quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

DE QUE É QUE A GENTE PRECISA

Claro, acesso a comida, possibilidade de se abrigar, presença de outros seres humanos, alguns deles a quem e de quem dar e receber alguma forma de amor. Só que precisa muito mais.

Precisa a mente funcionar. E não me refiro a coisas simples, apenas. Precisa detectar ameaças, fuçar por oportunidades, meter essas percepções na cachola, planejar. O tempo todo. Nosso antepassados ganharam muito cérebro na época (que foi até uns bem recentes 10 a 20 mil anos) em que tiveram que: saber o que comer, saber onde e como colher ou caçar essa "comida", montar grupos de caçada quando necessário, defender-se de predadores, defender-se e atacar outros humanos ou grupos de humanos em caso de conflito (e ganhar), ler o clima, as propriedades das plantas e animais úteis à sobrevivência (e passar essas informações aos outros), intuir as relações entre todas essas coisas e ainda criar filhos.  

Os cérebros humanos evoluíram para isso, e atuavam em ambientes muito complexos quando começou a revolução da agricultura, junto com o sedentarismo das populações e a divisão de trabalho com a formação de classes sociais. Gostamos de tramar, mesmo que seja um chiste novo para os amigos sobre futebol ou política. Gostamos de inventar, não necessariamente algo muito importante para toda a humanidade. 

Hoje os desafios da sobrevivência podem se tornar menos importantes no dia a dia das pessoas. Pode-se nos ocupar em diversas coisas para além dessa luta. Pode-se tentar tornar o trabalho mais interessante, ou diminuir o número de horas de trabalho, se ele for enfadonho e repetitivo. A tecnologia pode servir para liberar mais horas de ócio, liberdade, em vez de servir para . 

E como a realidade concreta nem sempre é bonita ou agradável, o mundo criado pelo homem: música, teatro, cinema, leituras, brincadeiras, jogar bola, fantasiar (sem confundir fantasia com a realidade), ajudam a completar a existência, e a rever as formas de viver.

Mas para isso é preciso que o mundo se livre, ou menos controle, o poder dos um por cento que mandam no mundo e que usam seu poder para subordinar tudo à (sua) acumulação, parasitária, de riqueza.


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