terça-feira, 21 de janeiro de 2014

BRASIL UM SISTEMA DE CASTAS?

De vez em quando um filme indiano ou sobre a Índia ou indianos, traz à baila o sistema de castas daquele país. Que sobrevive, apesar de os líderes da independência da Índia (todos membros de castas superiores) terem denunciado o sistema há mais de sessenta anos atrás. 

É essa persistência que me fez associar o sistema de castas à mentalidade e atuação das classes dominantes (secundadas pela classe média), que controlam a mídia impressa, e as redes de rádio e TV no Brasil, sem esquecer do sistema judiciário, incluído aí com honras e história o STF, sempre ao seu serviço.

Alguns jornalistas e blogueiros falam em Casa Grande e Senzala, referindo-se à mágoa da antiga classe dos senhores de terras pela perda da propriedade, e à das classes intermediárias, hoje classe média, pela perda de sua suposta superioridade racial sobre negros, mulatos e cafuzos. Mas há alguma coisa mais forte do que um fogo fátuo emanado dos tempos de escravidão e a permanência do racismo contra escuros, hoje um tanto (mal) disfarçado.

O Brasil passou a reprimir as formas mais claras (!) de racismo e de discriminação em geral, sempre que se trata de introduzir e impor novas leis em harmonia com a Constituição de 1988. Elegeu um operário presidente da república, muitos outros de origem humilde para outros cargos executivos e legislativo, e também gente que enfrentou com armas a ditadura dessa mesma elite.

Embora formalmente fora da lei, a discriminação contra as pessoas de origem mais pobre e mais escura permanece nas mentes de uma parcela enorme dos brancos de classe média deste país. Na prática, é exercida nas ações e escolhas de legiões dessa classe média. Refreiam o desprezo explícito, mas não disfarçam quando fazem comentários na ausência desses co-cidadãos "inferiores". Muitos de seus rebentos são ainda mais explícitos sempre que se sentem protegidos pela condição de anônimos, como quando atuam como "trolls" em comentários na internet.

Não gostam de ver "essa gente" a não ser em atividades de serviçais. Certamente não nos shopping centers. Será possível mantê-los longe da vista? A propósito, veja este editorial de Saul Leblon no Carta Maior.

É isso aí.








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