quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

POLÍTICO FERNANDO HADDAD

Fernando Haddad é um político do PT que não pertence à velha guarda que fundou o partido (era muito jovem na ocasião). Não foi parte nos embates entre facções que desembocaram na hegemonia dos grupos centristas chefiados por Lula e José Dirceu.

Veio da academia para o PT e para os cargos em administrações petistas, primeiro na prefeitura de Marta Suplicy, depois como Ministro da Educação nos governos Lula e Dilma. Foi eleito o terceiro prefeito do PT em São Paulo. Os anteriores, Luiza Erundina e Marta Suplicy, não conseguiram eleger seus sucessores. Nisso assemelham-se aos prefeitos que foram eleitos por outros partidos na cidade: os eleitores do município punem os políticos que não resolvem, nem mudam a dinâmica das coisas o suficiente para que os cidadãos sintam que finalmente a cidade pelo menos deixou de piorar. Esta a maldição da cidade contra os que ousam pedir (e ganhar) o seu voto. Será que Haddad vai conseguir mudar essa percepção?

Ele tem mostrado uma tendência de afirmação. Em uma cidade dominada por interesses privados, isso seria um bom sinal. A vacilada na questão do aumento das tarifas de transporte público quando ele primeiro insistiu na questão técnica de cobrir custos e só depois de muita manifestação e quebradeira voltou atrás revogando o aumento, dá algumas pistas sobre a forma de agir do político Haddad. 

Primeiro, e antes de tudo: É um político do sistema. Não escolhido pelo sistema, mas tolerado, e que procura sempre conciliar os interesses estabelecidos nesse mesmo sistema. Além de evidentemente não ser revolucionário, sua ação não tem sido realmente reformista. Como o PT como um todo, trabalha dentro das regras que perpetuam o domínio da política pelos interesses concentrados de sempre, e além disso não toma qualquer iniciativa para alterar as relações de poder que encontrou. No discurso e em voz baixa, os políticos do PT desafiam a correlação de forças. Mas não agem efetivamente para alterá-la.

Dada esta condição, ele tem tomado inciativas para melhorar a situação dos mais pobres e dos excluídos na cidade. Tentou mudar um imposto em que é possível uma certa redistribuição, o IPTU, nada que seja destoante com o que já outras grandes cidades do mundo. Desafiando o enfoque de repressão violenta aos usuários de drogas do governo do estado, deu início a um programa com um custo inicialmente mais alto mas possivelmente mais eficiente se levados em conta mais fatores, de tentativa de recuperação dessas pessoas.

Essa postura de confronto de estilos pode ter amadurecido depois do episódio das jornadas de junho, quando um bando de black blocs ou o que seja cercou o prédio da prefeitura no centro da cidade, iniciando uma depredação da fachada e ameaçando invadir, e a Polícia Militar de Geraldo Alckmin fez corpo mole em atender ao chamado para dispersar o bando, enquanto estragos já eram feitos. Uma guerrinha entre estado e prefeitura.

Outra iniciativa que tem algo de desafio, desta vez em relação aos donos de automóveis veio também da pressão daquelas manifestações, que afinal começaram políticas, contra as tarifas e as deficiências do transporte público em São Paulo: a instalação de algumas centenas de quilômetros de vias exclusivas de ônibus nas já saturadas ruas e avenidas da cidade. A prefeitura sabe, já admitiu, que antes de melhorar, a situação tende a piorar para a cidade como um todo. Mas os usuários de ônibus estão sentindo uma melhoria nos tempos de seus percursos. Muitos mais ônibus deixaram de estar ilhados em um mar de carros congestionados.

Com tudo isso, a avaliação de Fernando Haddad nas pesquisas de opinião anda baixa, muito baixa. A resposta do prefeito é que me leva a ter uma boa dose de simpatia para com ele. É mais ou menos que não trabalha tendo em vista a reeleição, mas sim para fazer o que acha certo. Isso é bom. Só acho que, já que o objetivo é mais elevado, o interesse público mais do que o resultado das próximas eleições, ele teria que chutar bem mais o pau da barraca. A ver.





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