As prescrições que os aparelhos ideológicos da burguesia:
mídia, escolas de economia, dão aos cidadãos é simples.
Se trabalhar empregado,
fazer tudo o que o patrão manda, inclusive horas extras, pagas ou não, tratar
mal os colegas, tratar mal os clientes quando assim for determinado.
Se for autônomo, ou patrão, fazer dinheiro, a curto prazo é
o objetivo único. Se for mais pobre, para
satisfazer as necessidades básicas de alimentação, higiene, moradia. Se tiver
passado do nível de subsistência, para consumir o que for colocado pelo
"mercado", e acima disso, acumular, para especular ou tornar-se rentista,
e acumular mais, sempre mais.
O patrão, por sua vez, mudou de feição, e de natureza.
Deixou na maior parte das vezes de ser um ser de natureza humana, mas um ser
virtual, chamado acionista. Acionista anônimo, já que a empresa normal é agora
uma sociedade anônima. A economia não trata de produzir bens e oferecer
serviços a não ser como meio para produzir dinheiro, ou seja, valor abstrato.
É esse o objetivo que deve ser entranhado por todos os seres
humanos envolvidos: produzir dinheiro, e em prazo curto. A imaginação, o
planejamento das ações não são aceitos senão como parte da máquina de produzir
dinheiro para acumulação. O planejamento não contempla a abertura de espaços
para a criação, mas a submissão dos espaços existentes ao seu domínio.
Isto está desde sempre na natureza do capitalismo. Mas esta
condição radicalizou-se no que chamamos hoje de neoliberalismo. Nele, o
capitalismo mostra-se incapaz de ser moderado, incapaz de subordinar-se à
sustentabilidade das populações e da Terra. Seu personagem básico é o banqueiro, e
todos os seus operadores, pertencentes aos 1 %, ou 0,01% de alguma forma a ele
se identificam. Aumenta a desigualdade.
Destrói a democracia. Implanta a violência e o caos, e impede que se saia
deles.
O capitalismo hoje espelha e se concebe para o poderio
dos EUA, e não é por acaso. A ideologia estadunidense é fortemente ligada ao
individualismo e ao enriquecimento como confirmação de uma condição de
superioridade em relação a outros, sejam eles de seu grupo, sejam eles de
"raças" que podem ter seu espaço socialmente, se não politicamente,
limitado.
Permanece difícil ser gente, simplesmente.
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