terça-feira, 11 de junho de 2013

AOS QUE ME MANDAM E-MAILS CONTRA A ESQUERDA E CONTRA O GOVERNO DO PT

Não querendo responder a todos, vai aqui uma circular em resposta.

A ditadura torturou, assassinou centenas na Brasil. Na Argentina, 30.000, no Chile alguns milhares, tudo dependeu de haver mais ou menos gente se opondo à ditadura. Ela manteve a vasta maioria da população fora de qualquer acesso a um melhor nível de vida e da possibilidade de lutar por isso, arrochou salários, nutriu ou criou Sarneys, ACMs, Ustras, manteve Tancredos. A violência foi começada por eles, a guerrilha matou muito menos do que os e-mails dos saudosos da ditadura alegam.

Quem está saudoso da ditadura é uma classe média que odeia que os mais escuros melhorem de vida e não se mantenham em seus lugares de antes, que se sente órfã fora do guarda-chuva protetor dos Estados Unidos, este grande país que derruba governos legítimos, que ensina tortura aos militares na América Latina, que reduziu grandes países como México e Colômbia e quase toda a América Central e Caribe, a meros quintais, fornecedores de drogas e consumidores de armas.

A ditadura não foi só  regime militar, foi ditadura dos ricos. Embora não tenha empunhado armas, sempre espeitei e admirei os que o fizeram. Embora não acreditasse na viabilidade de seu projeto de derrubada do regime sem uma inaceitável guerra civil, eu sempre soube que a violência no Brasil que massacrou os índios e manteve três séculos de escravidão já estava e continua instalada neste país desde a sua origem. Os que empunharam armas e sobreviveram, e voltaram-se à política, aderiram sinceramente à democracia, diferentemente dos auto-anistiados militares e seus aliados.

Conheço os vícios do governo do PT, que adotou algumas das tradicionais formas de corrupção da política que os outros partidos praticam desde sempre (sem as quais possivelmente não seriam eleitos, e poderiam ter sido derrubados por algum dos golpes "brancos tentados pela mídia). Mas eles, como os Kirschner, Rafael Correa, Chavez-Maduro, e Evo Morales (e possivelmente como Lugo e Zelaya estariam fazendo, se não tivessem sofrido golpe sob o "olhar" benevolente dos EUA) se dirigem  pelo menos um pouco para a emancipação dos mais pobres, e ousam não obedecer automaticamente os grandes irmãos do norte. Por isso, na ausência de políticos mais ousados e consequentes, eles, mesmo com seus defeitos e vacilações, continuam a ter meu modesto (por inefetivo) mas firme apoio.

Um comentário:

erika.milena disse...

falou e disse. concordo. ainda bem que eu não recebo esses emails, tranqueirada que atrasa a vida e encrua a cabeça. quero lucidez, quero pensamentos arejados e muito contato com a realidade, para mim e minha família.