quinta-feira, 14 de novembro de 2013

CIENTISTAS QUEREM ADIAR EXPLORAÇÃO DO GÁS DE XISTO

Do site GGN


Jornal GGN – Cientistas brasileiros e entidades ligadas ao desenvolvimento científico no Brasil estão se mobilizando para tentar adiar os leilões do governo federal para iniciar a extração do gás natural de xisto, principalmente na região Amazônica. Segundo os cientistas, a exploração desse tipo de gás pode gerar problemas ambientais irreversíveis. Estados Unidos e vários países da União Europeia não recomendam mais o processo, e estão revendo suas políticas de extração apesar da viabilidade econômica dessa fonte de energia.

Segundo os pesquisadores, os danos acontecem porque a extração desse tipo de gás acontece de forma “artificial” em relação ao gás tradicional. Enquanto o segundo emana normalmente entre as rochas, o gás de xisto precisa ser extraído por meio da destruição das rochas metamórficas (chamadas xisto) por meio do chamado fraturamento hidráulico ou, ainda, pela aplicação de aditivos químicos.

A previsão da ANP (Agência Nacional do Petróleo) é realizar os leilões até os dias 28 e 29 deste mês. Caso aconteça, as extrações deverão ser realizadas nas bacias hidrográficas brasileiras, entre elas as da região amazônica. O químico Jailson Bitencourt de Andrade, ex-conselheiro da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), recomenda o adiamento dos leilões até que sejam feitas mais pesquisas sobre os impactos negativos da extração do gás de xisto, a fim de evitar as agressões ao meio ambiente.

“É preciso dar uma atenção grande a isso. Mesmo nos Estados Unidos, onde há uma boa cadeia de logística, capaz de reduzir o custo de exploração do gás de xisto, e mesmo que sua relação custo-benefício seja altíssima, alguns estados já estão revendo suas políticas e criando barreiras para a exploração desse produto”, explica Andrade, também membro da SBQ (Sociedade Brasileira de Química) e da ABC (Academia Brasileira de Ciências). Além dos EUA, França e Alemanha vêm proibindo essa atividade, temendo estragos ambientais, mesmo diante de sua viabilidade econômica.

Os leilões cumprem a Resolução CNPE Nº 6 (de 23 de junho deste ano), publicada no Diário Oficial da União. No total, serão ofertados 240 blocos de exploração com potencial para gás natural em sete bacias sedimentares nos estados do Amazonas, Acre, Tocantins, Alagoas, Sergipe, Piauí, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Maranhão, Paraná, São Paulo. São 168.348,42 Km² de áreas exploradas. O gás extraído será comercializado como fonte de energia no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – que atualmente importam o produto da Bolívia.

SBPC e ABC

A SBPC e a ABC expõem preocupação com a decisão da ANP de incluir o gás de xisto na próxima licitação. Os pesquisadores defendem investimentos em conhecimento científico nas bacias que devem ser exploradas. Já o governo afirma que o MCTI (Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação) e a Finep (Agência Brasileira da Inovação) estão formando uma rede de pesquisa para estudar os impactos do gás de xisto.

Já ANP, por meio de comunicado à imprensa, afirma que as áreas ofertadas nas licitações são previamente analisadas quanto à viabilidade ambiental pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e pelos órgãos ambientais estaduais competentes. “O objetivo desse trabalho conjunto é eventualmente excluir áreas por restrições ambientais em função de sobreposição com unidades de conservação ou outras áreas sensíveis, onde não é possível ou recomendável a ocorrência de atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural”.

“A ANP, apesar de não regular as questões ambientais, está atenta aos fatos relativos a esse tema, no que tange à produção de petróleo e gás natural no Brasil. Nesse sentido, as melhores práticas utilizadas na indústria de petróleo e gás natural em todo o mundo são constantemente acompanhadas e adotadas pela ANP. Como o processo regulatório é dinâmico, a ANP tomará as medidas necessárias para, sempre que pertinente, adequar suas normas às questões que se apresentarem nos próximos anos para garantir a segurança nas operações”, diz a entidade, em nota.

Com informações do Jornal da Ciência

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