Por Urariano Mota, de seu facebook e do site Vermelho. Eu, como o Urariano, ainda não fui pessoalmente a Cuba
Viagem a Cuba pelos olhos de um amigo
A realidade é sempre mais rica que a fantasia poética. Pude confirmar isso na viagem de um amigo e sua esposa a Cuba
Publicado 03/06/2022 09:56
Baudelaire, em “O convite à viagem”, nos fala de um país de nome Cocanha, aquela terra mitológica onde o sexo podia ser obtido livremente, o clima sempre era agradável, o vinho nunca terminava e todos permaneciam jovens para sempre. O texto fala de um país singular, “mergulhado nas brumas do nosso Norte, e a que poderíamos chamar o Oriente do Ocidente, de tal maneira nele se espraiou a ardente e caprichosa fantasia, de tal maneira ela o ilustrou, paciente e obstinada, com suas sábias e delicadas vegetações”.
Mas a realidade é sempre mais rica que a fantasia poética. Pude confirmar isso na viagem de um amigo e sua esposa a Cuba, aonde foram em lua-de-mel. Se lá não é o país mitológico da Cocanha, acreditem, leitores, é melhor assim. “Cuba foi algo além da minha imaginação”, o meu amigo me diz. “Por causa de tudo. Havana possui uma arquitetura conservada, histórica, do tempo da colonização espanhola. Vi crianças nas ruas, mas de fardas escolares, a fazer educação física nas praças”. Ao contrário do que a direita fala, ele andou por todos os lugares, livre, sem guia e sem medo de ser assaltado. Ruas limpas, sem lixo. E me contou do seu amor desde o desembarque no aeroporto. “Quando o avião pousou em Cuba, senti uma emoção muito grande”. Em Havana, todos gostam dos brasileiros. Ele, que conhece alguns países europeus me disse: “No Velho Mundo, fui discriminado. Em Havana fui querido. Eles me acolheram como a um irmão”.
E tão boas quanto as suas palavras, são as imagens que ele me enviou. Por seus olhos, me aproximei da memória de Ernest Hemingway, na Bodeguita del Medio.
Com os seus olhos atentos, vi um retrato de Che Guevara na parede da sala de uma casa.
Que flagrante belo!
O meu amigo e esposa foram ao Buena Vista Social Club. Ali, quando souberam que eles vinham do Brasil, cantaram e tocaram. Sob alegria, os músicos da banda Legendários del Guajirito interpretaram Aquarela do Brasil, como se vê no vídeo:
Onde, na Cocanha, eu poderia presentear um motorista de táxi com a camisa do Sport Club do Recife? O meu amigo fez isso por mim a um motorista baixinho, que possui a cara dos meus parentes. Prova maior não há de que todos somos irmãos. Como não dizer, neste gesto, que não estive em Cuba?
Numa feliz coincidência, as cores rubro-negras lembram para os cubanos o Movimento 26 de Julho, fundado em 1954 por Fidel Castro contra o ditador Fulgencio Batista. Olhem o Sport aqui
Por fim, com o meu amigo e sua esposa, fui à biblioteca do Centro de Información Antonio Rodríguez Morey, em Havana. Estive lá, como veem:
Na verdade, a esta hora ainda estou em Havana. Foi bom, foi ótimo ir a Cuba pelos olhos do amigo. Lá estive, estou e voltarei.
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