NOS ÚLTIMOS MESES, incêndios estão sendo
usados para limpar vastas áreas da Amazônia em um ritmo sem precedentes. Um
quinto da Amazônia já foi destruído nos últimos 50 anos. Uma maior
industrialização da floresta tropical corre o risco de destruir outro quinto,
uma perda que seria catastrófica para o ecossistema
global.
O desastre é amplamente
atribuído a interesses que procuram abrir a maior floresta tropical do mundo
para dar espaço à pecuária, à mineração e ao agronegócio focado nas
exportações. Documentos revelam que esses interesses estão sendo incentivados
nos EUA por lobistas republicanos favoráveis ao governo Trump, que iniciaram
conversas com o governo brasileiro para promover o investimento empresarial na
Amazônia.
A crise na
Amazônia ocorre com o Brasil agora sendo governado por uma administração
abertamente hostil às preocupações ambientais e às comunidades indígenas. O
presidente Jair Bolsonaro, ex-capitão do Exército que já foi visto como figura
marginal na política brasileira,autodeclarado Capitão
Motosserra por sua iniciativa de promover a exploração madeireira e o agronegócio
na Amazônia.
Logo após assumir o cargo em
janeiro, Bolsonaro cortou o
financiamento para a principal agência ambiental do Brasil em 24%. E, nesta
semana, depois de um relatório do centro de pesquisa espacial brasileira
revelar que os incêndios na Amazônia subiram 83% este
ano, Bolsonaro culpou as ONGs internacionais em vez de suas próprias políticas
antiambientais.
ENQUANTO ISSO, um integrante do governo brasileiro contratou
lobistas de Washington para continuar vendendo terras e destruindo a floresta.
Em junho, Wilson Lima,
governador do Amazonas, onde está situado aproximadamente um terço da Amazônia,
incluindo o epicentro da atual crise de incêndios florestais, começou a trabalhar com
o InterAmerica Group, uma empresa de lobby com sede em Washington DC, fundada
por Jerry Pierce Jr. Kellen Felix, brasileira vice-presidente do InterAmerica
Group, também está listada em registro de divulgação para
trabalhar com o estado do Amazonas. Eleito no ano passado, Wilson Lima é
filiado ao PSC, partido conservador afiliado à Assembleia de Deus, igreja
pentecostal em rápido crescimento no Brasil.
Os registros iniciais,
divulgados sob a Lei de Registro de Agentes Estrangeiros através do
Departamento de Justiça, que regulamenta o lobby estrangeiro, mostram que
Pierce foi chamado para
representar o governo de Lima em reuniões com agências federais e o Congresso.
O InterAmerica Group também já
apresentou um pacote informativomontado
para empresas americanas em nome do governador brasileiro, promovendo a região
amazônica por seu potencial de desenvolvimento. O pacote lista mineração,
agronegócio e “indústria química de gás” como “oportunidades” para empresas
americanas. Entre os “desafios” para essas empresas em potencial está “garantir
a conservação da floresta”.
Pacote, divulgado pelo InterAmerica Group,
anunciando a Amazônia para interesses comerciais. Documento: divulgação da Lei de Registro de Agentes
Estrangeiros.
Em resposta a uma pergunta do
Intercept, Pierce disse que um contrato final não foi assinado. “Infelizmente,
o estado da Amazônia decidiu adiar a contratação de nossa empresa por tempo
indeterminado. Talvez a negociação seja retomada em 2020”, escreveu Pierce. Ele
não respondeu a uma pergunta sobre por que sua empresa já estava produzindo
comunicações em nome do governo de Lima.
Pierce escreveu extensivamente
sobre como Trump e Bolsonaro são uma benção para o aumento dos negócios
americanos no Brasil. “Sob o presidente Trump”, Pierce escreveu em um post de 2017 no
site de sua empresa, o Brasil deve se tornar “um líder mundial em setores como
agronegócio, mineração, bancos e aviação.” Em posts mais
recentes, Pierce comemora a ascensão do presidente de direita Jair Bolsonaro,
declarando que “Donald Trump abriu o caminho para uma vitória de Bolsonaro”.
Pierce também atuou
anteriormente como funcionário do Departamento de Habitação e Desenvolvimento
Urbano durante a administração de George Bush pai e como importante arrecadador
de fundos do presidente George W. Bush. No governo George W. Bush, ele alcançou
o status de “Pioneiro”, um elogio dado aos apoiadores que levantaram pelo
menos 100 mil dólares para
as campanhas de Bush. Em 2009, Pierce se declarou culpado de fazer
contribuições ilegais para campanhas, usando o nome de outra pessoa. Ele foi
condenado a três anos de
liberdade condicional.
Imagens de mídias sociais mostram Pierce, Felix e
outros funcionários do InterAmerica Group aparecendo, na descrição de Pierce, com
membros da administração do presidente Donald Trump e em eventos de movimentos
conservadores, incluindo a convenção CPAC e com o Turning Point USA.
Lima não é a única autoridade
brasileira a estabelecer laços com políticos amigos de Trump.
O Intercept informou
anteriormente que o antecessor de Lima, o governador Amazonino Mendes, assinou
um controverso contrato de US$ 1,6 milhão com a Giuliani
Safety & Security, uma empresa de consultoria afiliada a Rudy Giuliani,
agora advogado de Trump. O estado do Amazonas sofre historicamente com a
pobreza, o contrabando de drogas e a criminalidade – problemas que Mendes
prometeu resolver através do contrato com a empresa de Giuliani.
As discussões com o
InterAmerica Group estão entre os muitos laços americanos com a expansão dos
negócios na Amazônia. Em abril, a Câmara de Comércio Brasil-Americana, um grupo
comercial que representa os principais interesses bancários e de commodities, realizou
um evento para tratar como os investidores americanos podem
tirar proveito do agronegócio brasileiro no atual clima político.
DESDE MARÇO DE 2018, venho observando grupos pró-Bolsonaro no WhatsApp que foram fundamentais na disseminação de desinformaçãodurante as eleições de 2018. Desde o final do pleito, muitos usuários saíram desses grupos porque sentiram que cumpriram seu objetivo principal: eleger Jair Bolsonaro. Porém, vários grupos seguem ativos – e pior, ainda mais radicais.
Bolsonaro empoderou sujeitos que se sentiam reprimidos devido às políticas progressistas dos governos passados. Seu discurso legitimou sentimentos radicais e abriu espaço não apenas para a sua expressão, mas também para uma ação – é o que está acontecendo agora.
Por quase um ano, me inseri em quatro grupos de WhatsApp de apoiadores de Bolsonaro para monitorar seu funcionamento. Espalhavam mentiras por meio de uma estrutura de grupos que lembra uma pirâmide. Os grupos tinham em torno de 170 a 200 membros. Esses grupos eram especificamente designados e mantidos para convencer e promover argumentos a favor do Bolsonaro. Os “influenciadores” estavam no topo do ecossistema: eram os responsáveis por manipular notícias e criar mentiras que viralizassem. Esses influenciadores, então, enviavam as informações falsas para grupos maiores, compostos pelos apoiadores mais ferrenhos do ex-capitão, que, por sua vez, enviavam a um exército de trolls.
A partir daí, as notícias falsas se disseminavam entre grupos ainda maiores de brasileiros comuns, que usavam o WhatsApp para driblar os veículos de imprensa tradicionais, recebendo notícias que reforçavam suas inclinações a votar em Bolsonaro. As discussões eram essencialmente câmaras de eco da causa direitista.
Nos últimos meses, porém, observei, por meio de uma análise do sentido das mensagens, uma transformação na base de apoio do governo: conforme os participantes testemunhavam o novo governo tomar forma, começaram a surgir discordâncias sobre os rumos que o país estava tomando. A maioria, que durante as eleições estava sempre de acordo e trocava apoio, entrou em calorosos bate-bocas por causa das suas diferentes expectativas com novo governo. As brigas constantes forçaram os membros a criarem coalizões dentro dos grupos e, após oito meses do governo Bolsonaro, surgiram seis novos grupos além dos quatro originais.
Cada grupo seguiu uma linha de pensamento estipulada por seus administradores e, baseado nela, eu os organizei em categorias.
O primeiro deles se concentra na propaganda do governo. Ou seja, seus membros são apoiadores extremos de Bolsonaro. Não permitem discussões que questionam quaisquer atos do presidente. Reúne brasileiros comuns, bolsominions e influenciadores. No entanto, em vez de consumir, compartilhar e produzir notícias falsas sobre candidatos oponentes, a desinformação se concentra principalmente na propaganda do governo e na deslegitimização dos tradicionais meios de notícias, em especial os que têm denunciado as irregularidades do governo, como o desmatamento da Amazônia, e a ligação entre Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente, e as milícias do Rio.
O segundo grupo é o da insurgência. Reúne participantes que se tornaram opositores do presidente. Eles têm fortes sentimentos nacionalistas e acreditam que Bolsonaro traiu a nação devido aos seus planos de privatizar e vender empresas estatais brasileiras, como a Petrobras. Os insurgentes afirmam que o presidente não está cumprindo suas promessas de militarizar o governo e cedeu ao establishment e aos políticos corruptos – à velha política, portanto.
Eles acreditam que a única maneira de salvar o país é organizar uma insurgência popular armada a fim de promover uma limpeza completa dos poderes legislativo e judiciário. Desta forma, compartilham todo e qualquer conteúdo que leve a descrença dos três poderes. Para eles, Bolsonaro está corrompido, STFé pró-Lula, e Congresso é a causa do Brasil ser tão corrupto. Criar indignação antecede a organização da insurgência. Existem planos de fazer uma manifestação no dia 25 de agosto para demonstrar que eles estão pensando nesse objetivo.
Agora que a eleição passou, os insurgentes revelam abertamente as práticas sujas que se envolveram quando foram bolsominions e influenciadores. No meu artigo anterior, mencionei que os bolsominions pareciam ser um “exército voluntário.” Embora isso seja verdade para a maioria, ouvi vários depoimentos que revelaram que muitos receberam pelo menos R$ 400 por semana para disseminar conteúdo pró-Bolsonaro. Os depoimentos também mostram que administradores receberam pelo menos R$ 600 por semana para manter o clima em seus grupos favorável ao candidato, e alguns até R$ 1.000, dependendo da quantidade de conteúdo produzido. Quando questionados sobre a origem do dinheiro, os insurgentes disseram que um grupo de empresários, incluindo Paulo Maurinho, financiaram a rede.
O problema da radicalização requer uma iniciativa multifacetada.
Eles também mencionaram uma milícia virtual chamada Movimento Ativista Virtual, os MAVs, que foi paga para se infiltrar em grupos WhatsApp e espalhar desinformação pró-Bolsonaro. Taíse de Almeida Feijótambém foi mencionada por ter sido paga para divulgar e disponibilizar as notícias falsas para os MAVs e bolsominions. Os insurgentes não mencionaram que o presidente ou sua equipe de campanha estavam diretamente envolvidos neste esquema, o que é difícil de acreditar – Taíse é atualmente assessora no gabinete do secretário-geral da Presidência com um salário mensal de R$ 11.081,98. Ouvido pelo UOL, o governo disse que a contratação de Taíse se deu por “critérios técnicos”.
O terceiro grupo é o que batizei como o da supremacia social. Seus membros não estão interessados nos atos políticos diários do governo. Em vez disso, se alinham e empoderam com o discurso de extrema direita promovido pelo presidente e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro. Eduardo promove sua retórica usando técnicas condizentes com a propaganda de extrema direita americana, como sua foto fashwave no perfil do Twitter. Os supremacistas sociais compartilham conteúdo pró-arma, racista, anti-LGBT, antissemita e anti-Nordeste.
Eles levam novos membros para outros canais de discussão, como Dogolachan e 55chan no 8chan, local frequentado pelos autores do massacre da escola de Suzano. Esses canais são conhecidos pela propagação do ódio, do preconceito e da extrema direita na internet brasileira. O outro canal é a página chamada “Homens Sanctos” no VK, o Facebook Russo. “Homens Sanctos” é um grupo similar aos incels (celibatários involuntários), no qual o conteúdo pedófilo, racista e antissemita é fortemente compartilhado e celebrado.
Os supremacistas sociais são o grupo mais perigoso e radical até o momento. Não só pela materialização dos seus ideais, como no ataque da escola em Suzano e aumento do sentimento anti-Nordeste no país, mas também por ditar como será o apoio a Eduardo Bolsonaro em uma eventual candidatura para a presidência ou algum cargo, como o de embaixador do Brasil nos EUA. Eduardo já se mostrou conectado e em diálogo com figuras da extrema direita no âmbito internacional, como o ministro do interior da Itália Matteo Salvini, primeiro ministro húngaro Viktor Orbán, e o estrategista político Steve Bannon.
Os membros desses grupos não são representativos dos apoiadores de Bolsonaro. Porém, se alinham ao ideário de extrema direita propagado pelo governo e mostram, na prática, como WhatsApp e Telegram criaram o ambiente propício para a radicalização, reunindo e amplificando o discurso extremista.
Ilustração: Rodrigo Bento/The Intercept Brasil
POR MAIS QUE, no momento atual, a amostra de pessoas radicalizadas em grupos de WhatsApp seja pequena, a possibilidade de que essa amostra cresça e se torne um problema ainda maior é grande. Principalmente porque uma das regras desses grupos é que atuais membros recrutem novos participantes. A própria arquitetura da rede possibilita a rápida viralização de conteúdos, e a criptografia ponto-a-ponto torna o trabalho de monitoramento e moderação pelas próprias plataformas mais difíceis – porém não impossíveis. Vários casos de linchamentos pelo mundo já foram associados por fake news disseminadas pelo WhatsApp. Na Argentina, um homem foi linchado e morto pois seu filho foi falsamente acusado de estupro; na Índia, as mentiras no WhatsApp levaram um povoado a queimar dois homens inocentes.
O problema da radicalização requer uma iniciativa multifacetada. Primeiro, é necessário a aplicação da lei pelas cortes responsáveis, já que em muitos países, como Alemanha, Portugal, Austrália, França e o próprio Brasil, discursos violentos e de ódio são criminalizados e deveriam ser punidos com penas severas. Por aqui, o racismo e homofobia são inafiançáveis e imprescritíveis, e podem ser punidos com um a cinco anos de prisão e, em alguns casos, com multa. Porém, a punição nem sempre é exemplar – o que precisa ser debatido.
A radicalização pode começar em uma idade precoce, e pais precisam prestar atenção no que seus filhos estão fazendo na internet e estar prontos para intervir. Os filhos podem se sentir motivados a buscar tais espaços de radicalização devido a forma como os pais trazem os assuntos políticos e sociais para dentro de casa. Por isso, é sempre necessário conversar com os filhos e engajá-los em discussões de assuntos que são complexos por natureza.
O Google, o Facebook e o Twitter vêm reprimindo os discursos violentos e de ódio com mais firmeza recentemente, mas o movimento é ainda muito lento. As empresas de tecnologia têm que continuar a retirar do ar esses espaços e figuras indutoras de radicalização. Facebook e Twitter já baniram de suas plataformas figuras conhecidas pelo discurso extremista e teorias de conspiração como Milo Yiannopoulos e Alex Jones, que ainda têm milhares de seguidores no Telegram.
Como WhatsApp e Telegram estão se tornando mais populares, a moderação e intervenção estão se tornando prioridades. Não é a solução perfeita, mas funciona. Como observei nesses grupos do WhatsApp, a radicalização acontece em alta velocidade, principalmente quando promovida pelo presidente, e o desmantelamento exige que esses diferentes atores atuem rapidamente e em conjunto.
“Por acaso, foi o Bolsonaro que tocou fogo na floresta?” Sim, veja o passo a passo
"Ao contrário das fake news que Bolsonaro e suas milícias digitais divulgaram durante a semana, não foram as ONGs internacionais, a imprensa mundial nem os comunistas da União Européia que tocaram fogo na floresta", escreve o jornalista Ricardo Kotscho. "Trata-se, como veremos abaixo, de uma política de governo"
Ao contrário das fake news que Bolsonaro e suas milícias digitais divulgaram durante a semana, não foram as ONGs internacionais, a imprensa mundial nem os comunistas da União Européia que tocaram fogo na floresta.
Trata-se, como veremos abaixo, de uma política de governo.
Bolsonaro já disse que “antes de construir um novo Brasil, precisamos destruir tudo isso que está aí”. Está apenas cumprindo a promessa.
Durante a campanha eleitoral e desde seu primeiro dia de governo, o ex-capitão declarou guerra à Amazônia e liberou os “agrotrogloditas”, na perfeita definição de Elio Gaspari, a mandar brasa.
Escreveu Gaspari em sua coluna da Folha deste domingo:
“Feito o estrago, a mesma turma recorre aos truques de sempre: criaram um gabinete de crise e querem chamar o Exército (já chamaram). Se medidas desse tipo funcionassem, o Brasil já teria resolvido boa parte de seus problemas e o Rio seria uma Estocolmo”.
“A resposta às queimadas é mais simples. Basta botar na cadeia meia dúzia de agrotrogloditas que se aproveitaram da mudança de governo para botar fogo na mata”.
Tinha acabado de ler a coluna, quando recebi mensagem de Priscilla Cruz, minha colega e coordenadora do movimento Todos Pela Educação, com um levantamento enviado pelo site Horta Urbana, mostrando o passo a passo do governo até transformar a Amazônia numa crise internacional.
Abaixo, os fatos do noticiário:
Vamos supor que:
Ele nunca tenha dito que causa ambiental é “coisa de vegano” e que atrasa o país;
Ele nunca tenha proposto extinguir o Ministério do Meio Ambiente;
Ele nunca tenha dito que o Ibama era indústria de multa;
Ele não tenha dito que estava ao lado dos ruralistas e contra o Ibama;
Que ele não tenha dito que não ia mais criar área protegida;
Ele não tenha dito que dá pra explorar minério em terra indígena;
Mesmo assim, como podemos apontar a culpa do governo?
O corte para o ministério do Meio Ambiente foi de 187 milhões de reais;
O corte relacionado ao Ibama foi de 89 milhões, quase metade do valor contingenciado;
Estamos perto de um incidente diplomático e econômico com a Alemanha e Noruega, que suspenderam o Fundo Amazônia, correspondente a um valor de 3,4 bilhões de reais. Esse fundo mantém, por exemplo, os helicópteros usados para fiscalização e combate a incêndios;
E tem mais…
O governo ignorou todos os alertas de incêndio enviados pelo INPE desde janeiro;
Desqualificou e negou dados científicos sobre o desmatamento;
Transferiu o serviço florestal brasileiro do MMA para o Ministério da Agricultura;
Anunciou um sistema que alerta antecipadamente os locais onde haverá fiscalização;
Cortou 50% do orçamento do Prevfogo;
Calma, que tem mais…
A tal “indústria da multa” do Ibama alegada por Bolsonaro, até 2018, conseguia contabilizar apenas 5% de multas quitadas;
Como se não bastasse, houve redução de 34% no número de autuações ambientais em 2019;
Pra piorar, o governo criou, em abril desse ano, o tal Núcleo de Conciliação, que tem o poder de anistiar multas ambientais;
Definitivamente, o governo sinaliza, grita e esperneia que o crime compensa.
Sim, o discurso anti-ambientalista estimula o crime.
Em 40 anos, desmatamos 17% da Amazônia. Se chegarmos a 20%, já era. Pois com este índice ela atinge o “ponto de não retorno”, não conseguindo se manter, não conseguindo captar CO2, formar os rios aéreos que promovem chuvas e estabelecer os serviços ecossistêmicos para reservas de água, produtos naturais, regulação do clima e até polinização de insumos agrícolas.
(via Horta Urbana)
***
O inacreditável ministro Ricardo Salles, defensor de mineradoras, um antiambientalista juramentado, continua firme no cargo de ministro do Meio Ambiente. .
Até o momento em que escrevo esta coluna, nenhum agrotroglodita foi para a cadeia.
Artigo de Esther Solano, na Carta Capital. O PT, em seus inícios, tinha uma grande capilaridade, através dos sindicatos, associações e movimentos populares, das pastorais.
Ela mora numa região periférica de São Paulo. Trabalha num salão de beleza nos Jardins. Tem 40 anos e é evangélica
Hoje eu quero falar de dona Maria. Dona Maria mora numa região periférica de São Paulo. Ela trabalha num salão de beleza nos Jardins. Dona Maria tem 40 anos. É evangélica, frequenta a Assembleia de Deus. Votou em Jair Bolsonaro, mas não é fascistoide, não é Kim Kataguiri, não é o “véio da Havan”, nem um dos monstros aborrecíveis que quebraram a placa de Marielle Franco no Rio de Janeiro. Converso por mais de duas horas com dona Maria. Ao longo de minha pesquisa, já conversei com muitas donas Marias que votaram em Bolsonaro. Com um fascista não há diálogo possível. Diálogo pressupõe o reconhecimento da humanidade alheia, da dignidade do interlocutor. Portanto, dialogar com aquele que me considera um inimigo, que deseja me exterminar, que goza com o ódio contra mim, é absolutamente impossível.
Neste estágio de ódio não se dialoga, combate-se. Dona Maria não votou, porém, por ódio. Com as donas Marias que votaram em Bolsonaro eu consigo conversar, sobretudo consigo escutar, e no ato da escuta aparecem muitas questões sobre as quais deveríamos pensar atentamente se quisermos sair, com dignidade, como campo progressista, do buraco no qual estamos enfiados.
Dona Maria votou em Lula nas suas duas candidaturas vitoriosas. Diz que foi um grande presidente, na verdade o melhor que o Brasil teve. Diz que sua vida era melhor na época dele e diz que sentia orgulho quando ele falava, mas… E aqui tudo degringola. Lula é um grande corrupto, ele sabia de todos os esquemas do PT, ele traiu o povo trabalhador e caiu na corrupção. Sempre digo que não é sobre o triplex do Guarujá, não é sobre o sitio de Atibaia, é o PowerPoint de Dallagnol o que ganhou a grande batalha simbólica destes últimos anos: Lula no centro da corrupção. Pergunto a dona Maria o que acha da corrupção dos outros partidos. Ela responde sem pensar duas vezes: “Todos são corruptos, mas o PT traiu o povo”.
Para dona Maria, portanto, talvez não seja sobre corrupção, e sim sobre traição. Além disso, Dilma Rousseff, que, segundo dona Maria, foi uma governante muito ruim, é a grande culpada pela crise econômica que vivemos hoje, portanto, em 2018 não dava mais para votar no PT, ou ao menos “não nesse PT que está aí”. “Já passou a hora deles.”
Bolsonaro parecia alguém diferente, honesto, não era como todos os políticos com os quais dona Maria estava acostumada, “parecia que com ele as coisas iam mudar”. “Esperança” é uma palavra que as donas Marias que entrevisto repetem com frequência. É uma palavra que me estarrece até as vísceras. Como chegamos a um momento histórico tão sinistro, no qual Bolsonaro significou esperança para dona Maria? Além disso, Bolsonaro era um homem de Deus, de fé, de valores cristãos.
O cotidiano de dona Maria circula em torno das redes de sociabilidade da Assembleia de Deus no bairro onde mora. São redes de confiança, de trabalho (o filho dela conseguiu uma indicação de emprego por um irmão da igreja), de cuidado (a filha deixa o neto numa creche informal que as irmãs da igreja organizam). Na vida de dona Maria, o Estado é nada, a “esquerda” é nada, a igreja é tudo, portanto, votar num homem de Deus fazia todo o sentido.
Mas dona Maria é firme, “não deveria ter votado nele”. Ela não acredita mais que Bolsonaro seja um homem de Deus, porque “diz barbaridades, parece um louco e não tem respeito por nada”. Além disso, ela está muito preocupada com a reforma da Previdência e agora mais preo-cupada ainda porque pensa que o dono do salão vai obrigá-la a trabalhar todos os domingos. “Eu não sabia que ele iria fazer isso, é contra o povo.” Se tivesse sabido, diz dona Maria, não teria votado nele. Ela me conta também que entre os irmãos e irmãs da igreja tem vários que estão arrependidos de terem votado em Bolsonaro, mas… E aqui de novo tudo degringola.
Pergunto a dona Maria se numa próxima eleição votaria no PT ou em outro partido que represente melhor os interesses do trabalhador. Ela insiste: “Não, no PT não dá mais”. Então, dona Maria, em quem a senhora pensa que poderia votar nas próximas eleições? “Ah, se o Luciano Huck for candidato, eu voto nele, tem cara de bom moço, sempre assisto ao programa dele. Parece que se preocupa com a gente e o melhor de tudo é que ele não é político. Votava nele, sim.”
Dona Maria falou, e bem alto, para quem quiser escutar.
Por David Nemer, Professor titular de Mídia na Universidade da Virginia
Nas semanas finais da eleição presidencial, no ano passado, um boato perverso sobre Fernando Haddad se espalhou pelas redes sociais. O ex-prefeito de São Paulo e último adversário do direitista autoritário Jair Bolsonaro defendia a pedofilia gay.
Era uma informação tão obviamente falsa, mas tão disseminada, que veículos de imprensa legítimos e até mesmo a campanha de Haddad foram obrigados a negá-la vigorosamente.
É de conhecimento geral que o Facebook ajudou a campanha de Donald Trump, nos Estados Unidos, servindo de multiplicador de boatos absurdos sobre a saúde de Hillary Clinton e supostas compras de urânio na Rússia. Mas, no Brasil, a quarta maior democracia do mundo, o culpado foi outro (apesar de a empresa ser a mesma): o WhatsApp.
Estima-se que 120 milhões de pessoas – mais de metade da população brasileira – usem o WhatsApp para quase tudo: conversas em grupo e compartilhamento de notícias locais, nacionais e até mesmo globais.
O WhatsApp permite que os usuários entrem para grupos enormes, às vezes com centenas de integrantes, o que lhe dá uma força especial no Brasil. Num país em que a mídia tradicional é altamente concentrada, o WhatsApp tornou-se uma ferramenta de organização e uma maneira simples de driblar as estruturas tradicionais do noticiário.
Agora, oito meses depois da posse do novo presidente, o WhatsApp ainda funciona como uma plataforma essencialmente invisível para a radicalização da direita brasileira, ao mesmo tempo em que a base de Bolsonaro se fragmenta em facções separadas e muitas vezes concorrentes. O Brasil sente os efeitos.
Como o WhatsApp ajudou Bolsonaro
Comecei a monitorar os grupos pró-Bolsonaro em março de 2018, no começo do período eleitoral. Descobri que as fake news se espalhavam da maneira típica, por meio de uma estrutura de grupos que lembra uma pirâmide, como detalhei num artigo para o The Guardian no ano passado.
Pequenos grupos de “influenciadores” estavam no topo do ecossistema pró-Bolsonaro. Eles eram os responsáveis por manipular notícias e criar mentiras que viralizassem.
Esses influenciadores então enviavam as informações falsas para grupos maiores, compostos pelos apoiadores mais ferrenhos do capitão reformado, que por sua vez repassavam para um exército de trolls. Unidos pelo apoio ao direitista, eles ajudavam a viralizar as fake news criadas pelos influenciadores.
A partir daí, as notícias falsas se disseminavam entre grupos ainda maiores de brasileiros comuns, que usavam o WhatsApp para driblar os veículos de imprensa tradicionais, recebendo notícias que reforçavam suas inclinações a votar em Bolsonaro. As discussões eram essencialmente câmaras de eco da causa direitista.
A importância do WhatsApp na campanha de Bolsonaro virou notícia internacional depois da eleição. Ficou claro que o serviço de mensagens era mais uma força disruptiva num mundo em que Facebook, YouTube, Twitter e Gab funcionam como incubadores de teorias da conspiração e desinformação – forças por trás da ascensão da extrema direita ao redor do mundo.
Depois da vitória de Bolsonaro, entretanto, diminuiu a atenção sobre o WhatsApp, e muita gente saiu dos grupos de que participava durante a eleição. O objetivo principal tinha sido cumprido; Bolsonaro era presidente.
Aqueles que permaneceram o fizeram pela mesma razão que os levou a entrar nos grupos: manter-se informado sobre o governo Bolsonaro, já que eles não confiam mais na mídia tradicional. Para essas pessoas, o WhatsApp é a fonte primordial de informações.
Oito meses depois da posse do novo presidente, o WhatsApp ainda funciona como uma plataforma essencialmente invisível para a radicalização da direita brasileira.
A união em torno de Bolsonaro durante a campanha, entretanto, desapareceu. Muitos dos grupos discordam das decisões do presidente e seu governo. As tentativas de Bolsonaro de apaziguar certas facções da coalizão composta por militares, pelos chamados “antiglobalistas”, conservadores sociais e pelas elites econômicas, além do seu governo desastrado e sem foco, resultaram numa guerra intestina. Ninguém se entende sobre as expectativas – e decepções – em relação ao presidente.
Os quatro grupos que eu monitorava originalmente se dividiram em coalizões frouxas, agora divididas em dez grupos. Cada um deles continua levando adiante sua missão de radicalização, basicamente longe do radar de reguladores, políticos, mídia e do próprio WhatsApp, que limitou o acesso ao conteúdo disseminado dentro dos grupos.
Hoje podemos identificar três grandes coalizões.
Duas delas apoiam Bolsonaro. Uma faz propaganda do governo e grita “fake news” para convencer os brasileiros de que o que está acontecendo no País na verdade não está acontecendo.A outra amplifica as ideias socialmente conservadoras e de intolerância do presidente.
Integrantes da terceira coalizão são uma espécie de insurgência – um grupo de brasileiros que acham que Bolsonaro é um traidor da causa. Hoje, eles são seus opositores mais ferozes e radicais.
Os propagandistas
A coalizão propagandista é semelhante aos grupos de WhatsApp formados durante a campanha. Seus integrantes são uma mescla de influenciadores, apoiadores ferrenhos e brasileiros comuns que levaram Bolsonaro ao Planalto.
Esses grupos de apoiadores ficaram ainda mais extremos. Antes havia certa tolerância para o debate. Agora, qualquer oposição – até mesmo meros questionamentos – ao presidente é sufocada. Mas, em vez de produzir, compartilhar e consumir fake news contra os adversários eleitorais, como no ano passado, a desinformação agora se concentra em propaganda governamental. O objetivo é tirar a legitimidade dos meios tradicionais, que vêm noticiando os problemas do governo.
Esses grupos se mobilizaram contra os jornalistas e veículos de imprensa que noticiam a destruição da floresta. Eles reagiram até mesmo contra autoridades do governo Bolsonaro – como Ricardo Galvão, ex-chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, demitido em agosto, depois de o presidente discordar abertamente da afirmação de que o desmatamento da Amazônia estava aumentando.
Uma mensagem de zap, por exemplo, tenta desacreditar o jornalista André Trigueiro, da Globo News. “André Trigueiro diz que Bolsonaro vai matar a Amazônia... Não podemos esperar nada diferente de quem trabalha para a Globo Lixo! Imprensa comunista!”
Outra mensagem em grupo diz: “Ricardo Galvão mentiu sobre dados de desmatamento, outra fake news! Temos de nos unir em nome do País!”
Essas são mensagens típicas, e elas se espalham rapidamente por outros fóruns, como o Facebook e o Twitter, onde os propagandistas podem alvejar diretamente jornalistas e outros usuários com clamores de “fake news” e pedidos de provas sobre a veracidade das reportagens.
Os supremacistas sociais
A segunda coalizão – os supremacistas sociais – está primordialmente focada em se alinhar às visões conservadoras do presidente e de seu filho Eduardo e opiniões extremistas. Os membros desses grupos não estão interessados no dia a dia da política ou do governo. Enquanto Bolsonaro se empenhar na defesa de uma agenda socialmente conservadora, eles manterão seu apoio.
Essa segunda coalizão compartilha conteúdos pró-armas, racistas, anti-LGBTQ, antissemita e antinordestinos. Propaganda nazista, conteúdos pedófilos e símbolos do movimento nacionalista branco dos Estados Unidos, incluindo Pepe the Frog, são disseminados na forma de memes e vídeos. Fotos de políticos de esquerda são manipuladas para que eles pareçam comunistas ou anticristãos.
Mas os supremacistas sociais não estão isolados. Novos integrantes muitas vezes são conduzidos a outros canais de discussão mais radicais, incluindo Dogolachan e 55Chan. Outros fóruns guardam semelhança com o movimento americano dos incels, os celibatários involuntários. Conteúdos pedófilos, racistas e antissemitas são muito compartilhados e celebrados por lá.
O Brasil já sofre com o crescimento desses grupos: em março, dois rapazes ativos em fóruns extremistas abriram fogo contra os alunos de uma escola de Suzano, deixando 10 mortos e 17 feridos. Depois da tragédia, esses grupos responderam da mesma maneira que os conservadores e o lobby das armas dos Estados Unidos quando ocorrem tiroteios em escolas americanas.
Os insurgentes
Também há uma proliferação de grupos radicais do WhatsApp formados pelos desiludidos com Bolsonaro. Eles criticam o presidente não porque ficaram menos radicais, mas sim porque acham que o presidente não está sendo radical o bastante.
Esses grupos têm um sentimento nacionalista forte. Seus membros acham que Bolsonaro traiu o País, principalmente porque o ministro da Economia sugeriu vender a Petrobras para investidores internacionais. Eles também afirmam que o presidente não cumpriu as promessas de “limpar” o governo do corrupto establishment político. E, apesar de Bolsonaro ter indicado mais generais para o primeiro escalão do que qualquer outro governo desde a redemocratização, esses radicais afirmam que o ministério inteiro deveria estar nas mãos das Forças Armadas.
Para esses extremistas, a única salvação para o Brasil é uma insurgência armada para limpar completamente o Legislativo e o Judiciário.
Esses insurgentes, quase todos membros de grupos pró-Bolsonaro antes da eleição, expuseram de maneira irônica algumas das prática sujas da campanha. Muitos deles afirmaram ter recebido dinheiro – até R$ 1.000 por semana – para disseminar conteúdos pró-Bolsonaro.
Eles afirmam que grupos influentes de empresários teriam financiado essas atividades e sugerem que milícias virtuais – conhecidas como o Movimento dos Ativistas Virtuais – receberam remuneração para se infiltrar em grupos de WhatsApp com o objetivo de espalhar fake news.
Eles não implicaram diretamente a equipe da campanha de Bolsonaro, mas afirmam que pelo menos uma pessoa que tem cargo oficial em Brasília recebeu dinheiro em troca de semear desinformação.
E esses grupos também se fazem ouvir fora do WhatsApp. Eles estão por trás dos protestos que pedem que o presidente feche o Congresso e o Judiciário. São os mesmos que querem a volta da ditadura militar – uma indicação do nível de radicalismo do discurso num país em que o presidente há muito tempo celebra o regime autoritário que governou o Brasil por mais de duas décadas.
E agora?
Somente uma parcela ínfima dos brasileiros integra esses grupos, e ela não é representativa dos eleitores de Bolsonaro. Mas essas organização revelam a maneira como se dá a radicalização por meio de apps de mensagens como o WhatsApp.
Enquanto Google, Facebook e Twitter tentam conter discursos violentos e potencialmente perigosos, os consumidores desses conteúdos estão migrando para apps como WhatsApp e Telegram (outro serviço de mensagens popular no Brasil) em busca de radicalização e de lugares seguros para encontrar “inspiração”.
Isso significa um retrocesso para muitos dos traços e qualidades pelos quais o País é conhecido mundialmente, incluindo a celebração da diversidade étnica, altos índices de tolerância em relação à comunidade LGBTQ em comparação com outros países da América Latina, a prática de religiões de matriz africana e políticas antiarmas. Apesar de Bolsonaro representar ameaça ao meio ambiente, às comunidades marginalizadas e até mesmo à democracia, esses grupos não só o alimentam – eles agem de maneira perigosa e antidemocrática.
A solução exige uma resposta multifacetada. A polícia e o Judiciário têm de impor a lei – em vários países, incluindo no Brasil, o discurso violento de ódio é crime. A radicalização também começa cedo; os pais têm de prestar atenção ao que seus filhos fazem na internet.
As empresas de tecnologia também têm de tirar o acesso a plataforma de pessoas radicais. Essa medida às vezes funciona: o Facebook e o Twitter baniram os direitistas Milo Yiannopoulos e Alex Jones, limitando a influência de ambos. Mas eles ainda têm milhares de seguidores no Telegram.
Em comunicado ao HuffPost, um porta-voz do WhatsApp disse:
“Nas eleições do ano passado no Brasil, indicamos as mensagens que eram encaminhadas e fizemos um teste para limitar seu envio. Também bloqueamos centenas de milhares de contas por causa de spam e estamos melhorando nossas capacidades para detectar e bloquear contas automatizadas. Além disso, o WhatsApp trabalhou para gerar conscientização a respeito de desinformação, por meio de uma ampla campanha no rádio, na mídia imprensa e online. Ajudamos a trazer o Projeto Comprova ao WhatsApp, uma de várias organizações que realizam checagem. Vamos continuar expandindo esses esforços e trabalhando com outros membros da sociedade para lidar com os desafios da desinformação.”
Apesar de o WhatsApp ter feito mudanças por causa da eleição, o app ainda é uma plataforma única para a disseminação de mentiras perigosas – no Brasil e no resto do mundo. A radicalização acontece em alta velocidade – e o combate a ela exige uma resposta ainda mais rápida.
*Este texto foi originalmente publicado no HuffPost US e traduzido do inglês.
Este artigo é de autoria de articulista do HuffPost US e não representa ideias ou opiniões do veículo. Assine nossa newsletter e acompanhe por e-mail os melhores conteúdos de nosso site.