segunda-feira, 15 de abril de 2019

VEZ DOS COMEDIANTES



Há uma sequência a se destacar: Berlusconi, Beppe Grillo, Trump, Bolsonaro, Zelenski (Ucrânia, candidato a presidente, provavelmente será eleito no dia 21 de Abril) . Todos (fora o Berlusconi e o talvez Zelenski), comediantes do mau humor.

A ascensão de Berlusconi deu-se logo depois que a operação “Mani Pulite” (mãos limpas), iniciada em 1992, deflagrou o fim da chamada Primeira República Italiana, por volta de 1994, quando essa operação dizimou os antigos partidos políticos. A comandar a operação, o Ministério Público Italiano, nas mãos de Antonio di Pietro.

Berlusconi, filho de uma família de classe média alta de Milão, foi cantor em navios de cruzeiro. Bilionário, dono de um império de comunicações – a Mediaset, além de ter controle dos principais meios de comunicação do país e ser dono de bancos, empresas de entretenimento e presidente do AC Milan , ele foi eleito presidente do Conselho de Ministros Foi acusado diversas vezes de corrupção e ligações com a Máfia. Aliou-se à Lega Lombarda, depois Lega Nord, um agrupamento político racista e de caráter neofascista.

Quando Berlusconi começou a perder apoio político, parte de seu público voltou-se para os adeptos de Beppe Grillo, um cômico de televisão, famoso por suas diatribes “contra tudo”.  Atualmente, o seu partido político – o cinco estrelas, que poderia ser chamado” populista de centro”, governa a Itália junto com a Lega (tiraram o Norte do nome para conseguir ser aceitos no resto da Itália, o que deu certo).

Trump, que foi aumentando a riqueza que herdou do pai com empreendimentos imobiliários e cassinos (muitos dos quais faliram – os empreendimentos, não ele, que deles sempre saiu mais rico das falências) ficou famoso nos EUA (e no resto do mundo) com seu programa reality show na TV estadunidense, The Aprentice, em que ele julgava e humilhava candidatos a executivos.  Começou a crescer politicamente adotando a visão dos supremacistas brancos.

Bolsonaro, uma nulidade tóxica como oficial do exército e depois como parlamentar durante quase trinta anos, destacou-se para valer ao divulgar suas visões equinas através dos meios de comunicação da internet. O mundo dos círculos de direitistas e reacionários dos Facebooks e WhatApps absorveu gostosamente suas diatribes, mundo onde já prosperavam evangélicos fundamentalistas e discípulos do ex-astrólogo Olavo de Carvalho.

Depois da derrubada de vários presidentes progressistas ou não cooperativos com o império na América Latina, e da perseguição cada vez mais violenta aos partidos e agrupamentos de esquerda ou centro esquerda, perseguição em que a mídia se aliou ao judiciário e aos militares para neutralizar as instituições democráticas, presidentes começaram a ser personagens menos relevantes.

Uma característica que esses comediantes (e animadores de redes sociais) têm em comum são as gafes, os abusos de poder político ou econômico, sempre tolerados ou apreciados pelos seus seguidores mais fiéis. Poderia ser uma fraqueza, algo que prejudicaria seu poder. No entanto, os escândalos que esses comportamentos acarretam são extremamente úteis para os donos do mundo, os 1 % ou 0,1 % mais ricos, mais os centros de decisão do império estadunidense, que são os donos também dos palhaços que eles ajudaram a colocar.

Importante é manter a plateia entretida e dividida, e manter a classe média iludida sobre seus interesses de classe.


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