Empresários apresentam 'pacote do golpe'
Por Altamiro Borges
Em suas mansões ou restaurantes luxuosos, a elite
empresarial brasileira deve estar em êxtase com a aprovação do impeachment de
Dilma. Afinal, ela é a grande vitoriosa deste vergonhoso golpe na democracia.
Os deputados são apenas os seus serviçais e os “midiotas” da chamada classe
média são somente a sua massa de manobra. Caso a farsa seja confirmada pelo
Senado Federal, em votação prevista para 11 de maio, a burguesia internacional
e colonizada dará um passo importante para impor o seu plano regressivo e destrutivo
ao Brasil. Será a revanche neoliberal! O “pacote de maldades” inclusive já está
no forno, conforme divulgou neste sábado (16) a Folha tucana.
Segundo a reportagem, “a votação do impeachment acontecerá
neste domingo, mas o empresariado não esperou para virar a página. As
lideranças dos principais setores produtivos já trabalham nas propostas para
entregar ao vice Michel Temer, se ele realmente assumir a Presidência do país.
Representantes da indústria, da agricultura e do comércio querem emplacar medidas
que vão contra o receituário adotado pela presidente Dilma Rousseff. Estão na
agenda: enterrar a ideia de recriar a CPMF e aumentar outros impostos, a
flexibilização das leis trabalhistas e deixar de controlar o retorno das
empresas que vencerem leilões de concessões de serviços públicos, entre outros
pedidos”.
Ainda segundo a Folha tucana, “em um cenário mais
abrangente, os empresários querem medidas de austeridade fiscal, que eles
identificam como uma das principais falhas do governo da presidente Dilma.
Pedem redução do número de ministérios e dos gastos públicos com funcionalismo
e racionalização no uso dos recursos destinados a programas sociais e de
estímulo à economia”. Em termos mais diretos: cortes nas verbas para o “Bolsa
Família” e o “Minha Casa Minha Vida” e demissões e arrocho dos servidores
públicos – inclusive de muitos que foram às ruas rosnar pelo impeachment de
Dilma. A vida é cruel!
Ao mesmo tempo em que penaliza os trabalhadores, o pacote de
maldades garante que os empresários mamarão ainda mais nas tetas do Estado. A
Folha até elaborou uma listinha das benesses. Para a agricultura: “garantia de
crédito para produção com taxas mais baixas; liberação de pelo menos R$ 750
milhões em recursos para o seguro agrícola; flexibilização da legislação
trabalhista”. Para a indústria: “aumento da terceirização; negociações
trabalhistas serem feitas diretamente entre empresas e seus funcionários”. Em
outro artigo, a mesma Folha afirma que o “setor público enxuto vira bandeira de
empresários” e informa: “O empresariado tentará emplacar, com Michel Temer,
temas que foram rechaçados pelo PT e pelos governos de Dilma Rousseff”.
Conforme aponta o jornal, “o empresariado tentou aprovar
esses temas com Dilma, mas enfrentou resistência de grande parte da base de
apoio do governo, formada pelo PT, sindicatos e movimentos sociais. A CNI
(Confederação Nacional da Indústria) prepara uma lista, por enquanto com 38
propostas, que estão sendo condensadas num documento com o título provisório de
‘Agenda para o Brasil Sair da Crise’... Para marcar posição contra um eventual
aumento de impostos, o empresariado vai defender a eficiência e o enxugamento
do setor público. ‘Precisa cortar ministérios e os gastos públicos’, disse
Paulo Skaf, presidente da Fiesp (que reúne as indústrias de São Paulo)”.
O “pacote de maldades” da elite empresarial também inclui
outra medida drástica, conforme revela Mônica Bergamo: “Caso assuma a
Presidência, Michel Temer deve encaminhar ao Congresso Nacional proposta de
mudanças na Previdência que pode prever inclusive o estabelecimento de idade
mínima para a aposentadoria. Seria uma das prioridades máximas do governo. A
ideia já é discutida abertamente por senadores do PMDB que apoiam Michel Temer.
A reforma nas aposentadorias seria útil para dar um ‘choque de confiança’ no
mercado. A aprovação, que precisaria do voto de 308 deputados e depois do aval
do Senado, mostraria que o vice tem apoio sólido no Congresso” e “soaria como
música para o mercado financeiro”.
Eufóricos neste domingo (17), muitos “coxinhas” vão se
lamentar amanhã.
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