Substituindo Ideologia por Classe
por NICK PEMBERTON
"O gênio de qualquer sistema escravagista se encontra
na dinâmica que isola os escravos um do outro, obscurece a realidade de uma
condição comum e torna inconcebível a rebelião em união contra o
opressor".
—Andrea Dworkin
Há algo muito peculiar sobre como se fala sobre política. As
coisas que são verdadeiras e que comprovadamente funcionam são chamadas de
"esquerda", enquanto as coisas falsas e que comprovadamente falham
são chamadas de "direita". É por isso que com relação à educação
quase todo mundo fica à esquerda, exceto se houver uma força maior do que a
própria verdade no interesse de alguém em educação. Essa é uma dinâmica sem
precedentes. Pegue qualquer outro campo. Na matemática, na ciência, na
linguagem, a verdade é comprovada e depois mais ou menos aceita. Na política,
esse não é o caso. Apesar de coisas como socialismo, paz, educação,
regulamentação, moradia e igualdade sempre funcionarem, persiste ainda um
debate sobre se essas coisas funcionam ou não.
Essa dinâmica nunca ocorre em outros campos. Chomsky fala
sobre como as linhas telefônicas são democráticas nas rádios esportivas, por
exemplo. A razão pela qual a política é reduzida a um espectro político, em vez
de ao que é verdade, é porque os riscos são altos demais. A guerra de classes
tem riscos muito altos para que haja uma avaliação honesta dela.
Por exemplo, digamos que alguém fique doente e vá a dois
médicos diferentes para consultas. Pode haver alguma discordância sobre as
melhores práticas a serem adotadas, mas geralmente há medicamentos e
procedimentos aceitos em todos os setores. Imagine se Bernie Sanders e Donald
Trump fossem os dois médicos procurados. Eles são os dois políticos mais
importantes dos Estados Unidos e discordam em tudo. Digamos que um paciente
aparecesse cansado o tempo todo. Bernie provavelmente prescreveria um
tratamento para o paciente, talvez envolvendo alguma combinação de remédio,
repouso e dieta, com o conselho de retornar em breve se o paciente não
estivesse se sentindo melhor. Donald Trump simplesmente entregaria uma arma ao
paciente e diria para ele apontar para sua cabeça e puxar o gatilho. Tais
desacordos no campo da medicina naturalmente pareceriam sem sentido, mas são
amplamente aceitos na política.
Isso leva a uma nova conclusão. O assim chamado espectro
político na realidade tem a ver com a relação que a pessoa tem com o poder. O
que tradicionalmente é rebelde de esquerda contra os ricos e poderosos, e o que
é tradicionalmente de direita age no interesse dos ricos e poderosos. Daí, a
guerra de classes.
Há um debate que funciona melhor para a classe dominante. Trata-se
de um debate entre esquerda ou direita. Este é um falso debate. A esquerda
sempre funciona melhor. Mas há benefícios em ser de direita. Sempre há
benefícios em tomar o lado do poder. A diferença se resume a isso: a ideologia
da direita funciona porque se obtêm recompensas mais poderosas dos poderosos,
enquanto a ideologia da esquerda funciona porque você tira o poder dos
poderosos.
Portanto, é preciso concluir que o debate sobre esquerda e
direita é em si uma construção da classe dominante, feita para obscurecer a
relação real entre as classes, que por definição é conflitante.
A esquerda também poderia ser chamada uma ideologia em favor
da comunidade como um todo, enquanto a direita é uma ideologia em favor do
indivíduo ou extensões do indivíduo, como família, nação, gênero ou raça. O
apelo de ser de direita é que muitas vezes pode favorecer o indivíduo e as
pessoas ao seu redor. Mas se todo mundo fosse de direita, a comunidade como um
todo receberia muito pouco benefício, pois ela se baseia no egoísmo à custa da
comunidade. Assim também se todos fossem de esquerda, veríamos um benefício
para as massas, porque sempre que as pessoas trabalham em equipe, um objetivo
maior pode ser alcançado. Esses são fatos básicos amplamente aceitos, mas
raramente reconhecidos quando a classe dominante enquadra a política de maneira
tão equivocada quanto “direita contra esquerda”.
Não se procure para além do que acontece com quem toma as
posições em questão. Pegue alguém que está à esquerda. Se eles são
politicamente ativos, vão para a cadeia, são demitidos, difamados, empobrecidos
ou podem mesmo ser mortos. O destino dos esquerdistas mais radicais é a prisão
ou a morte. Ao contrário, alguém que é extremamente conservador provavelmente
ganhará muito dinheiro, será aclamado como um gênio, terá uma vida longa e
confortável e manterá muitos de seus amigos por causa de seu sucesso material.
Naturalmente, a maioria de nós navega em algum lugar no meio. A maioria das
pessoas tem algum nível de consciência, mas a maioria também não está disposta
a fazer enormes sacrifícios por sua moral. Assim, esses destinos conflitantes
são navegados.
De fato, a razão pela qual a maioria das pessoas pode
assumir uma posição política é o seu objetivo estratégico na vida. Alguém com
vontade de fazer o bem aos outros pode virar à esquerda, e, ao descobrir os
perigos dessa posição, voltar à direita. Ou alguém ir para a direita, sentir
alguma culpa e ir para a esquerda novamente. Portanto, deve-se ser de esquerda
sempre que tiver condições para isso. E se for para o mundo se tornar um lugar
melhor, muitas pessoas terão que ser de esquerda quando não tiverem condições
para isso.
Tudo isso significa que o enquadramento tradicional, de dois
lados iguais, é errado. As pessoas têm interesses materiais e morais na vida e
somente depois é montada uma ideologia política para justificá-la. Agora,
muitas pessoas têm essa conexão sem saber. Poucos à direita estão pensando
"vamos ser egoístas hoje". Mas é uma decisão estratégica que surge do
medo ou do cinismo, ou mesmo, para ser mais caridoso, de desespero ou
desencanto. Portanto, vê-se a irracionalidade inerente à maioria das direitas
populistas, que apenas ecoam o medo de seus senhores. Imigrantes,
regulamentação e tributação dificilmente assustam os pobres. Eles mantêm os
pobres à tona. Mas eles assustam sim os ricos. E se o objetivo estratégico da
direita é alinhar-se ao poder, é claro que eles refletirão os medos dos ricos.
Mas nós vemos como na realidade um vem antes do outro. Um
medo mais profundo em relação aos ricos e a submissão a eles vêm antes desse
alinhamento que, teoricamente, encontra uma ideologia política consistente que possui
legitimidade. Isso soa como uma crítica condenatória da direita, e é. Mas por
que, então, não ser simplesmente de esquerda?
A razão é esta: o espectro político propriamente é uma
construção da classe dominante destinada a obscurecer a luta de classes mais
fundamental que está na raiz de nossas vidas. Com base em nossa condição
material e na educação formal e informal que recebemos para nos informar sobre
essa condição, chegamos a certas conclusões sobre as estratégias para lidar com
essa condição e essas estratégias se enquadram em algum lugar no espectro
político. Ao aceitar a construção do espectro político, mantemos nossas mentes
colonizadas em um espaço que fica a um passo deslocado em relação ao nosso
opressor.
Esta é apenas uma razão. Se a posição da esquerda resultasse
na mesma ideologia que um cumprimento vivo da condição de classe, poderíamos
dizer que nada está em jogo aqui além da clareza e urgência necessárias para
lidar com a classe dominante. No entanto, não é assim tão simples. Aceitar
qualquer conjunto de crenças deixa alguém cego para as necessidades mais
materiais do presente.
A política não é diferente da religião nesse sentido. Embora
ambas tentem explicar a condição material, elas sempre ficam aquém da avaliação
precisa, porque a própria condição material é um mistério além da compreensão
e, portanto, é fluida. Com base nessa avaliação, a religião pode se tornar mais
correta que a política, mas isso é para um outro dia. Por que uma coisa
desconhecida deve ser fluida? Porque ocorrem constantemente novas descobertas
pelo indivíduo e pela comunidade em geral.
Portanto, ideologia pode manter o sujeito estagnado e
reacionário, ou mesmo manipulado. Mas o que isso significa em um sentido
prático? Algumas novas maneiras de lidar com coisas fora do espectro político.
Em primeiro lugar, em vez de avaliar cada figura, instituição ou política com
base em sua relação com um espectro artificial de crenças, por que não
relacionar diretamente essa quantidade com o poder e o dinheiro?
Uma das trapaças da classe dominante nas quais a esquerda
tende a cair é avaliar todos os impulsos contra o poder dentro de suas próprias
ideias bastante rígidas e puristas. Isso pode levar a uma auto-sabotagem de impulsos
contra o poder. Existe ainda um pensamento de espectro aqui que é falho. Você
está do meu lado ou do lado deles? Muitas vezes é preciso estar completamente
de um lado para justificar seu ato contra o poder, ou então isso é visto como indigno.
Deveríamos, antes, viver pelo princípio de dar o que você
puder, quando puder. Deveríamos poder avaliar ações não em sua relação com a
conquista de alguma revolução grandiosa, mas em suas implicações práticas para
a classe trabalhadora. Isso significa poder avaliar todas as ações e ver com
precisão quais são seus ganhos e derrotas práticas, bem como as opções dentre as
ações à mão.
Se operarmos no pressuposto de que a esquerda é simplesmente
uma oposição ao poder, enquanto a direita é simplesmente uma aceitação dele,
podemos ver como, se o poder for sofisticado, ele pode realmente enganar os
dois lados tão facilmente quanto o outro. O poder da direita é
"honesto". Na verdade, ouve-se isso sobre políticos de direita. Eles
não são hipócritas. A direita assumirá o lado do poder, não importa o quê.
Portanto, se o poder for mentir pela direita e advogar algo que o afaste,
veríamos a direita acidentalmente se opondo ao poder, ao promover a posição do
poder contra si mesmo. Não há necessidade. A direita aceita facilmente a
opressão acreditando em quaisquer coisas terríveis que seus líderes digam.
A esquerda parece ser
mais difícil de discutir. Mas não muito. O poder precisa dizer que está fazendo
algo benéfico para a classe trabalhadora. A esquerda, oposta ao poder, encontra
uma postura que contradiz o poder, não importa o quê. Portanto, a esquerda
acaba se opondo ao que é realmente benéfico, simplesmente porque está presa no
circuito da propaganda. Além disso, o poder real que se caracteriza como
insurreição contra o domínio da época pode frequentemente apresentar um carisma
romântico demais para a esquerda negar, mesmo quando esse poder deve ser
questionado de maneira inabalável. Essa cooptação do anti-poder pelo próprio
poder deve ser sempre questionada, porque a classe dominante naturalmente tem
interesse em silenciar os verdadeiros céticos da classe trabalhadora, mesmo que
pareçam ouvir a classe trabalhadora no do caminho.
Isso não é para inferir falsas equivalências. A esquerda
valoriza o pensamento, enquanto a direita valoriza a ordem. No entanto, ao
permanecer na “esquerda”, nossa posição pode e será obscurecida e manipulada
pelas pessoas no poder. Os 1% frequentemente difamam e criminalizam a esquerda.
As pessoas podem acreditar que essas punições são justas só porque a esquerda
pode ser enquadrada de uma maneira que não é simplesmente porque o termo
"esquerda" não significa nada. Sem entender a relação central com o
poder, a esquerda frequentemente aparece como uma ameaça para os tímidos e
impotentes, porque a esquerda ameaça a ordem das coisas. Portanto, seu castigo
é frequentemente apoiado porque as pessoas têm medo de mudanças. Mas ninguém
diz isso, ou o diz de modo suficientemente claro. As pessoas podem ter muita
simpatia pela esquerda ou até "se converter" para a esquerda se for
entendido que o objetivo real da esquerda é se opor ao poder e empoderar as
pessoas.
O debate permanece ao lado do que é. Teóricos se alinham com
teorias conflitantes. Nenhum dos especialistas pode concordar, eles muitas
vezes dizem coisas opostas. Existe um tema comum. Quem toma o lado do poder é
promovido e quem não, é punido. Isso deveria nos esclarecer mais sobre quem
está certo e quem está errado, do que o debate da classe dominante entre o que é
direita e esquerda.
Também pode haver pontos cegos para a esquerda quando o
próprio poder se autointitula como de esquerda, e então se posiciona acima das
críticas. É neste caso que a esquerda esquece seu papel mais fundamental de
subversão de classe. Da mesma forma, a tendência de descartar graus de variação
dentro de um sistema que sempre oprime os pobres em vários graus é um erro de
cálculo. Estude a história e descobrirá que muitas vezes as próprias revoluções
eram violências de classe e a propaganda que as promovia era da classe
dominante. Mesmo quando as revoluções beneficiam a classe trabalhadora, a
classe dominante estará sempre lutando sob o capitalismo. Portanto, continua a
ser perigoso apoiar qualquer revolução como um objetivo utópico. Os ganhos
sempre precisarão de proteção e também nenhum ganho deve ser descartado como a ausência
de revolução.
Se uma ação ajuda uma pessoa da classe trabalhadora, ela
deveria ser apoiada. Se uma ação fere uma pessoa da classe trabalhadora, ela
deveria ser contestada. Com um conhecimento realista, claro, de quais
possibilidades estão em mente e do que o poder está fazendo para canalizar ideias
menos radicais para nossas mentes. Mas a luta deve permanecer material e nunca
deveria apagar a história ou ganhos reais por alguma ideologia criada pela
classe dominante.
As origens dos termos direita e esquerda, de acordo com a Wikipédia:
“Os termos direita e esquerda se referem a afiliações políticas originadas no
início da era revolucionária francesa de 1789 a 1799 e se referiam
originalmente às disposições de assentos nos vários órgãos legislativos da
França. [ 1] Como visto do assento do Presidente na frente da Assembleia, a
aristocracia estava à direita (tradicionalmente a posição de honra) e os
plebeus estavam à esquerda, daí os termos política de direita e política de
esquerda. [1] Há aqui uma distinção básica. Se isto fosse entendido pela classe
trabalhadora, haveria condições muito melhores para cada um, por inteiro.
Também se pode dizer que a esquerda é em parte responsável
por sua própria falta de poder do povo. Isso vem com uma aliança ao poder da
revolução ou autoritarismo, que é praticamente bastante ruim para a maioria dos
trabalhadores, mesmo quando geralmente se chama de esquerda precisamente porque
recua na luta contra a chamada regra neoliberal da época, o que é sem dúvida um
desastre completo e tragédia para o planeta e para a classe trabalhadora.
A luta contra o poder deve permanecer constante e deve ser
reconhecida como uma luta eterna que é fundamental para a condição humana. É
nesse sentido que a mentalidade revolucionária é extremamente benéfica. Chris
Hedges, um dos mais admiráveis resistentes ao poder neste país, diz uma frase
que em determinado momento soou profunda, mas agora parece não atingir o alvo.
Foi mais ou menos assim: "não lutamos contra fascistas porque iremos vencer,
lutamos contra fascistas porque eles são fascistas".
Esta frase, embora com boas intenções, caracteriza a
natureza autodestrutiva de uma luta por um objetivo cego materialmente. Sempre acontecem
vitórias. Mesmo em tempos de caos total. Também há perdas. Mesmo em tempos de
regime comunista. O que importa é a força da utilidade de todo ser vivo no
presente e no futuro. Não utilidade no sentido econômico estrito, mas a
utilidade da felicidade em um sentido profundamente humano, no qual os ganhos
materiais são centrais para a luta fundamental da vida. A ideologia pode e deve
ser usada para promover esses ganhos, mas para fazê-lo da maneira mais prática,
devemos inverter nossa ordem de operações.
No sentido moderno do espectro político, nós temos visto
como a literal diferença espacial entre as classes foi devorada pela regra do
capital neoliberal. Anteriormente, era reconhecido que a diferença entre
esquerda e direita era apenas uma diferença de classe. Uma separação literal,
não ideológica. Agora, capitalistas liberais bilionários são chamados de
esquerdistas e diz-se que os pobres fascistas estão à direita.
Uma pessoa pobre na direita é uma contradição. Um pilar da
teoria de Karl Marx é que o sujeito é alienado de si mesmo sob o capitalismo. O
desejo é formado e manipulado pela necessidade de sobreviver e pelos meios para
chegar lá, numa sociedade que tem famintos e sem-teto simplesmente porque as
pessoas são gananciosas demais para desistir de seu excesso de dinheiro. Uma
pessoa pobre que fica do lado dos ricos só está à direita no sentido moderno,
em que os capitalistas produzem propaganda a uma taxa recorde pela Internet. No
sentido material, a pessoa pobre está sempre à esquerda e a pessoa rica está
sempre à direita. E essa é a divisão primordial material que cria o conflito de
classes.
Desculpar a direita moderna e sua afiliação ao poder não é o
ponto. É antes examinar a maneira como o sistema em si coloniza a mente e
incentiva o alinhar-se ao poder. Somente expandindo as possibilidades materiais
das massas para além da sobrevivência e produção de capital é que se formará
uma sociedade que se controle a si mesma de um modo honesto. Dessa forma, a
educação pública é ao mesmo tempo uma necessidade e também uma ferramenta
potencial de poder que também deve ser questionada precisamente por causa de
seu potencial de influência positiva ou negativa em nível de massa. A
privatização, automação e até militarização do sistema escolar público, bem
como as claras diferenças de classe no financiamento para professores e alunos,
deveriam ser um importante campo de batalha no futuro.
A ideologia nos torna cegos para a realidade material à
nossa frente. Torna-nos cegos em relação aos outros, à medida que a ideologia
se torna uma extensão do eu. É apenas continuando a desmontar as formações do
preconceito de qualquer ideologia que o sujeito pode desembarcar em um estado
próximo da verdade revolucionária. É destruindo continuamente as formações de
ego e de hierarquia que uma comunidade permanece democrática, justa e igualitária.
Somente através de um questionamento incessante, avaliação e confronto do
próprio poder é que uma sociedade permanece livre da opressão. Neste momento
histórico, são o 1% e o sistema do capital que escravizam os corpos, mentes e
tempo da classe trabalhadora que atua como opressor principal e central. Se tal
afirmação é de esquerda no sentido moderno da palavra, é apenas por falta de atrito
a partir do significado original do termo.
Deveria haver uma recuperação radical do significado
original de "esquerda". Quando os franceses estavam primeiro formando
seu novo governo, o termo era puramente uma diferença de classe espacial.
Recuperar esta definição é urgente. Descobrir nossa relação espacial em relação
à classe dominante é pertinente quando se considera o modo como a classe
dominante funciona.
Por exemplo, quando a mudança do clima, o imperialismo e a
globalização arrancam as famílias de suas casas, o espaço é manipulado pela
classe dominante através de políticas fascistas de imigração que afirmam
claramente que nosso país está "cheio" e quem tenta entrar é
bem-vindo para morrer, ir para a prisão ou para tirar seus filhos deles. A
liberação de capital significa acordos comerciais, como o NAFTA, que pode
operar em todo o espaço, deixando a classe trabalhadora em casa com retornos
decrescentes e precários. O espaço da casa continua sendo um espaço colonizado,
onde os homens podem sair de casa e as mulheres são forçadas a ficar dentro dela
para gerar filhos para a reprodução do capital e do ego masculino e
desconsiderar que é imprescindível para essa formação de capital.
Além disso, o conceito de espaço é necessário para examinar
as maneiras pelas quais as comunidades nos Estados Unidos são separadas através
do classismo e do racismo institucionais, que criam disparidades perturbadoras
em coisas como: qualidade do ar e da água, acesso a alimentos saudáveis, acesso
a escolas públicas dignas, e liberdade em relação a um estado policial sem lei.
Conectado a isso está o flagrante estado de encarceramento em massa, que usa o
espaço como um limite para distinguir a diferença de classe e também ganhar
dinheiro com a disciplina dos pobres. Da mesma forma, vê-se como o imperialismo
e o colonialismo criam disparidades na riqueza do mundo e empregam
sistematicamente violência, escravidão e poluição nos espaços mais pobres e
menos brancos.
A direita continuará do lado da classe dominante, e muitas
vezes de maneiras muito perigosas e destrutivas. Ao entender as implicações
espaciais de tais ações, podemos identificar a verdadeira violência de cada
membro da direita. Pode ser uma expressão de classe, mas isso não significa que
a direita deva ser encarada com uma desculpa de classe. Tomar o lado da classe
dominante sempre irá ferir outras pessoas, e esta é a escolha egoísta que a
direita fez e reflete uma falta de alma que não será resolvida através do
debate político ideológico. Em vez disso, a direita deve ser exposta por quem
é: a escolha individual de escolher dominar uma sociedade em vez de agir dentro
de uma sociedade preocupada com as pessoas ou a terra ao seu redor.
O termo "esquerda" pode refletir tanto os perigos
da época quanto os heroicos do grupo, se recuperar sua origem como uma relação
espacial e de classe. O sonho americano entra em colapso, o Império Americano
se expande como um provedor irracional e oculto de violência em todos os cantos
do globo, a economia é desregulada, os programas sociais são destruídos, a
desigualdade aumenta, o conservadorismo social fala novamente como o fascismo
que ele sempre foi, a propaganda se consolida em uma forma cada vez mais
obtusa, mas também mais presente, e as mudanças climáticas criam um presente
caótico e incerto e um futuro irreconhecível. Tais condições abrem a
possibilidade de todos nós nos identificarmos com o lado esquerdo do espectro
de classes, que realmente ocupamos na era de uma oligarquia global. Tais
condições também tornam mais atraente a identificação com esse poder oligarca
por meio da ideologia de direita. Ambos os lados podem ser vistos claramente
através desse novo enquadramento, e a política pode recuperar seu significado
como a luta pela sobrevivência material dentro das estruturas do domínio de
classe capitalista.
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Nick Pemberton escreve e trabalha em Saint Paul, Minnesota.
Ele gosta de receber feedback em pemberton.nick@gmail.com
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