Entendamos. Em posts anteriores coloquei um nome de Partido para ajudar a identificar as forças que impedem trabalhar
pela emancipação das pessoas. Assim, emancipações não de um grupo ou grupos,
mas das pessoas.
No livro How Will Capitalism End?, Wolfgang Streeck mostra com outras palavras a ação global do Partido Neoliberal. Ele assinala a transição do estado capitalista, de Estado baseado em impostos para Estado baseado na dívida. Distingue dois públicos, ou tipos de cidadãos - o povo do Estado e o povo do Mercado (Staatsvolk e Marktvolk), para mostrar como este último é quem dá as cartas, e desloca o que se entende por democracia. Uma tabela do livro ilustra bem a distinção:
Povo
do
Estado Povo
do Mercado
nacional internacional
cidadãos
investidores
direitos civis itens contratuais
eleitores
credores
eleições (periódicas)
leilões (contínuos)
opinião
pública
taxas de juros
lealdade “confiança”
serviços
públicos
serviço da dívida
Essas diferenças de discurso não
comparecem de maneira explícita no discurso da mídia e da imprensa
corporativas, e dos estados baseados na dívida - quase todos os atuais,
começando por exemplo nos Estados Unidos, Reino Unido e terminando em Brasil,
Argentina. Não aparecem porque o povo do Estado e seus valores são cada vez
mais ignorados. A primeira coluna é mostrada cada vez mais como paisagem,
comparada com o que interessa, na
coluna da direita.
Os critérios e valores do Povo de Mercado são esses. Eles querem fazer parecer que são únicos (lembrar da dona TINA da Margareth Thatcher). Têm sido muito bem sucedidos até agora. Nesse processo as forças da cidadania são, mais do que reprimidas, afogadas na ideologia e nas práticas do dia a dia do Povo do Mercado (também conhecidos como os 1% e seus auxiliares).
Nenhum comentário:
Postar um comentário