Desprezado pelo governo golpista de Temer e do PMDB, PSDB, DEM e PP, o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul vem sofrendo consequências de evoluções geopolíticas recentes.
Das maiores economias, Índia e Brasil estão um tanto afastados, enquanto Rússia e China têm estreitado relações políticas e econômicas, dentro de uma parceria estratégica já bastante explícita. A Índia tem problemas antigos com a China, e tem se aproximado dos EU, dentro da política nacionalista-hinduísta de seu atual líder, Narendra Modi. Além disso, tem se curvado a pressões do império, como pode ser visto neste trecho de notícia do Russia Today:
“(India) has asked refiners to be prepared for any eventuality, since the situation is still evolving. There could be drastic reduction or there could be no imports at all,” Reuters wrote quoting its sources.
While India doesn’t recognize unilateral US sanctions against Iran, the country is exposed to the US financial system and could get caught in the crossfire. Washington could target Indian companies and banks that do business with Iran.
O Brasil no momento vive um hiato de total submissão aos mesmos EU. Esperamos que esse hiato seja breve. No entanto, o relativo declínio da hegemonia estadunidense não deixa de se manifestar, aqui.
O avanço do capitalismo chinês entre nós tem se revestido de aspectos novos, bastante interessantes.A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil. Segundo o site OEC, ligado ao MIT, em 2016:
Os principais destinos de exportação do Brasil são a China ($36,6 Bilhões), os Estados Unidos ($23,4 Bilhões), a Argentina ($13,6 Bilhões), a Holanda ($8,29 Bilhões) e a Alemanha ($6,04 Bilhões). As origens de importação de topo (sic) são o Estados Unidos ($24,3 Bilhões), a China ($23,3 Bilhões), a Alemanha ($9,1 Bilhões), a Argentina ($9,1 Bilhões) e a Coreia do Sul ($5,41 Bilhões).
Agora vem um testemunho de um antigo colega da CESP, Jorge Oura, sobre a CTG - China Three Gorges do Brasil, que comprou as usinas hidrelétricas do Paraná:
Tive contato recente com o pessoal de engenharia da CTG e fiquei embasbacado! Os chineses estão investindo alto nas usinas que adquiriram. Só para ter uma ideia eles estão substituindo os 20 transformadores de 170 MVA por novos e não são chineses. São da WEG, indústria multinacional brasileira. Vão reformar todos os geradores e vão automatizar toda a usina. O que não foi feito pela CESP em 30 anos, eles estão fazendo usando mão de obra brasileira e produtos brasileiros. Desde que o governo do Estado de São Paulo decidiu que privatizar a CESP, ela vinha sendo sucateada e todo o serviço de engenharia de manutenção entrou numa letargia. A CESP estava moribundo, agonizando, esperando a extrema unção. A melhor coisa que pode ocorrer é privatizar logo de uma vez e voltar a investir na manutenção e dar um futuro para todos os empregados remanescentes.
Não concordo com a tese geral desse antigo colega. Não deveríamos estar vendendo o controle de usinas hidrelétricas brasileiras, e sim exportando engenharia e investindo aqui com recursos próprios. Mas os chineses parecem bem menos predadores que o pessoal do império. Claramente, estão mostrando certo respeito pelos interesses brasileiros, coisa que os outros absolutamente não têm, acostumados a nos tratar como seu quintal.
A conferir o que vem, enquanto não retomamos para os brasileiros o grau mínimo de controle democrático sobre nossa vida econômica que necessitamos. Para isso é necessário combater os lacaios, conscientes ou não, do império. Em todas as instâncias a que conseguirmos ter acesso. E ter um respeito aos interesses brasileiros pelo menos não inferior ao que aparentemente os chineses da CTG vem mostrando.
Vida de gado, povo marcado, povo feliz
O petróleo do pré-sal, a maior riqueza natural do nosso país, está sendo roubado pelo capital transnacional. Na calada da noite, os traidores da pátria estão entregando esse tesouro de trilhões de dólares, bloco após bloco, a preço vil. A pilhagem mais escandalosa em toda nossa história está acontecendo justamente por estes dias, embalada pela trilha sonora das buzinas, das vuvuzelas, dos gritos eufóricos da multidão hipnotizada pela Copa.Meus amigos e amigas torcedor@sverde-amarel@s, não me levem a mal, mas para mim é impossível torcer pela Seleção Brasileira. Estou sofrendo demais com a realidade do mundo verdadeiro.
O sonho dos governos de Lula e Dilma, de usar o pré-sal para impulsionar o nosso desenvolvimento econômico e social, está sendo sepultado sob as águas do Atlântico. De leilão em leilão, de decreto em decreto, estamos sendo condenados ao eterno atraso, sem refinarias, sem estaleiros, sem indústria nacional, sem tecnologia, sem Petrobrás, importadores de gasolina e diesel. E ninguém parece estar tomando conhecimento disso.
As nossas universidades públicas, orgulho dos governos progressistas, estão em acelerado processo de desmonte, com cortes sistemáticos de recursos. O plano dos golpistas, claramente, é asfixiar o ensino superior público, sucatear as universidades gratuitas, inviabilizar o seu funcionamento, para que elas encolham e agonizem, para que as mais frágeis delas fechem as portas e o que o restante, o que sobrar, se ajoelhe perante os bancos privados, verdadeiros donos do Brasil, em busca de umas migalhas de financiamento em troca do ensino pago.
O diploma universitário voltará a ser um privilégio dos mais ricos. Aliás, já está voltando: é o que estamos assistindo, de braços cruzados, enquanto centenas de milhares de jovens deixam o ensino superior por falta de meios de subsistência, com o corte das bolsas de estudo que garantiam sua condição de estudantes.
Os direitos dos trabalhadores, a maioria deles conquistas que remontam às lutas da primeira metade do século 20, estão sendo destruídos, sem choro nem vela, por uma burguesia voraz, predadora, perversa, que prefere o fascismo a admitir um mínimo de benefícios sociais para a massa de despossuídos. Os sindicatos, principal instrumento de defesa da classe trabalhadora, marcham silenciosamente para a extinção, exaustos, falidos, sem ânimo para a resistência, hoje mais necessária do que nunca. E a multidão indiferente, bestificada, vibrando na cadência da narrativa ufanista dos galvões buenos.
Desemprego em massa, milhões de novos desesperados no olho da rua todos os meses, em meio à maior epidemia de falências de empresas em toda a nossa história -- e ninguém diz nada.
Lula, o maior líder popular brasileiros em todos os tempos, o melhor de todos os nossos presidentes, vai completar três meses na cadeia, condenado injustamente por um bando de canalhas, e ninguém, salvo um punhado de bravos, faz qualquer coisa em sua defesa...
Mas nada disso importa diante da grande pergunta, se Neymar será capaz de recuperar o seu talento, erguer-se finalmente em campo e levar a nossa pátria idolatrada ao retumbante triunfo. Esse é o foco de todas as atenções nestes dias de tragédia e de infâmia.
Até mesmo meus companheiros mais conscientes, mais combativos, alguns dos que eu mais admiro, se deixaram seduzir pelo grande circo do futebol.
Não se fala de outra coisa, não se pensa em mais nada, o país inteiro transformado num imenso rebanho marchando passivo para o matadouro. "Vida de gado, povo marcado, povo feliz"...
Uma vitória da seleção brasileira na final da Copa do Mundo será a apoteose da insensatez.
Tô fora dessa.
Do Gato, ou Carlos Eduardo Pestana Magalhães (de e-mail)
O MÉXICO GANHOU DO BRAZIL...
Pros que ainda torcem pra seleção mercenária brazileira e que gostaram da vitória sobre o México, nos gramados da Rússia, um recado. O México deu de goleada no Brazil fascista na eleição de domingo, mostrando a força da sua democracia, especialmente tendo os EUA tão próximos, os mesmos gringos que rotineiramente, ao longo da história, invadiram e roubaram partes do seu território.
É um país onde sua população sempre lutou, guerreou contra si mesma várias vezes, além de lutar bravamente contra os invasores americanos, conquistando avanços sociais ainda inimagináveis ao Brazil. Lázaros Cárdenas del Río, que governou entre os anos 1934 e 1940, foi o primeiro presidente mexicano eleito da esquerda que possibilitou avanços na história do país. Sem falar de Benito Juares, Pancho Villa e Zapata, heróis da revolução de 1910.
Não existe comparação entre a história de lutas da população mexicana e da brazileira, infelizmente. Lá se lutou muito e ainda se luta. A direita mexicana, aliada histórica inconteste dos EUA, e hoje atuando junto aos grupos narcotraficantes do país é extremamente violenta e cruel, matando impunemente todo e qualquer opositor aos governos fascistas. Mesmo assim, a população mexicana deu o troco na eleição de domingo.
Por aqui, os coxinhas paulistas, curitibanos e gaúchos, vestidos de verde-amarelo, torcem pra uma seleção mercenária que não representam o país, pouco se lixando com o que a direita fascista brazileira faz com o país.
O México, gostem ou não, é vitorioso. O Brazil, mesmo ganhando esta partida de futebol ou a copa, continua sendo o grande perdedor, um vira lata derrotado e escorraçado, como sempre comendo os restos dos outros...