terça-feira, 25 de junho de 2013

A AVAAZ, O IMPEDIMENTO DE DILMA E A LÍBIA

A AVAAZ, sigla cujo significado desconheço, entrou em meu circuito de cliques da internet através de um amigo de quem recebo muitos e-mails, que aprecio.
Tem uma fachada simpática, e dedica-se em geral a causas ambientais e humanitárias. Uma vez que você se inscreva junto a eles, receberá sempre uma nova causa, com petições para que você assine dando apoio, tudo através da internet. É estadunidense, no começo assinavam nomes de lá, mas depois de um tempo passaram a assinar nomes brasileiros.

Algumas causas diziam respeito ao Brasil, com ênfase para causas ambientais e os direitos dos povos indígenas que são afetados pelas obras de hidroelétricas na Amazônia. Assinei várias delas, porque o governo, embora sem a truculência dos militares, tem mostrado uma tendência de ignorar ou subestimar os efeitos desagregadores das obras sobre a vida desses povos. Que órgãos de imprensa e parlamentares estadunidenses também se interessem pelo meio ambiente no Brasil, tendo chegado a propor que a Amazônia é um patrimônio de toda a humanidade (incluindo, é claro, as corporações de lá), não me chamou a atenção na época.

Até que veio a Líbia. O ditador de lá Muhamar Khadafi, era um ditador: reprimia a oposição com violência, roubava dinheiro do estado, vivia uma vida extravagante. Mas até aí tudo bem. O “mundo livre” sempre conviveu muito bem com as monarquias do Golfo Pérsico, com o antigo Xá da Pérsia, com os ditadores latino-americanos militares ou não, com os militares da Indonésia. Mas Kadhafi não se limitou a isso. Desviou criminosamente parte das rendas do petróleo para educação e saúde, o que acabou dando aos líbios o melhor IDH da África. Não contente, passou a meter sua colherzinha torta nas relações internacionais. Sanguíneo, quando o presidente dos EUA mandou derrubar um avião civil na Líbia naturalmente matando todos a bordo, vingou-se fazendo o mesmo com um avião na Escócia, em Lockerbie. Khadafi virou pária por certo tempo (Reagan, nunca), mas comprou boas relações com alguns países da Europa.

Quando veio a primavera árabe, parte da população da Líbia começou a demonstrar contra o governo, pedindo mais liberdade. Foi reprimida com violência, o que de repente despertou nos Estados Unidos e seus aliados o mesmo interesse humanitário anteriormente voltado para o Iran e o Iraque. Um interesse negro e viscoso. Foi aí que a AVAAZ mandou uma petição solicitando uma zona de proibição aérea, “no-fly zone” na versão original. O idiota aqui assinou, ajudando os representantes europeus dos EUA a destruir o país e entregá-lo à guerra civil permanente, com direito à liberação dos grupos extremistas islâmicos que agora infernizam a vida dos líbios e dos países africanos próximos.

Estou certo que minha contribuição à destruição da sociedade líbia foi marginal. Mas não me perdoei pela ingenuidade. Coloquei uma etiqueta na AVAAZ como spam, e não tive mais contato, até dois dias atrás, quando soube que estava correndo uma petição pelo impeachment da presidenta do Brasil, Dilma Roussef. Lembram os impeachments de Zelaya em Honduras, e Lugo, no Paraguai? . Parece que eles tentaram consertar, com uma petição de apoio. Mas a AVAAZ não é um site de petições, neutro. Todos os e-mails que eles mandaram para mim eram assinados por eles.  Mas quem são, realmente, eles? Creio que eles não mandariam uma petição para canonizar Pablo Escobar. Porque mandaram uma para derrubar um governo legal, que não cometeu nenhuma ilegalidade e tem defendido a Constituição? Talvez seja o caso de perguntar aos nossos grandes irmãos do norte.


Por falar no brothers, é curiosa uma observação de matéria do New York Times, devidamente repercutida pelo jornal nacional da Globo, sobre as manifestações no Brasil, que fala da aparição de uma “maioria silenciosa”. Essa maioria deve ter sido descoberta pela mesma fonte que informou o jornalão estadunidense sobre as armas de destruição em massa de Saddam Hussein.

Nenhum comentário: