Do Counterpunch
Partido Libre e candidata presidencial Xiomara Castro ganham grande nas eleições de Honduras
por W. T. Whitney
Fonte da Fotografia: Ricardo Stuckert / PR - CC BY 3.0 br
Xiomara Castro, candidata do Partido da Liberdade e Refundação (“Libre”) venceu as eleições presidenciais em Honduras em 28 de novembro. Seu mandato começa em janeiro de 2022; ela substitui o presidente de dois mandatos Juan Orlando Hernández, que com o ex-presidente Porfirio Lobo (2010-2014), é o responsável por 12 anos de governo do Partido Nacional após o golpe militar de junho de 2009 que removeu o presidente progressista Manuel Zelaya. Ele é o marido de Xiomara Castro.
Com uma participação eleitoral de 70 por cento, Castro acumulou quase 54 por cento do total, deixando o candidato do Partido Nacional Nasry Asfura com 34 por cento dos votos, seguido pelo candidato do Partido Liberal Yani Rosenthal com 9,2 por cento; 13 outros partidos políticos juntos ganharam um por cento dos votos. Alguns partidos de esquerda aderiram à coalizão com o Partido Libre. Parece - não há verificação oficial – que o Libre conquistou a maioria no Congresso Nacional.
Falando pela televisão após a votação, Castro prometeu “democracia direta e participativa. Não haveria mais “ódio, guerra, corrupção, narcotráfico, crime organizado e não mais ZEDES, pobreza ou miséria”. Tuitando, ela comemorou "12 anos de um povo na resistência, 12 anos que não foram em vão porque o povo ... conferiu a frase" Só o povo pode salvar o povo! '"
O termo “ZEDES” significa, em iniciais espanholas, “Zonas de Emprego e Desenvolvimento Econômico”. São áreas criadas sob o regime de Hernandez e controladas por investidores que, cuidando das populações locais, desenvolvem empreendimentos agrícolas em escala industrial, manufatura isenta de impostos e grandes projetos de mineração e produção de energia.
Uma das tarefas do novo governo do Partido Libre será reanimar os esforços do governo Zelaya, interrompido pelo golpe, para instituir reformas democráticas e econômicas que beneficiem a população majoritária oprimida de Honduras. Seu outro desafio será o de se recuperar das políticas e crimes dos governos Lobo e Hernández que atendem às poucas famílias extremamente ricas que controlam a sociedade em Honduras.
A pressão eleitoral do partido Libre neste ano conseguindo superar a violência mortal e as trapaças que acompanharam as vitórias de Hernández sobre Xiomara Castro em 2013 e Salvador Nasralla em 2017. Hernandez em 2015 alterou a composição do Supremo Tribunal de Justiça e, assim, obteve autorização para um processo constitucional um segundo mandato proibido.
Desta vez, as dezenas de assassinatos ocorridos nos últimos meses geraram fortes críticas do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. A campanha do Partido Nacional centrou-se no anticomunismo e na oposição ao aborto.
No governo, Xiomara Castro e seus aliados devem reparar uma sociedade que é a segunda mais pobre do Hemisfério Ocidental, um país que é estação de transferência de narcóticos para uma grande região e um governo que conta com polícia militarizada com tendência à violência. O legado criminoso do presidente Hernández não desaparecerá tão cedo. Ele e o irmão Tony estão implicados no tráfico de drogas, este último recentemente condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos. É revelador o fato de que hondurenhos vulneráveis estão migrando em massa para os Estados Unidos, em busca de novas vidas.
O governo dos EUA há muito influencia os assuntos de Honduras. Ele utilizou Honduras como base para fornecer apoio às forças paramilitares, os Contra, mobilizadas contra o governo sandinista da Nicarágua na década de 1980. Os Estados Unidos tinham conhecimento prévio do golpe militar de 2009 e reconheceram o poder do governo de Porfirio Lobo depois do golpe. Opera uma base gigante da Força Aérea e outras instalações militares em Honduras.
O Partido Libre, criado em 2011, é o braço político da Frente Nacional de Resistência Popular, um movimento social que se formou imediatamente após o golpe que removeu Zelaya. Cometeu desobediência civil em protestos com o objetivo de restaurar Zelaya ao cargo. A Frente protestou contra os abusos dos direitos humanos e promoveu uma assembleia constituinte, algo que Zelaya havia avançado e que o Partido Libre está considerando.
Juan Barahona atua como secretário-geral do Partido Libre, é deputado no Congresso nacional eleito pela primeira vez em 2017 e, como líder sindical, dirige a Federação Unificada dos Trabalhadores de Honduras. Ele disse a um entrevistador em 2018 que, “Meu sonho é assumir o poder para mudar o país, iniciar um sistema diferente, um sistema igualitário, um sistema socialista. ”
W.T. Whitney Jr. é um pediatra aposentado e jornalista político que mora no Maine.
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