quinta-feira, 29 de novembro de 2018

ESCRAVIDÃO, NA HISTÓRIA DO CAPITALISMO

Qual foi a base de riqueza para iniciar e desenvolver o capitalismo industrial nos séculos XVIII e XIX? 

Como o racismo se instalou para ficar muito tempo depois da abolição da escravidão, em sociedades como o Brasil e os Estados Unidos?

Sentimos que a escravidão deixou marcas, mas é necessário saber como, e quais, e a importância relativa dessa herança que impede desde sempre que uma sociedade minimamente justa possa emergir. 

Dois livros que li recentemente trazem alguns dados importantes para a possibilidade desse conhecimento. N'O Livro Negro do Capitalismo, um pequeno artigo de Philippe Paraire, intitulado Economia Servil e Capitalismo: Um Balanço Quantificável, traz alguns fatos e quantidades importantes relativos ao capitalismo europeu. O outro livro chama-se The Half Has Never Been Told:Slavery and the Making of American Capitalism, de Edward E. Baptist. Abaixo alguns excertos do artigo citado, com as conclusões do livro de Baptist:

O capitalismo, ainda na sua fase infantil comercial e mercantilista, apenas partiu para a maturidade graças aos extraordinários lucros gerados pela invasão de um continente – a América – e proporcionados por populações arrancadas a outro – a África.

A exploração e extermínio fez a população de ameríndios em três séculos a partir do XVI em 20 a 40 milhões de pessoas (em alguns casos tendo levado a uma extinção total).

Em três séculos de tráfico, entre 1510 e 1860, os povos costeiros da África perderam 20 milhões de pessoas (dez milhões de mortos, e dez milhões de deportados). Dos 10 milhões de deportados mortos, dois milhões pereceram durante a travessia do Atlântico, e oito entre os locais de sua captura na África e os entrepostos costeiros.

Nações que cunhavam suas próprias moedas foram reduzidas ao tribalismo pela desagregação resultante da caça às suas populações, geralmente feita pelos bandos de reis de países costeiros. As populações remanescentes sofreram um enorme desequilíbrio entre homens e mulheres, tendo levado essas populações a adotar em grande escala à poligamia.

Declínio regular do peso da África na população mundial: em 1600, ela representava 30% da população mundial. O número cai para 20% em 1800. A queda prossegue até 1900, data na qual só 10% da humanidade vive na África. A costa oeste, do Senegal a Angola, foi a mais afetada.


Cana de açúcar no Brasil e nas Antilhas, depois algodão nos Estados Unidos e café no Brasil, junto com as circulações das mercadorias: açúcar, algodão, rum, café, escravos, geraram excedentes econômicos que foram dirigidos para a Europa, e para os estados do nordeste dos Estados Unidos, onde constituíram a base financeira principal sobra a qual se erigiu o capitalismo industrial nos séculos 18 e 19.  

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