segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Desastre eficiente 6 - Dinâmicas contrastantes


Uma onda: Inovação, substituição, criação (na realidade, tomada) de novos espaços, produção, consumo, que inclui como parte essencial um movimento de aumento de eficiências na produção e no consumo de bens e serviços, mas que é sempre compensada pelo aumento da escala. A defesa da Terra: um arquipélago de organizações ambientalistas de variadas naturezas, incluindo organizações criadas pelos governos e empresas que têm interesse na continuação das ações destruidoras.

O que poderia mudar primeiro: o Estado, compreendendo as indústrias culturais e as de bens e de outros serviços, e os aparelhos estatais, ou os indivíduos e famílias? Nenhum dos dois lados está mudando significativamente na direção desejada.
Conferências internacionais para tratar de diminuir as emissões de gases de efeito estufa têm fracassado nas metas que vêm sendo propostas, tornando claro, a partir da reunião de Copenhagen, que para os líderes empresariais e os políticos dos países da Terra o que importa é a manutenção da lógica do crescimento econômico, e que o aquecimento de mais de 2 graus Celsius da atmosfera é inevitável, com todas as suas conseqüências.

Na realidade, as medidas mais defendidas para lidar com a mudança de clima são as que apresentam oportunidades de negócios. São todas relacionadas com alguma forma de melhoria de “eficiência”. Mas esta eficiência, quando se refere a processos determinados, é basicamente definida em função de valores econômicos. Quando se trata de substituir combustíveis fósseis por fontes de energia como hidroeletricidade e combustíveis de origem biológicos, a tendência tem sido a de subestimar as repercussões ambientais e sociais.

Quando se obtém uma melhora de eficiência do consumo de energia, na indústria, transporte, ou no consumo final, ela é aplicada a produtos e consumos individuais. Seu efeito é um barateamento, que aumenta o consumo no total. É o que se chama efeito bumerangue, rebound effect em inglês.

Mudança, inovação sempre foram respostas a algo que não é satisfatório, inclusive a crises ambientais. Sempre foram necessárias para assegurar a sobrevivência das sociedades humanas. Inovações destroem as previsões de evolução da economia, ao criar novas demandas e diminuir ou suprimir outras. Por outro lado, expectativas de evolução tecnológica e de viabilização de novas propostas são freqüentemente frustradas, e não podem ser levadas em conta na elaboração de cenários do futuro.
A imaginação coletiva, uma das bases para formar as decisões de compra de produtos e serviços por pessoas, empresas e governos, tende a ignorar a influência de mudanças e inovações. Em particular, tem revelado uma total incapacidade de captar a importância das perdas ambientais, de sua aceleração e da previsão científica de rupturas catastróficas na capacidade da Terra de suporte da vida. Contamos com o crescimento econômico e sua base física, mesmo quando é evidente a qualquer observador atento que esse crescimento é uma impossibilidade absoluta em médio prazo e leva a crises de todo tipo já na atualidade.

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