Mesmo assim, não aposte em volta rápida ao trabalho. Os últimos
indicadores da pandemia, divulgados na noite de ontem, mostram a doença em
evolução.
Por
-
28/05/2020
O governo de São Paulo anunciou um programa de saída gradativa do
isolamento. É um programa polêmico, avalizado por um conselho de 18
especialistas de renome, mas com ressalvas dos médicos do conselho. O estado
seguiu a lógica recomendada por Armínio Fraga: é hora de começar a planejar,
não de iniciar a saída.
De fato, há um conjunto objetivo de 6 indicadores a serem seguidos para
classificação das diversas regiões do Estado para fim gradativo do isolamento.
Três indicadores são do lado da saúde: dados da disseminação da
doença, capacidade do sistema de saúde e testagem e monitoramento da
transmissão; Outros três indicadores são do lado econômico: protocolos e
vulnerabilidade econômica, considerando a vulnerabilidade de cada setor; adesão
da população às restrições sociais e definição por região e cidade das medidas
de retomada.
Para cada um desses itens foram definidos indicadores objetivos.
A partir da soma dos indicadores, as regiões serão divididas em 6 fases:
Fase 1 – alerta máximo
Fase 2 – Controle
Fase 3 – Flexibilização
Fase 4 – Abertura parcial
Fase 5 – Normal controlado.
Mesmo assim, há vários indícios de que houve uma pressa indevida. Um dos
indícios foi a falta de negociação com as demais cidades, especialmente na
Grande São Paulo. A doença não respeita fronteiras municipais. Flexibilização
do isolamento em São Paulo desvia compras de Guarulhos, por exemplo. A ida de
moradores de Guarulhos a São Paulo traz riscos de contaminação a São Paulo, e
vice-versa. Mesmo assim, as medidas foram anunciadas sem consulta às demais
cidades e regiões.
Ou seja, sem analisar impactos de medidas sobre fluxo de pessoas, sobre substituição
de comércio, nãos e terá eficácia. Abre-se São Paulo pela redução da
contaminação – que ainda não ocorreu. E expõe-se a população à vinda, para a
cidade, de pessoas contaminadas de outros locais.
Os últimos indicadores da pandemia, divulgados na noite de ontem,
mostram a doença em evolução.
Em relação aos casos acumulados, tomando-se por base a média dos últimos
7 dias em relação ao mesmo período de dez dias atrás, percebe-se a pandemia em
plena evolução, tanto em relação ao número de óbitos, quanto ao número de
casos.
Quando se analisa São Paulo, há uma estabilização no crescimento – o que
não permite grandes comemorações, porque prossegue o crescimento. Os casos
diários continuam crescendo a uma taxa superior a 3% ao dia. E o número de
casos em relação ao Brasil permanece acima de 40%. Em 30 dias, o acumulado de
casos em São Paulo bateu em 312% de crescimento.
A média de óbitos nos últimos 7 dias, em comparação com 10 dias atrás
continua elevada. Embora a curva de crescimento de São Paulo esteja menor que a
média nacional, ainda assim o aumento foi de 40 no número de óbitos e de 44% no
número de casos.
Por todos esses dados, o isolamento ainda demorará, com impactos
objetivos na atividade econômica e no emprego.
Nenhum comentário:
Postar um comentário