Agora que o pessoal do movimento passe livre, que tinha
iniciado tudo, encerrou enquanto as passeatas continuam, com caráter diferente
do visado pelos seus idealizadores iniciais, precisamos saber quem são as
pessoas que procuram prolongar a ocupação das ruas das cidades brasileiras. Não
pretendo ter informações exclusivas. Nem cheguei a ir às ruas, embora tenha
simpatizado com a causa do passe livre e com a ideia de sacudir as
instituições, demasiadamente presas a amarras colocadas por grupos de interesses
para dar espaço uma agenda verdadeiramente progressista.
Mas não tinha só isso, tinha e tem outras coisas com os
manifestantes que participaram desde o início, nas mesmas ruas às quais o MPL e
pessoas ligadas aos partidos de esquerda e centro-esquerda acudiram. Uma pulga
instalou-se atrás da orelha logo ao conversar com conhecidos meus conservadores,
que mostravam uma empatia que eles nunca mostrariam em relação a manifestações
de rua (salvo, talvez, na marcha da família com deus pela liberdade, mas isso
foi há bastante tempo).
Depois começaram a aparecer cartazes falando de mensalão,
contra Lula, contra Dilma, contra parlamentares em geral, contra “partidos”. Uma
das mais cotadas foi a campanha contra a PEC 37, em que os manifestantes apenas
dizem que favorece a corrupção, nem sabem do que se trata, veja, por exemplo, esta
entrevista do Ives Gandra Martins. A
polícia de alguns estados, como São Paulo, entrou com brutalidade total, assim
como o outro grupo entre os principais participantes das manifestações, a
falange dos vândalos e assaltantes. Muita gente foi assaltada, eu soube
diretamente de duas. Depois as polícias receberam ordens de agir dentro da lei,
mas os vândalos e assaltantes, não. A grande mídia tratou de incensar as manifestações,
com ressalva de uma “pequena minoria” de vândalos e baderneiros. Ficou faltando
mencionar manifestantes que agrediram outros manifestantes. A ascensão dos
fascismos europeus passou pelo estabelecimento do monopólio das ruas para eles.
Quando as autoridades finalmente decidiram agir e voltar
atrás com os aumentos de ônibus e metrô, a coisa supreendentemente (para mim e
para muita gente) recrudesceu. Surgiram demandas de todo tipo, a maioria delas
com uma componente de direita muito importante. Interessante destacar que a
reivindicação inicial – que tratava o transporte urbano como serviço público é
tipicamente de esquerda, a direita pegou carona e tratou de expulsar os grupos
de esquerda que portassem bandeiras. Ataques diretos ao PT (veja um post anterior,
com vídeo), enquanto a polícia de Alckmin era poupada, essa que tem se mostrado
incapaz de deter a deterioração da segurança pública. Assim como era poupada a
máfia das empresas de ônibus. Como o poder financeiro que domina o estado e as
instituições. A partir dessas omissões vê-se que esse pessoal tem sim “partido”.
Manifestantes continuam a atacar as instituições do estado.
Parece que, não tendo tido muito progresso a proposta de impeachment de Dilma,
o alvo orquestrado é o congresso, “vergonha nacional”, que deveria ser atacado
com “bombas de efeito moral”. Por ora não explicitam o que têm em mente,
provavelmente não sabem, mas seus inspiradores da imprensa e da internet
certamente sabem o que querem. Nada menos que um novo golpe militar, e uma nova
ditadura, de direita é claro.
Inspirado no nome dado à imprensa e à mídia que praticamente
monopolizam o noticiário e a emissão de juízos sobre a realidade política (e
sobre as diversas formas de dominação social pelo capital), distorcendo,
omitindo e mentindo, PIG (obrigado, Paulo Henrique Amorim), proponho um incremento
na sigla, um “upgrade”, para PIIG, partido da imprensa e internet golpista,
para agregar um agente atualmente primordial, o conjunto dos condutores da
guerra suja pela internet. Pela internet circulam os trols, que entopem as
seções de comentários dos blogs e sites de notícias um pouco mais à esquerda com insultos e
ameaças, os remetentes de e-mails não solicitados com invenções caluniosas sobre
políticos, as páginas do facebook de inspiração direitista ou diretamente
fascista.
Esta juventude confiante, que livre dos partidos organiza suas ações
de rua horizontalmente, mas segue palavras de ordem geradas e orquestradas “em
algumas partes”, poderia passar a ostentar o nome de Juventude Piiguista,
lembrando as gloriosas juventude hitlerista da Alemanha Nazista e juventude
comunista da União Soviética estalinista.
Ainda sobre este assunto, para quem tiver disponibilidade
para uma discussão mais estruturada de vários pontos aqui levantados e mais
outros, recomendo enfaticamente este
artigo de Aton Fon Filho, publicado no Viomundo.
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