quarta-feira, 27 de julho de 2011

Desastre eficiente 3 - Lógica e consequencia do crescimento ilimitado


A finalidade do sistema econômico capitalista não é a satisfação das necessidades e desejos ou assegurar o bem estar das pessoas, mas produzir excedentes para se reproduzir. Seu mecanismo básico é a produção e distribuição de mercadorias, cuja demanda tem um forte componente que é induzido culturalmente.

O sistema estimula as pessoas a consumirem mercadorias e serviços cuja natureza e quantidades não têm uma conexão direta com suas necessidades e desejos. Ignora, e produz a ignorância, dos efeitos destrutivos do consumismo. Através dos produtos alimentares o mercado induz à obesidade, e no geral, transforma pessoas em consumidores cuja consciência dos efeitos de seus atos sobre a sociedade e sobre os recursos naturais é inexistente, para todos os efeitos práticos.

Na história, descompassos entre produção e consumo foram resolvidos, para o bem ou para o mal das comunidades e seu meio ambiente local, de maneiras muito diversas. Como mostrou Jarred Diamond em seu livro Colapso, algumas das comunidades que atingiram o limite de sua capacidade de reprodução mudaram suas formas de produção na direção de um equilíbrio que perdurou até a atualidade, enquanto outras não foram capazes de reagir e tempo e com a intensidade necessária às suas crises ambientais. As primeiras mudaram suas formas de lidar com o meio ambiente para aplicar uma eficiência que abrangia as fontes naturais de seus recursos. As outras se limitaram ao imediato, no máximo buscando eficiências para indivíduos ou grupos, que não impediram a decadência e a queda final de suas comunidades.

A dinâmica claramente destrutiva dos sistemas de produção avança contra todos os limites seguros de manutenção da disponibilidade de solo, das águas doces e do mar, e da atmosfera, incluindo as profundas mudanças nos climas propícios à civilização humana, com apoio do senso comum dominante, que favorece o crescimento econômico sobre tudo.

Estas duas crises – a de escassez de petróleo e a ambiental, são relacionadas em vários aspectos, e o exame das tentativas de governança sobre a matriz energética da primeira pode ajudar a compreender os impasses que têm impedido uma ação verdadeiramente eficaz em atenuar as catástrofes vindouras, ou mesmo as tentativas de preparar a necessária adaptação ao uma terra muito mais pobre de recursos.
Entre os fatores a alimentar esses impasses, avultam os argumentos que alimentam o corrosivo otimismo ambiental dos empreendedores capitalistas, que permanece a ideologia hegemônica das principais correntes políticas de direita e esquerda.

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