sábado, 30 de novembro de 2013

Se não é para prover o bem humano, para que serve a política?


Do tijolaço, hoje. 


30 de Novembro de 2013 | 12:23
medicosImagine o prezado leitor e a distinta leitora o que aconteceria se, neste exato momento, se ouvisse no rádio ou na televisão que tinham sido extintos todos os planos de saúde, de todas as operadoras, em todos os estados brasileiros. E que os segurados, a partir de agora, não teriam mais um médico para atendê-los.
Teríamos um colapso social,  imediato, não é? Jornais gritando, ruas cheias, protestos por toda a parte.
Pois, afinal, segundo os dados do IBGE divulgados ontem, 24,7%  dos 200 milhões de brasileiros, ou 49 milhões de pessoas, são cobertos, em variados graus, por planos de saúde.
Hoje, porém, a Folha publica um texto que dá quase o caráter de medida eleitoreira ao atendimento médico de um quase igual número de  brasileiros -46 milhões de pessoas .
Uma longa matéria sobre os possíveis efeitos eleitorais do “Mais Médicos” se dedica a avaliar que, em muitos estados, o “impacto eleitoral pode ser positivo para campanha de Dilma à reeleição”.
O fato de só com o programa quase 50 milhões de brasileiros, finalmente, poderem ter uma consulta e um acompanhamento primário de saúde é desimportante.
Como sempre foi desimportante que a base de comparação da matéria – o Bolsa Família, que atende a número semelhante de pessoas – signifique a diferença entre comer e passar fome.
Estas 50 milhões, os  que serão atendidos pelos médicos  - os poucos brasileiros e os muitos estrangeiros que acorreram ao chamado para trabalhar por R$ 10 mil, casa e comida –  e os que são atendidos pelo Bolsa Família não têm a mesma importância que nós – ou vocês, já que eu estou sem – que temos um plano a nos garantir que, se passarmos mal, ou se nossos filhos tiverem uma febre alta e resistente, alguém irá nos atender.
Para eles não é o mesmo que para nós, não revoltaria chegar a um consultório médico e encontrar a porta fechada ou ser mandado voltar daí a alguns meses.
Nós somos gente, temos direito, sabemos exigir e exigimos.
Eles? Eles são os invisíveis, metidos naqueles lugares ermos ou perigosos como são a roça, a favela, as periferias.
Basta que sejam  “pacificados” como os índios o foram, para morrerem em silêncio ou se prestarem para algumas fotos pitorescas ou tocantes.
Não comove os nossos jornais e jornalistas que quase  50 milhões de pessoas tenham que conviver com essa realidade.
Pior, não comove sequer às nossas corporações médicas.
Tudo o que importa é que isso terá “impacto eleitoral”.
Não é algo cívico e patriótico como a aumentar a taxa de juros, elevar o superávit primário ou os 2% de reajuste que a gasolina terá nas bombas de combustível.
Não tem a importância que o “Obamacare”, que causa tanta polêmica nos EUA, tem, embora o número de pessoas a ser coberto por ele seja igual.
Eu disse pessoas?
Desculpe, lá são pessoas, aqui são eleitores, apenas.
Porque esse, apenas esse, é o único poder que possuem estes 50 milhões de seres humanos.
É o único momento em que, em suas existências miseráveis, valem o mesmo que um gravatinha dos Jardins ou um morador da Zona Sul carioca.
Pensem nisso, quando ouvirem essa conversinha de voto facultativo.
Pensem nisso quando ouvirem a conversinha de populismo.
Até de supostos “esquerdistas”, como uns bobalhões do PT dos anos 80, quando diziam, sobre as três refeições diárias das crianças nos  Cieps  de Brizola, que “escola não é pensão ”
Afinal, que motivos “baixos” para votar são estes, o de terem o que dar de comer a seus filhos ou ter um médico que os socorra, não é?
Do jeito que as coisas vão, comendo e tendo assistência médica, que absurdo, qualquer dia esta gente  vai querer até exigir até que esse país seja justo com todos, não é?

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