quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

RPA12 parte 6

FATORES DE ENFRAQUECIMENTO DAS ESQUERDAS

O principio da atividade empresarial privada na era do capitalismo desregulamentado, principalmente nas corporações, é que a empresa deve maximizar seu valor. É aceitável do ponto de vista dos ideólogos ultra-liberais diminuírem salários, roubar no peso, poluir, enganar. Se for uma grande corporação, a responsabilidade pelos malfeitos é atribuída às regras da bolsa de valores e aos acionistas, principalmente os pequenos.

As ações das grandes corporações convergem para extrair maiores parcelas das rendas atuais (aumentando o desemprego e baixando os salários), remover controles ambientais e as salvaguardas dos pobres e da classe média (diminuindo ou suprimindo o acesso universal à saúde, postergando e diminuindo os benefícios de aposentadorias). Governos de todo o mundo são pressionados para a supressão de direitos trabalhistas, inclusive de organização, para “manter a competitividade”, enquanto empregos são exportados para onde esses direitos são negados e os salários, em conseqüência, mais baixos. E cedem.

Tudo isso tem enfraquecido as organizações sindicais, movimentos sociais e partidos com bases neles.

As disputas internas nos partidos que defendem os critérios empresariais são mais simples: elas são decididas através de hierarquias do dinheiro, enquanto os de esquerda têm (ou tinham) uma tendência permanente para a divisão em facções, que aí entram em acordo ou partem. À medida que partidos de esquerda se deslocam para o centro, assim também se desloca a avaliação interna, da meritocracia (às vezes baseada em “méritos” ideológicos) para a cleptocracia. Os membros que trazem mais dinheiro para eleições do partido, quem se dá melhor com os centros de poder capitalista como os bancos e grandes corporações acabam prevalecendo em governos e parlamentos.

O sistema de limites e controles do Estado democrático teoricamente poderia funcionar. Entretanto, a desigualdade faz que eles se exerçam apenas sobre os menos poderosos, enquanto os mais poderosos fazem as leis, e dão algum jeito nelas quando eventualmente elas contrariam seus interesses. Essa desigualdade de poder aumentou em todo o mundo, particularmente a partir dos anos 1970.

Enquanto os comunistas e socialistas recuaram, os conservadores radicalizaram sua ideologia e suas políticas. Na América Latina, após as ditaduras militares pró- estadunidenses, com suas Doutrinas de Segurança Nacional, as forças conservadoras mantiveram o poder político, diretamente ou através de governantes mantidos sob controle ideológico do chamado Consenso de Washington. O domínio e controle da imprensa escrita, falada e televisada por essas forças tem conseguido limitar a formulação e efetivação, mesmo dentro de governos de centro-esquerda, de estratégias de desenvolvimento nacionais e regionais. Resultado: as visões de esquerda passaram

O preço de a oposição a Lula ter sido mantida dentro de certos limites, por parte de bancos e corporações, inclusive as da grande mídia tem sido, primeiro, a não denúncia pelo governo das danosas transações feitas pelos governos precedentes, e as oportunidades abertas pelo crescimento econômico e pela (limitada) distribuição de renda através da bolsa-família e manutenção, até agora, dos desembolsos de benefícios da previdência social.

O capitalismo tem uma longa história de articulação com impérios, fascismos. Sempre financiou guerras, e em articulação com os governos mais ricos, sempre violou seus princípios liberais em função de uma forma particular de keynesianismo, os complexos industrial-militares. Em sua forma atual, o capitalismo está mais concentrado do que jamais esteve ao longo de sua história, com cento e cinquenta grupos dominando a maior parte da economia mundial todos de alguma maneira articulados com o poderio militar americano.

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