quinta-feira, 3 de outubro de 2013

POST EM ELABORAÇÃO

JOSÉ GENOINO

Por inabilidade com a internet, não tive oportunidade de aderir de pronto ao abaixo assinado em defesa do José Genoíno, um dos alvos principais do “julgamento” do chamado “mensalão”, e condenado pelo atual STF a uma pena fixada de tal modo a produzir vídeos e fotos de sua prisão por parte do PIG.

Para compensar quero escrever algo sobre o Genoíno, eu que acompanhei sua carreira política desde o pouco depois da fundação do PT, de que ele foi um dos principais fundadores, e com quem tive vários contatos, de amizade entre as famílias, e também políticos, até os primeiros anos do governo de Lula. Como político totalmente amador, fracassado em minhas tentativas de participar de decisões seja no PT seja em governos do PT, quero comentar alguns aspectos à parte dos que os jornalistas e blogueiros profissionais têm comentado.

Hoje, Genoíno está doente, recupera-se lentamente da grave enfermidade cardíaca que o manteve por um período prolongado em UTI. Pediu aposentadoria por invalidez da Câmara dos Deputados. Até recentemente, estava convalescendo em sua casa, mas teve que sair por uns tempos para evitar o assédio dos ativistas do CQC, que decidiram montar um cerco infame e covarde contra quem não tem cobertura da mídia e não recorre a seguranças privados para se isolar da população.

Vale repisar. Ele vive com a família em uma casa normal, não tem carrões, seu estilo de vida é modesto. Nunca negociou vantagens para quem quer que seja. Sempre votei no Genoíno no período em que eu me senti à vontade com o PT. Deixei de votar, e transferi meu voto para gente que migrara para partidos de esquerda, quando ele começou a cortejar o voto “de classe média”. Essa sua mudança teve bons resultados eleitorais, muita gente que eu considerava muito conservadora o tinha como petista “bom”.

No começo do PT, nos debates para os simpatizantes e militantes, havia aparentemente três alas, conforme as posições políticas, ou origem de seus componentes: a esquerda, a direita e o centro. Eu não me identificava com nenhuma dessas alas, na realidade não gostava desses debates, que pareciam dividir sem razão relevante, servindo apenas como palco de disputas entre pessoas e grupos, em vez de debater e decidir sobre as questões realmente políticas, de projeto para o Brasil, estratégia de luta e formas de atuação. Havia um consenso sobre ser “socialista”, sem definir muito bem em que consistia o projeto socialista do PT.


No início Genoíno era um dos líderes da ala mais à esquerda. Depois foi evoluindo para posições mais conservadoras, à medida que a corrente majoritária do PT estabeleceu um projeto de finalmente poder ganhar as eleições à custa de ceder. Ceder em seus programas, ceder em suas formas de atuação política, ceder em afastar-se (relativamente) dos sindicatos e dos movimentos sociais e aproximar-se de modo perigosamente semelhante aos outros partidos, dos grandes empresários e do poder financeiro. Genoíno acompanhou esse movimento do PT, sob a liderança de Lula e de José Dirceu. Muita gente ficou à margem, alguns saíram, como eu, mas eu nunca tive atuação de destaque no PT ou pelo PT.

Mas ficaram algumas coisas em comum. A procura de caminhos para pelo menos uma relativa emancipação das classes despossuídas, uma rebeldia em relação aos donos do poder e ao poder do dinheiro, uma distinção entre "nós" e "eles", uma consciência de com quem se pode contar. E a amizade, mesmo sem a gente se frequentar. Para além de divergências políticas, Genoíno é mesmo um herói, um cara simples, que faz seu trabalho político de acordo com o que conhece e sabe, que tem uma família muito legal mesmo. 

Nenhum comentário: