Porque o governo dos Estados Unidos se ocupa tanto em opor-se a toda legislação que no
Brasil faça alguma reserva de mercado para a produção cultural nacional? Porque
iniciativas como a reativação da sexta frota estadunidense, o estabelecimento
de nova base aérea na Colômbia, as pressões contra o programa espacial
brasileiro, não são noticiadas pela mídia e grande imprensa do Brasil? Porque a
perseguição contra a Wikileaks é tratada sempre como se fosse um caso judicial?
O Império acredita necessitar de controle total. Não
consegue, mas usa suas armas para assegurar que esse controle seja o mais amplo
possível. Às vezes, até um fiel órgão da imprensa como O Estado de São Paulo se
sente obrigado a mostrar que o cônsul estadunidense de São Paulo durante a
ditadura era frequente visitador do DOPS, junto com vários empresários ligados
à FIESP, durante o período de torturas e suplícios contra presos políticos,
como aconteceu há alguns dias.
Internamente lá nos EUA, o estadunidense médio possivelmente
acredita no destino manifesto, que dá
aos cidadãos daquele país o direito de acesso aos recursos e mercados de outros
países, que será reforçado por subornos, pregação ideológica e ações militares,
o que der certo. E de manter uma rede de
bases militares no planeta todo, para assegurar que o recado seja entendido, e
a punição para os recalcitrantes seja mais rápida.
Para efeitos externos, para além da doutrina de Bill Clinton
que avocou publicamente esses direitos para seu país, na total extensão de sua
arrogância, a diplomacia e porta-vozes estadunidenses ainda fazem um esforço
para legitimar as ações que se relacionam com essa visão. Ainda recorrem
esporadicamente ao Conselho de Segurança da ONU, tratam de recrutar aliados
para suas ações militares entre outros países, alegam violações de direitos
humanos ou internacionais (falsas ou verdadeiras) dos países que eles querem
submeter ou punir.
Este império é talvez menos violento do que outros do
passado. Não colocam filas de crucificados nas estradas para desencorajar eventuais
encrenqueiros, não esquartejam os corpos dos condenados. Para seus cidadãos comuns, as baixas de
guerra têm sido menores: uso de “empresas de segurança”, na realidade exércitos
de mercenários em vez de conscritos, aeronaves não tripuladas para bombardear sem
riscos para quem as pilota aldeias que abrigam rebeldes do império, com “apenas”
alguns milhares de vítimas “colaterais”.
E usam a “soft power”,
que inclui os grandes jornais em todo o mundo, a quase monopolística mídia
brasileira para difundir sua ideologia e editorar os noticiários no sentido de
censurar o que é adverso, dar o maior destaque possível para o que favorece o
poder imperial. As grandes corporações, que de fato dirigem os governos em
quase todos os países, ao sobrepujar burocracias e os mecanismos da democracia,
passam a serem instrumentos de poder do império. Como sucedeu na onda de
privatizações feitas na América Latina principalmente na década de 90, mas suas
crenças, de caráter quase religioso continuam a pautar opiniões e edição dos
noticiários da mídia, ignorando sistematicamente os seus efeitos negativos na
economia real. Cá como lá, embora lá as vozes discordantes tenham maior espaço
para circular. Aqui, só a mídia alternativa que atua na internet, os blogs “sujos” de acordo com o José Serra.
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