Há uma sequência a se destacar: Berlusconi, Beppe Grillo,
Trump, Bolsonaro, Zelenski (Ucrânia, candidato a presidente, provavelmente será
eleito no dia 21 de Abril) . Todos (fora o Berlusconi e o talvez Zelenski),
comediantes do mau humor.
A ascensão de Berlusconi deu-se logo depois que a operação “Mani
Pulite” (mãos limpas), iniciada em 1992, deflagrou o fim da chamada Primeira
República Italiana, por volta de 1994, quando essa operação dizimou os antigos
partidos políticos. A comandar a operação, o Ministério Público Italiano, nas
mãos de Antonio di Pietro.
Berlusconi, filho de uma família de classe média alta de
Milão, foi cantor em navios de cruzeiro. Bilionário, dono de um império de
comunicações – a Mediaset, além de ter controle dos principais meios de
comunicação do país e
ser dono de bancos, empresas de entretenimento e presidente do AC Milan
, ele foi eleito presidente do Conselho de Ministros Foi acusado diversas vezes
de corrupção e ligações com a Máfia.
Aliou-se à Lega Lombarda, depois Lega Nord, um agrupamento político racista e
de caráter neofascista.
Quando Berlusconi começou a perder apoio político, parte de
seu público voltou-se para os adeptos de Beppe Grillo, um cômico de televisão,
famoso por suas diatribes “contra tudo”. Atualmente, o seu partido político – o cinco
estrelas, que poderia ser chamado” populista de centro”, governa a Itália junto
com a Lega (tiraram o Norte do nome para conseguir ser aceitos no resto da
Itália, o que deu certo).
Trump, que foi aumentando a riqueza que herdou do pai com
empreendimentos imobiliários e cassinos (muitos dos quais faliram – os
empreendimentos, não ele, que deles sempre saiu mais rico das falências) ficou famoso nos EUA
(e no resto do mundo) com seu programa reality
show na TV estadunidense, The Aprentice,
em que ele julgava e humilhava candidatos a executivos. Começou a crescer politicamente adotando a
visão dos supremacistas brancos.
Bolsonaro, uma nulidade tóxica como oficial do exército e
depois como parlamentar durante quase trinta anos, destacou-se para valer ao
divulgar suas visões equinas através dos meios de comunicação da internet. O
mundo dos círculos de direitistas e reacionários dos Facebooks e WhatApps absorveu
gostosamente suas diatribes, mundo onde já prosperavam evangélicos fundamentalistas
e discípulos do ex-astrólogo Olavo de Carvalho.
Depois da derrubada de vários presidentes progressistas ou
não cooperativos com o império na América Latina, e da perseguição cada vez
mais violenta aos partidos e agrupamentos de esquerda ou centro esquerda, perseguição
em que a mídia se aliou ao judiciário e aos militares para neutralizar as
instituições democráticas, presidentes começaram a ser personagens menos
relevantes.
Uma característica que esses comediantes (e animadores de
redes sociais) têm em comum são as gafes, os abusos de poder político ou
econômico, sempre tolerados ou apreciados pelos seus seguidores mais fiéis. Poderia
ser uma fraqueza, algo que prejudicaria seu poder. No entanto, os escândalos
que esses comportamentos acarretam são extremamente úteis para os donos do mundo,
os 1 % ou 0,1 % mais ricos, mais os centros de decisão do império
estadunidense, que são os donos também dos palhaços que eles ajudaram a
colocar.
Importante é manter a plateia entretida e dividida, e manter
a classe média iludida sobre seus interesses de classe.
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