quarta-feira, 22 de março de 2017

DESENTERRANDO RAÍZES DA DEMOCRACIA

Este é o título de uma reportagem da revista Science de 20 de março passado. Ela se refere aos trabalhos de arqueologistas em algumas sociedades antigas da América Central, nas quais têm sido encontrados indícios de que essas sociedades diferem do padrão então vigente lá de Estados autocráticos. Elas se situam na região sul do México atual.

Nas antigas cidades de Tlaxcallan - perto da atual Tlaxcala, no México, e outras situadas perto de Monte Albán, em Oaxaca e Tres Zapotes, esta no costa do golfo do México, equipamentos como praças públicas, redes de ruas com casas bastante iguais entre si, de padrões médios, artefatos predominantemente locais, indicam a provável presença de esquemas de impostos para financiar ações coletivas. Em Tlaxcallan, havia um ritual de legitimação de uma espécie de senadores (um grupo de cerca de 100 homens que tomavam as decisões militares e econômicas mais importantes), que tinham que mostrar valentia e resistência a maus tratos para uma multidão, para serem aceitos. 

Um dos principais responsáveis por essas afirmações foi o arqueologista Richard Blanton, da Universidade de Purdue, nos EUA. Comentário dele (tradução minha, livre): "Democracia não é uma questão de uma vez só que aconteceu em determinado instante. Ela vem e vai, e ela é muito difícil de ser mantida".  

Em tempos de regressão democrática sob a ofensiva do capital financeiro, é bom buscar raízes históricas não só para os ciclos econômicos mas  também para os ciclos políticos.

Veja em Science, Vol 355 número 6330, p. 1114.


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