Obrigado, Zepa!
Fui Diretor de Conservação do DEP, Diretor do DEP e Diretor-Geral do DMAE em Porto Alegre.
Posso afirmar que conheço bem o sistema de saneamento da cidade e também o Sistema de Proteção Contra as Cheias da Capital. Durante o tempo em que estive na Prefeitura, me dediquei de corpo e alma aos melhores cuidados e profissionalismo que as funções exigiam.
Participava de todas etapas das obras e serviços que eram prestados à cidade, de seu planejamento à respectiva execução, além da gestão e suas necessidades.
A matéria de Rosane de Oliveira em GZH de hoje analisa com propriedade as causas do colapso do sistema de proteção contra as Cheias da capital gaúcha.
Antes, ainda, vale registrar que Porto Alegre tem o melhor sistema de proteção contra Cheias do Brasil. Este é composto por Diques, Casas de Bombas, pelo Muro da Mauá, por comportas de superfície e de gravidade, e ainda pela estrutura predial da usina do gasometro. É um complexo que representa investimentos que ultrapassam um bilhão de dólares, construído durante várias décadas (desde 1941).
O colapso atual, contudo, acontece porque os serviços básicos de manutenção não foram feitos. E, aí, pelo menos 2 comportas não resistiram à pressão da água e foram a pique.
Comportas com as estruturas enferrujadas, corroídas, emperradas, sem graxa, e sem pintura - a ponto de assistirmos uma delas, da região central, ser acionada pela tração motora de uma máquina retro-escavadeira.
Lembro que em 1993, e anos subsequentes, quando estava no DEP, fazíamos a manutenção preventiva das comportas - tanto as de superfície, quanto as de gravidade. Assim, essas recebiam tratamentos e reparos relacionados a ferrugem, pintura, mobilização e outros, a ponto de serem acionadas manualmente a qualquer momento em caso de necessidade. E as comportas de gravidade ficam submersas nos poços das casas de bombas (portanto não aparentes), e que têm a função de realizar o esgotamento por gravidade quando o nível da rio está mais baixo do que o da a cidade.
Essas comportas fazem perte das estruturas do sistema de proteção contra as Cheias, pois, quando o rio está acima da cota 3 (mais alto que várias áreas da cidade), essas comportas fecham com a pressão do rio - e, aí, o escoramento é feito pela elevação da água pelo acionamento do sistema de bombeamento.
Ontem, várias matérias relataram o fato da a água estar vertendo pelos esgotos. Isso significa que essas comportas de gravidade também não estão operando por falta de manutenção. Essa manutenção é cara, geralmente feita por serviços de mergulho contratados e altamente especializados. É importante registrar que esse problema já tinha aparecido na enchente de 2023. Fiz um vídeo sobre isso à época.
Enfim, talvez os gestores atuais nem saibam disso. O desmonte e sucateamento do DEP e DMAE têm como resultado tudo isso!
E, pra finalizar, o DEP era uma Secretária Municipal. A única de primeiro escalão do Brasil que cuidava da drenagem e do serviço de proteção contra enchentes. Foi sucatedo e jogado pra dento do DMAE como um departamento não importante.
Abraços,
Carlos Atilio Todeschini.
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