Nos dias 16 e
17 de Novembro de 2016 o IEE – Instituto de Energia e Ambiente da Universidade
de São Paulo, promoveu a conferência com o título acima. A conferência
inaugurou o uso do auditório recém-construído do IEE.
A abertura
contou com autoridades e o cônsul dos Estados Unidos. O professor José
Goldemberg, atualmente presidente da FAPESP, o político João Carlos Meirelles,
secretário de Energia e Mineração e duas outras autoridades da USP, além do
citado cônsul.
Apesar do
esforço por preencher os vazios da plateia com a convocação de funcionários do
IEE, a presença durante da abertura foi bastante limitada em face dos cerca de
duzentos lugares disponíveis. Foi fornecida tradução simultânea de e para o
inglês, já que boa parte dos participantes veio dos Estados Unidos.
Este que
descreve o evento não teve disponibilidade para acompanhar os trabalhos in
loco. No entanto acho importante destacar alguns pontos importantes que
observei.
Quanto ao
título: embora se tratasse da extração de betume e de gás de formações
sedimentares, folhelhos, mediante fraturamento hidráulico, o título foi “não
convencional”, bem mais vago, e mais distante das operações físicas feitas
sobre essas formações. Ajuda a manter longe a percepção de operações que usam
grandes quantidades de água, e que têm acarretado a contaminação dos lençóis
subterrâneos em tantos locais.
Assisti a
parte da exposição inicial do professor Ildo Luis Sauer, vice-diretor do
Instituto de Energia e Ambiente. Chamou-me a atenção em particular, além da
crítica às inciativas dos governos anteriores à instalação de Michel Temer na
presidência da República, que no caso incidiu sobre a licitação de locais para
fraturamento hidráulico no Brasil, que fracassou porque não obteve adesões de
interessados.
Um ponto da
crítica do professor Sauer foi que a licitação, inoportuna no timing, acabou
por despertar os “demônios” dos opositores à prática, que se tem insurgido à
inciativa em nome da segurança ambiental.
Examinei a
lista de expositores. Apesar de essas formas de exploração terem encontrado
resistências articuladas o bastante para justificar moratórias impostas por
países europeus (como a França) e vários estados dos EUA, os expositores
estrangeiros são ou representantes da indústria do “fracking” ou acadêmicos (inclusive
um filósofo) favoráveis à mesma.
Em outras
palavras, aparentemente a introdução do fracking no Brasil, que inclui as
bacias do aquífero Guarani, para esta Conferência é uma questão praticamente,
uma questão de viabilidade econômica, já que as técnicas são ambientalmente
seguras apesar de resistências locais que logo devem ser superadas, e, portanto,
podem ser desde já tratadas apenas pela indústria do faturamento hidráulico e
pelas autoridades “reguladoras”. A conferir quando o IEE disponibilizar os
conteúdos liberados da Conferência em seu site.
Acredito que
outros pesquisadores e professores do próprio IEE poderiam convocar uma
conferência em que as dúvidas mais do que fundadas sobre a viabilidade
ambiental dessas práticas sejam colocadas, eventualmente chamando para o debate
seus defensores e patrocinadores inclusive alguns dos presentes à UGCOC. Lembro-me
em especial dos professores Pedro Jacobi e Célio Bermann.
Uma outra
coisa que me chamou a atenção. Apesar de o evento ter se iniciado com a
execução do hino nacional brasileiro, o cartaz mais o programa parece ter sido
divulgado apenas em inglês.
Em todo caso,
é realmente uma pena que o Instituto de Energia e Ambiente, anteriormente de Eletrotécnica
e Energia, em todos estes anos não tenha tratado da questão básica que ameaça a
Terra, que é a ligação entre a Energia e o Aquecimento Global. Acima dos interesses
das corporações que pretendem simplesmente extrair ainda mais carbono da Terra,
não importando o grau de sujeira dos processos usados para que ele possa ser liberado
na atmosfera e precipitar a catástrofe global que se aproxima.
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