções de manutenção da ordem em um estado de direito, supostamente democrático; atos de vandalismo, por parte de indivíduos que não representam a maioria dos manifestantes, que certamente incluem agentes provocadores de grupos de direita e da polícia  

A outra questão é a ação violenta, no Rio de Janeiro, e fascista, em São Paulo, na repressão ao movimento. Geraldo Alckmin reafirma hoje como sempre o seu propósito de usar as polícias para se credenciar junto a parte de sua base de apoio, que tem saudades da ditadura civil-militar de 1964-1985. É importante lembrar que a ascensão dos fascismos na Europa do século 20 sempre contou com a participação da polícia dos países - Itália, Alemanha, Espanha, onde o fascismo venceu, mas também na Grã Bretanha e nos Estados Unidos, onde o fascismo chegou a ameaçar, mas acabou sendo derrotado (na época). O aparato repressor da ditadura brasileira sempre contou com a brutalidade policial, que só foi atenuada, nunca combatida seriamente, ao menos no estado de São Paulo, onde a tortura, pelo menos aos pobres continua a ser praticada como método de investigação e para extorquir confissões. 

Por ouro lado, a revolta do passe livre representa muito do que sente grande parte da população, frustrada por um trânsito cada vez mais travado em que os ônibus na prática estacionam em um mar de automóveis nas ruas e avenidas. Fernando Haddad, como outros governantes de centro-esquerda neste país e no resto do mundo, não ousa avançar para caminhos que contrariem as dinâmicas dominantes do capitalismo. Embora tenha sido eleito há menos de um ano, já está a ver que é perigoso contar com o "business as usual", ou seja, deixar tudo mais ou menos como está, sem enfrentar problemas de raiz. Ainda tem tempo de reagir. Como disse Guimarães Rosa, viver é perigoso.

Também é perigoso ter um governador que namora o fascismo e é admirador da Opus Dei, grupo católico fundado por jesuíta na Espanha de Franco. Veja aqui.

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